Law
Luffy tem conversado mais comigo ultimamente. Na verdade, ele é o único que conversa comigo. Até porque, não tento nem sequer fazer amigos, pois para mim isto é uma grande perda de tempo, então apenas passo o pequeno trecho do intervalo com ele e seu grupo por seu próprio pedido.
Ele não é uma das melhores pessoas para se conversar, apesar de tudo. Pois sua cabeça não aparenta estar correta, seus assuntos são completamente aleatórios e sem nexos, além de mudarem de repente e sem aviso prévio. Seu raciocínio é diferente e completamente estranho. Seus sorrisos são largos e olhos grandes chamam a atenção ao longe, algo que combina com sua voz alta e aguda, algo que me impede de ignorá-lo facilmente.
Ainda hoje ele insistiu tanto a ir a festa com ele que eu tive que ceder para que ele parasse de me irritar. Sinceramente, ele não é a melhor pessoa para se ter amizade quando você é como eu.
— Ei, Torao! — ele me chamou de repente, como sempre fazia. E eu que já estava ficando feliz pela paz que estava reinando entre nós.
— Que foi, Luffy-ya?
— Você vai me acompanhar até em casa? — ele perguntou animadamente.
— Não, eu irei apenas até minha casa. — respondi de má-vontade.
Um silêncio caiu sobre nós por alguns minutos. Luffy estava estranhamente calado e cabisbaixo.
— Torao, por que você sempre me responde desse jeito? Não é muito saudável. Você tem problemas em casa? — ele falou com sinceridade, mas eu apenas ignorei-o, não valia à pena responder uma pergunta tão fútil como essa.
Porém eu não esperava que ele fosse agir diferente das outras vezes em que apenas ignorava completamente se eu respondia sua pergunta ou não e continuava a conversar animadamente de algum interesse seu ou algo assim. Mas, não foi assim, o Mugiwara parou cabisbaixa e falou sem o menor ânimo:
— Torao... Por que você nunca me responde direito? Você não gosta de mim? É isso? — ele parecia estar prestes a chorar — Se for por isso, eu vou embora por outro caminho... — ele falou apontando para uma rua escura, onde o único poste de luz estava fraco e falhando bastante.
Normalmente eu nem sequer daria importância para isso, apenas acharia isso uma ação dramática com propósito de convencer-me a ter pena de si.. Porém, por algum motivo, eu dei. Na verdade, foi como uma pontada em meu coração, como se algo não fosse verdade no enunciado de sua pergunta. Ou apenas porque ele estava chateado por causa das minhas respostas secas e sem vida. Porém, por algum motivo, não consegui respondê-lo corretamente. Ao contrário disso, eu apenas soltei uma pergunta que nunca fiz para alguém.
— L-Luffy-ya, você está bem? — eu gaguejei, nervoso.
Não sei o que se passava em minha cabeça naquele momento. Foi como se aquilo parecesse o certo a se fazer. Ou talvez apenas um ato inconsciente. Mas piorou quando eu vi uma lágrima caído de seu rosto. Foi como um murro em meu peito... Ou talvez pior.
— E-Ei, Luffy-ya — abaixei-me para que eu ficasse na altura de sua cabeça — Não chore...
Eu disse sem pensar. Nunca enfrentei algo assim. Eu havia fechado meu coração há bastante tempo; desde que algo aconteceu. Por ficar tão longe das pessoas e apenas observá-las, esqueci como é lidar com problemas assim. Não sabia o que dizer, nem como consolá-lo, estava em uma situação desesperadora e nem fazia a menor ideia do que diria, então apenas reproduzi o que vi pessoas fazendo quando viam outras pessoas chorando. Eu abracei-o fortemente, senti-o retribuindo o abraço por alguns segundos. Então ele se afastou um pouco.
— Torao... É que... É que eu... Eu tenho saído mais contigo porque... — ele apertava suas próprias mãos nervosamente. Como se o que ele quisesse dizer estivesse preso em sua garganta — Eu te amo, Torao! — ele disse corando completamente. Estava vermelho como um pimentão e completamente fofo.
Por algum motivo isso me aliviou, fez meu coração palpitar. Quando percebi, havia um pequeno sorriso marcado em meu rosto, mas por sorte ele não o viu.
— T-Torao, você realmente me odeia? Você me trata tão mal... Você sempre me ignora... E... — eu interrompi-o.
Sinceramente, eu já perdi noites pensando neste garoto com lágrimas marcadas na bochecha. No princípio, pensei que era porque ele me estressava. Porém, neste momento... Neste exato momento, eu percebi o porquê de eu tanto pensar neste garoto mais novo que tanto se esforça para dar-me a atenção que eu supostamente mereço. Eu amava-o e fazia tanto tempo que não pensava em coisas assim que eu sequer consegui perceber. Sem conseguir respondê-lo, apenas beijei-o intensamente, algo inconsciente, algo bom, algo... Diferente?
Queria possuí-lo completamente naquele momento. Tê-lo pra mim e chamá-lo de meu. Sentia como se aquilo fosse... Algo como um livramento ou simplesmente uma felicidade alheia e passageira. Era como se eu quisesse que aquilo não acabasse mais. Era como se eu... A verdade é que eu não consigo achar palavras suficientes em meu vocabulário para descrever o quão bom e reanimador isto era. Era como se eu tivesse achado o meu lugar, e esse lugar era ao lado de Luffy, onde quer que ele vá ou queira ir.
Infelizmente tivemos que separarmos para conseguirmos puxar um pouco de ar. Porém não consegui tirar minhas mãos do delicado rosto de Luffy. Como se eu não quisesse abandoná-lo na próxima esquina que virássemos. Como se eu quisesse protegê-lo por mais uma rua; uma rua depois da minha; a rua de sua casa. Onde provavelmente estava com um impaciente e furioso irmão esperando-o chegar no horário marcado.
Luffy abriu um largo sorriso para mim. Um belo e grande sorriso. Clássico daquele simples e baixo rapaz à minha frente, mas ainda mais especial nesta ocasião pois ele era dedicado somente para a minha pessoa.
Segurando uma de minhas mãos, ele disse as seguintes palavras repletas de animação em minha direção :
— Eu te amo, Torao, e fico muito feliz ao saber que sinta o mesmo! — em seguida ele me deu um forte abraço.
Palavras semelhantes a estas foram ditas a seu antigo amante no dia de sua confissão. Porém mais apaixonadamente e com olhos grandes e brilhantes em minha direção.
— Pena que eu tenho que ir embora agora. — disse ele com desânimo e um tom tristonho.
— Eu o acompanho — disse sem pensar.
—Ótimo!
Acompanhei-o até a porta de sua residência. Chegando lá, inesperadamente, ele deu um beijo delicado e carinhoso em minha bochecha. Depois disso, fui embora rapidamente, para que Ace não me percebesse, porém alguns passos depois, Luffy correu até mim apenas para dizer-me que meu terno era bonito e elegante. Apesar de ser algo não tão importante para que saísse de onde estivesse para dizer. Senti-me realmente feliz por este comentário apreciativo à minha pessoa.
Fui dormir com um sorriso no rosto.
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Caminho De Casa
FanfictionLaw e Luffy voltam para casa depois de ir na casa de Zoro na festa de aniversário de Perona. Ao longo do caminho um dos dois resolve finalmente dar o primeiro passo e se livrar daquele peso em sua mente.