Capítulo Dezessete

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CAMILA SANTIAGO RUTHERFORD

Tudo bem, eu preciso admitir. Quando conheci Levi Standers, não imaginei que ele era um cara de pensamentos profundos. Na verdade, poucas vezes desde que o conheci imaginei que ele pudesse pensar qualquer coisa antes de agir. Levi sempre se disse hedonista. Uma pessoa que aprecia sentir prazer e se sentir bem com suas decisões, sem seguir muitos critérios.

Mas agora, eu posso até ouvir sua cabeça funcionando. Levi definitivamente está pensando muito e parece atordoado, enquanto espera que eu seja a voz da razão. Para ser sincera, estou sem argumentos já faz algum tempo. Não faço ideia do porquê negar, reprimir ou se quer evitar. Apenas sei que quero e sei o que quero. Então, apenas deixei ele resmungar por tempo suficiente para tirar a roupa e agir.

Eu estou agindo.

E é isso que parecia atormentar Levi.

"Mila", pede. Sim, pede "Camila" muda o tom com uma tosse e ajeita os ombros de um jeito terrível e nada natural. As mãos já estavam bagunçando o cabelo ensopado, mas poderia apostar que o vi suar "Quero que saiba que não vim com... Com essas intenções."

Sem opções, encarei-o.

Dios mio, Levi é tão diferente. Enquanto Frederic me atraia por ser um moreno, alto e forte como um mamute, Levi parece me atrair por tudo aquilo que é o extremo oposto. Não que ele esteja baixo ou fora de forma, mas é diferente. Levi tem o cabelo loiro escuro e sua pele é quase rosada. É alto, mas não um ser humano gigante e assustador. E sua forma física é bem firme, com braços longos, pernas tonificadas e um quadril invejável. Por mais que o abdômen seja quase liso, suas costas são musculosas e o sorriso chama toda atenção para seu rosto.

Uma peça de porcelana que eu adoraria ter em tamanho real, miniatura ou até uma versão de bolso! Mas, mesmo diante de tudo isso, sei que é diferente por minha causa. Não é apenas pela aparência dos dois, ou até pelo simples fato de serem pessoas diferentes. O que torna tudo tão assustador quando estou com Levi é o fato de tudo parecer inevitável. Algo sobre como ele está sempre disposto, o modo como sorri ou até mesmo seu tom de voz preocupado. As gírias estúpidas, os debates sobre Nicolas Cage e seu amor incontestável pelos anos 80. Parece impossível não criar um vínculo.

Mesmo que eu consiga negar qualquer sentimento em nome de todo o sexo que existe no mundo, eu jamais conseguiria esconder a linguagem corporal. Minhas bochechas torram apenas pela atenção exclusiva de seus olhos e Dios mio, os olhos...

Levi umedece os lábios e sorri com a língua ainda no canto da boca. "No que estava pensando, gata?"

"Muitas coisas", minhas palavras parecem ecoar pelo ginásio vazio e é tudo que preciso para começar a andar "E eu não costumo abrir mão delas."

Meus passos são lentos o bastante para que Levi não recue no primeiro instante, mas assim que chego ao seu lado no banco cheio de lanternas e toalhas, percebo que ele não parece tramar um plano de fuga. Na verdade, nem parece considerar a ideia.

Suas mãos circundam meus pulsos e param meus dedos na barra de sua cueca ensopada. A água está gelada e seu corpo, fresco, cheira à piscina. Reprimo um gemido que parece despertar todo meu corpo apenas pela imaginação fértil demais. Mas ainda sim, Levi percebe.

"E no que está pensando agora?", pergunta com um tom de vitória.

O rosto é perfeito. Dios mio, como é perfeito! O cabelo cai em mechas grossas e não esconde os brilhantes olhos azuis, separados por um nariz pontudo e seguidos de um sorriso sedutor. Há uma pequena cicatriz entre a sobrancelha e o olho direito, que me instiga a conhecê-lo, tocá-lo e querer mais do que posso ter. Bem mais.

Objetivo MútuoOnde histórias criam vida. Descubra agora