CAMILA SANTIAGO RUTHERFORD
Desisto de tentar cochilar e acordo às cinco e meia. Não por livre e espontânea vontade, mas porque minha cabeça decidiu que é a hora de sofrer um pouco mais por fazer Levi perder tempo em algo que nunca daria certo. Sou a idiota do ano pela segunda vez no mesmo ano!
Sinto a humilhação do dia que encontrei Frederic com outra mulher em nossa cama e como ainda dói. Dói, dói muito. Mas lembrar de Levi debochando de si mesmo por apenas pensar que poderíamos... Ah, eu sou um monstro.
Ainda estou com a mesma roupa da noite anterior e não me preocupei em terminar de ajeitar os papéis. Não que eu devesse me incomodar em recolher alguma coisa, nem Beatrice que chegou ao quarto depois da meia-noite pareceu ligar para isso.
"Que desperdício de papel! Talvez eu possa reciclar depois."
Foi tudo que consegui ouvir antes do barulho da porta abafar o resto de suas ideias. Mesmo sem estar de fato dormindo, Beatrice percebeu minha porta fechada e resolveu não me incomodar. Pela primeira vez na vida, desejei que ela viesse e senta-se no pé da minha cama para conversarmos um pouco. Nem se fosse para um abraço com o mínimo de simpatia e depois fosse se deitar.
Agora, ela está de fato dormindo. Conhecendo seus horários como conheço, sei que ela tem aula de edição mais tarde e talvez só acorde para tomar um café da manhã. Bom, pelo menos uma de nós terá descansado.
Contra meu último pingo de bom senso, dou uma olhada no telefone. Há três mensagens na tela, o que eleva o total de dez se contabilizar as sete mensagens da minha mãe na noite de ontem. Nenhuma é de Levi e isso deixa claro que ele não quer mesmo falar comigo.
Não que eu esperasse outra mensagem de bom dia ou mais alguma das suas piadas travessas, mas ele poderia ter ao menos respondido as que eu mandei. Acho que a dor transforma alguns homens em seres reclusos e cinzentos. Quando conheci Levi, ele estava tão terrível que pensar nele dessa forma outra vez faz meu peito encolher.
Uma pessoa sensata apagaria as mensagens. É madrugada mesmo, ele pode nunca lê-las se eu desaparecer com todas elas agora... Mas não tenho um pingo de sensatez. Abro as outras três mensagens, que pertencem a um número desconhecido, e tento não parecer tão decepcionada quando não vejo nada mais que cupons para lanchonetes locais.
Se eu achava que Levi era cinza e emburrado quando nos vimos pela primeira vez, é porque realmente não fazia ideia do quão rara era uma expressão dessas em seu rosto. Levi é espirituoso, sorridente e quase sempre está de bom-humor. Chega a ser irritante o jeito brincalhão e despreocupado que faz qualquer mulher -independente da idade -ficar hipnotizada, mas é impossível ser desagradável com o sujeito.
Deveria ser algo fácil, já que ele parece ter saído da própria coleção de bonecos bronzeados de sol da Barbie Malibu. Mas de alguma forma, a simpatia nata é quase um conjunto da aparência perfeita. Levi sempre consegue ser o mais simpático e nunca deixa alguém desconfortável, mesmo que no ambiente mais incômodo possível.
Eu o invejo. Muito.
Adoraria ser leve como Levi. Não pensar tanto nas coisas ou nas mil possibilidades e uma possibilidades que elas podem trazer. Queria apenas viver pensando nas experiências, como Levi normalmente faz. Mas não sou assim. Não sou um espirito livre que tira senhorinhas para dançar e volta com coragem o bastante para dar uns amassos no banheiro. Ele fala e de fato escuta as pessoas, sempre com algo agradável na ponta da língua para fazer a conversa fluir... E eu sou a garota que faz um plano para superar um chifre.
Um peso morto, como mi madre costuma dizer.
Mas meu peito dói ao lembrar de todo deboche de Levi, sorrindo com arrependimento e cuspindo sarcasmo para não parecer tão zangado. Simplesmente não parecia zangado, não, mas decepcionado... Ah, Dios mio.
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Objetivo Mútuo
Romance#4 PRINCE SERIES Carismático, romântico e californiano, Levi Standers sempre foi alvo de muito suspiros. É sem dúvida a estima de muitas garotas, e ainda assim, ele não consegue superar o relacionamento fadado ao fracasso que lidou nos últimos anos...