Objetivo Mútuo

Capítulo Vinte e Dois

LEVI THEODORE STANDERS

Para ser honesto, estou cada vez mais surpreso com a facilidade que as coisas correm quando você não está cheio de expectativa. Sempre me considerei um cara romântico, cheio de ideias e imune ao estereótipo do atleta cento e dez por cento macho alfa. E ainda sim, acabei com a garota mais anti-romance do planeta.

Não que Mila não goste de ser paparicada, na verdade, ela gosta mais do que poderia admitir se alguém a perguntasse. Mas ela detestaria um flashmob em homenagem ao seu aniversário e um anel no dedo faria seu rosto torcer em uma careta assustadora. Todo o lance com o Julliard a fez criar uma aversão a tudo isso, eu acho.

Respeitar esse lado e as tendências controladoras de Mila me fez relaxar quanto ao meu instinto musical-clichê-dos-anos-80. Diminuir o ritmo e realmente deixar o fluxo levar aonde deve. Não é como se eu pensasse em termina amanhã , beleza?

Se eu tivesse que passar a vida toda ao lado dela, e claro, se ela quisesse, não haveria problema algum, sacou? Minha vida não depende de uma presença especifica, mas se Mila Santiago topasse, não teria problema algum.

Na verdade, não consigo pensar em nenhum problema agora!

"Sorrindo como um pentelho", Nona cantarola atravessando a sala de estar, balançando o cabelo colorido para os dois lados como uma menina de sete anos faria.

"Que pentelhos peculiares você presenciou na vida, Frannie", respondo amigavelmente e conto mentalmente os tons no seu cabelo. Sete. Uau, é realmente o arco-íris? "seu neto sabe sobre essa peculiaridade?"

"Não seja, bobo" ela dá uma piscadela "sabe que Owen é careta."

"Ah, sei bem." coloco a mochila nas costas e recolho as luvas que Mila deixou sobre a poltrona "Pode avisar a Sra.Mackittrick que estou vazando? Vou levar minha gata para almoçar em algum dos cafés esquisitos dessa cidade."

Nona sorri. "O Istaca's é sempre uma boa opção."

"Tem razão", concordo ao lembrar das poltronas confortáveis que enchem o café e te obrigam a sentar no colo de alguém sempre. Bom... Nada mal, não é? "o muffin de banana com mirtilos é quase tão bom quanto os de Los Angeles."

"É divino, mas não são todos que apreciam." lamenta e coloca uma das mechas azuis-turquesa atrás da orelha "Acha que ela vai gostar?"

"Dos de Los Angeles? Não tenho dúvida."

Embora eu não tenha prestado muita atenção, Francine continua: "É uma boa menina, verdade. Ela fica te olhando com aquele olhar sonhador, apaixonado... Dá para perceber que a garota comeria até terra se você dissesse que ela deveria provar."

Pisco duas vezes. "O que disse?"

"Sua gata." Nona imita meu sotaque e volta a rir "Ela comeria terra, se..."

"Não isso", a interrompo e me aproximo, como se as senhoras no outro canto da sala pudessem ouvir e entrar na conversa com suas línguas afiadas "a outra parte, Frannie. Acha mesmo que Mila está apaixonada? Por mim?"

Respiro fundo e solto um ar pesado que se acumulou no meu peito.

Não estou tentando segurar um sorriso, mas me limito a acreditar que tenho a decência de parecer menos esperançoso que um idiota que jogou na loteria e acabou de perceber que acertou os dois primeiros números.

Não é que eu não tenha pensado na possibilidade de Mila Santiago me amar, porque pensei. Na minha cabeça, ela iria perceber que me ama quando a levasse para casa dos meus pais no verão. Eu a mostraria como o mar de noite pode ser interessante e faz a lua parecer maior, mais brilhante e até viva. Ela iria sorrir, os olhos iriam brilhar e ela arrumaria meu cabelo como sempre faz antes de me beijar. Diria que me ama e eu finalmente poderia pedir para ela repetir, e repetir... e repetir.