Eternamente Sua

Capítulo Seis

                                       FRANKLIN

Tudo que fiz e continuei a fazer foi para proteger o meu primogênito, desde que sua mãe nos abandonou por outro homem, me dediquei apenas a ele.

Sei que por ser um jovem e sem experiência nas coisas da vida, Erick acha que tudo deve ser feito a sua maneira, mas eu não quero deixar meu único filho cometer os mesmos erros que cometi em minha juventude.

Uma vez apaixonados, não somos capazes de raciocinar direito, eu acreditava que uma parceira da minha escolha, faria com que meu filho criasse um pouco de juízo e assim evitasse cometer burrices.

A um ano atrás deixei Erick livre de responsabilidades para que pudesse aproveitar sua juventude, entretanto me arrependi amargamente dessa decisão após ver as fotos tiradas por meu detetive.

Erick havia conhecido uma moça qualquer e logo em seguida terminou o relacionamento que ia tão bem com Rebeca, filha de um dos meus sócios.

Além das fotos, meu detetive descobriu onde a moça morava, Carlos a viu saindo de um apartamento em São Sebastião, próximo à praia Cambury. Esta região continha hotéis da minha rede hoteleira.  

Carlos era muito bom em descobrir os mais íntimos segredos das pessoas, uma das coisas que descobriu sobre a moça foi o fato dela ser filha de um ex funcionário meu.

Funcionário este, que eu atropelei acidentalmente o deixando paraplégico. Embora a culpa do acidente fosse inteiramente de Camille Sacollim, minha esposa e mãe de Erick, eu carregava minha parcela de culpa.

No dia em questão, descobri que os dois estavam tendo um caso, nervoso com a situação bebi e logo em seguida fui atrás do traidor e o atropelei causando o grave acidente que mudaria por completo sua vida.

Esse é um dos segredos que  Erick jamais deveria descobrir, além do mais, ele não poderia ficar com a filha do George.

Jamais aceitaria que ele trocasse o relacionamento com Rebeca por uma garota suburbana. Certamente essa menina estava interessada em nosso dinheiro ou pior, em busca de vingança pelo acidente do pai.

Eu estava tranquilo pois a um ano Erick não encontrava a tal garota, assumiu as responsabilidades de sua empresa e não era mais apenas um garoto que farreava com os amigos. Ele estava seguindo meus passos e dando continuidade ao patrimônio da família.

Depois de toda essa  mudança, eu deixei de me preocupar com a filha de George, mas meu sossego durou pouco, Carlos viu Alana saindo do prédio da empresa e me avisou imediatamente, logo providenciei um jantar para anunciar o noivado de Erick com Rebeca.

Eu faria de tudo para acabar com esse romancezinho dos dois, meu filho não cairia nas armadilhas dessa garota, tampouco de George, o plano de vingança deles não iria funcionar comigo.

Tamanha foi a minha surpresa quando Erick chegou com a garota em minha casa. Até então, eu não havia reparado o quão bonita ela era, cabelos longos, pele bronzeada.

Ao olhar para seu corpo consegui entender como meu filho ficou tão obcecado pela moça, ela era realmente de tirar o fôlego, mas o garoto não enxergava que ela estava apenas o usando.

Combinei com Rebeca de anunciar o noivado dos dois na hora do jantar, quando me levantei e pronunciei minhas palavras, Erick esbanjou ofensas camufladas e apresentou Alana como sua noiva.

O garoto estava enfeitiçado pela moça. Porém eu não desistiria tão fácil de acabar com essa farsa, esse casamento jamais aconteceria.

Meus planos de destruir a família de George estavam bem além de atropelá-lo, ele pagaria muito caro por se envolver com minha falecida esposa, não iria ficar tranquilo até que destruísse quem George mais amava, sua filha.

Acabando com ela eu atingiria toda a família de uma vez por todas. Esse pequeno transtorno que Erick me fez passar não seria páreo para eu executar meus planos.

Tentei descobrir se Alana realmente gostava do meu filho, me aproximei deles e os desafiei a beijarem-se em público. Queria saber como os dois agiriam diante dessa proposta.

Para minha surpresa, eles se saíram muito bem no teste, se beijaram apaixonadamente e todos na festa ficaram boquiabertos com a sintonia do casal.

Os olhares trocados por eles eram olhares apaixonados e eu sabia que seria difícil separar os dois pombinhos se o sentimento deles fosse recíproco.

Depois que os dois partiram da festa, os pais de Rebeca me cobraram uma explicação.

— Que palhaçada foi essa que aconteceu aqui? Uma humilhação que você nos fez passar diante dos convidados. — os pais de rebeca estavam furiosos.

— Perdoem a birra do meu filho, ele é um garoto mimado, rebelde…

— Acalme-se papai, eu e Erick vamos ficar juntos, essa garota é só um brinquedo, ele vai abandonar ela em breve. Até porque, não estou disposta a perdê-lo para umazinha qualquer, nem ninguém. — Rebecca se aproximou de nós com uma taça de champanhe encarando a porta onde Erick e Alana passaram.

Meu sócio não reagiu muito bem ao que ocorreu nesse jantar, nervoso levou sua família embora. Gentilmente eu os acompanhei até a garagem. Sua esposa e Rebeca entraram no carro e antes de entrar, ele me disse algumas palavras.

— Vou te dar um mês para resolver esse noivado de fachada com aquela prostituta. Se nossos filhos não ficarem juntos, não haverá mais sociedade entre nós.

O pai de Rebeca entrou no carro me deixando sem palavras. Retornei à festa e continuei a  recepção dos convidados.

**

Acordei um pouco zonzo, a noite foi turbulenta, Erick e Alana não saíram da minha cabeça, eu precisava tomar uma atitude para separá-los.

Eles não podiam ficar juntos. Erick deveria se casar com Rebeca, assim eu não perderia meu maior sócio.

Desci as escadas e Gisela me recebeu com uma xícara de café.

— Bom dia Senhor.

Gisela era minha empregada e trabalhava comigo há mais de 25 anos, criou Erick e cuidou muito bem da minha casa, eu podia confiar severamente nela pois em todos esses anos, ela nunca me decepcionou.

— Bom dia Gisela, alguém ligou?

— Não senhor, aqui está o seu jornal — ela me entregou o jornal enquanto me sentava à mesa. — Fiz as panquecas que o senhor tanto gosta, se me permite, voltarei para cozinha, com licença — ela retirou-se e me deixou sozinho encarando as panquecas.

Camille sempre preparava o café da manhã nas quartas-feiras, fazia panquecas, geléia de frutas e me acordava com carinhosos beijos.

Sabendo disso, Gisela preparava panquecas e geléia para mim nas quartas-feiras desde que minha esposa morreu.

A saudade dela esmagava meu coração, eu sabia que minha agenda lotada, falta de atenção e às vezes certo desprezo para com ela fizeram com que surgisse uma paixão fora do casamento.

Não me conformava, mesmo sabendo que fui o culpado, que entreguei ela de mãos beijadas para George, não aceitava a traição de Camille, nós fizemos um juramento ao nos casarmos, ela traiu a mim e a nosso filho, eu jamais fui infiel, ela não deveria ter nos traído.

Meus pensamentos vagavam entre as boas memórias com Camille até a descoberta da traição. Meu telefone tocou.

— Pois não?

— Já investiguei tudo sobre a moça, ela está trabalhando para Erick, ela precisa de dinheiro para sustentar a casa, por isso aceitou o trabalho. Mas os dois estão apaixonados senhor, em breve eles ficarão juntos.

— Só por cima do meu cadáver, tente descobrir algum ex namorado dessa moça, ofereça dinheiro para ele voltar para ela se for preciso. Faça com que Erick veja os dois juntos. Esse relacionamento não pode acontecer.

— Certo senhor.

Desliguei o telefone e voltei a ler o jornal. Na primeira página a foto de Alana e Erick ganhou destaque nas notícias, o título da reportagem era “Herdeiro de Evans anuncia noivado com misteriosa morena”.

Jornalismo sensacionalista e barato, furioso, rasguei a foto dos dois e deixei a mesa.

Eu seria capaz de tirar todas os bens financeiros de Erick caso ele continuasse insistindo nessa brincadeira infantil.

Me vesti e fui para meu escritório, lá seria mais fácil pensar em todas as artimanhas que eu poderia usar para separar o casalzinho apaixonado.

Eu estava disposto a fazer qualquer coisa para que minha sociedade não acabasse e meu filho não ficasse com a filha do meu inimigo, ninguém me impediria.