Mordidinhas de amor

Capítulo único: meu sangue é bom, Junnie?

Jaemin nunca fora aquele tipo de pessoa que costumava acreditar em coisas místicas ou sobrenaturais, até fantásticas. Desde pequeno era assim; enquanto todas as crianças acreditavam fielmente no Papai Noel e na Fada do Dente, além dos contos de fadas com princesas e reinos mágicos, o Na apenas queria assistir seu amado Pokémon e comer o delicioso bolo de laranja que sua mãe costumava fazer.

Então, certamente, fora estranho para o rosado começar a namorar um vampiro.

Sim, um vampiro.

Quando Renjun o contou sobre sua palidez ter um motivo – que na verdade não era apenas falta de sol, e sim, falta de sangue em seu corpo –, sobre seus dentinhos pontiagudos não serem assim por falta de aparelho durante a infância, e também que sua aversão a alho não era somente por ter bom gosto em comida, Jaemin apenas riu.

Oras, qual o sentido de Renjun chegar em si, do nada, para lhe contar que era um vampiro? O mínimo que o Na poderia fazer era rir, e muito.

Porém quando viu a expressão totalmente séria do Huang, seu corpo paralisou. Como diabos conseguira tal proeza de namorar logo um vampiro?

E, por incrível que pareça, não foi difícil para o rosado se acostumar com as ações vampirescas que o loiro começara a apresentar. Na verdade, não mudou muita coisa.

Quando estava com o maior, o Huang se permitia deixar suas íris avermelhadas a mostra – coisa que deixou Jaemin todo abobado de amor –, além dos dentinhos que já eram naturalmente pontiagudos. Jaemin só conseguia pensar em como seu namorado era o vampiro mais adorável de toda a história.

Porém algo que realmente mudou, foi o fato do menor ingerir sangue. No começo, o Na achou um pouco inusitado ver o namorado beber aquele líquido vermelho e um pouco viscoso, principalmente por sempre o colocar na sua caneca de Moomin, mas não achou estranho.

Pelo contrário, achava extremamente fofo – e às vezes, só às vezes, provocativo – quando o menor resolvia sorver do líquido enquanto estavam fazendo atividades do cotidiano, como estudar ou assistir alguma série juntos. E, bom, o cheiro de sangue foi algo que o maior aprendera a se acostumar.

Entretanto, às vezes tinha que dar uma controlada no menor e o impedir de ingerir tanto sangue em tão pouco tempo – porque, segundo suas experiências de séries e sites, o Huang poderia se viciar –, o que não era muito fácil, principalmente quando o vampiro citado era extremamente birrento e manhoso.

E essa era mais uma dessas situações em que o Na se encontrava.

Estava na cozinha de seu apartamento – que já era praticamente de Renjun também, já que o menor passava maior parte do tempo lá e até sua escova de dentes já permanecia do lado da de Jaemin no banheiro – fazendo alguns lanchinhos para os dois, pois iriam fazer uma prezada maratona da série preferida de ambos pela milésima vez, vulgo Friends, quando sentiu braços ao redor de sua cintura e uma voz mansa em seu ouvido.

– Nana… – o Huang chamou, o tom de voz arrastado fazendo o rosado sorrir.

– Oi, amor. – se virou minimamente, apenas para depositar um beijinho nos lábios do loirinho, e logo se virou para terminar de fazer os sanduíches.

– Ainda tem sangue aí? – Renjun perguntou, como quem não queria nada.

– Tem… – falou, já desconfiando do que o chinês queria. – Por quê?

– É que, sabe, bateu uma vontade de tomar um pouquinho. – recebeu o olhar do maior em si e sorriu meigo, numa clara tentativa de persuasão.

– Junnie, você já tomou hoje, agora só amanhã. – falou, simplista, se virando novamente para pegar um pano de prato sobre a bancada.