Capítulo Vinte e Um

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Devo ter caído no sono enquanto fazia Ana Clara dormir, mas me assusto ao perceber que ela não está em meu colo e que estou encoberta. Levanto e vou até o berço de Ana, ela está ali dormindo, coloco uma manta sobre ela, não me lembro de tela colocado no berço quanto mais de ter me encoberto, é quando lembro de que John está em casa. Saio do quarto de Ana Clara e vou até a sala. John está dormindo no sofá encolhido. Vou até meu quarto e pego um cobertor, coloco-o sobre John, ajoelho-me perto dele e o fito por um tempo. (Dormindo ele parece tão seguro, sem problemas, não parece o cara cheio de segredos, de dores). John é um homem lindo e por mais que não pareça ele estava tentando me ajudar hoje, ele não parece um homem que se mete nos problemas dos outros para tentar resolver, e ele já fez isso por mim duas vezes, não sei o que devo sentir em relação a esse homem, para mim está tudo muito confuso, mas de uma coisa eu sei, não posso me apaixonar de forma alguma! Seus mistérios, seu problemas só me fariam sofrer, mas infelizmente sinto que algo dentro de mim já mudou. Passo meus dedos sobre sua sobrancelha sua barba por fazer, tenho vontade de me aproximar mais, sentir mais de sua pele, o cheiro de seu perfume, me aproximo até quase encostar meus lábios nos seus, Mas não posso, não ouso me levanto o mais rápido que consigo e vou para o meu quarto.
- Eliza você só pode estar ficando louca! – me repreendo! O que estava prestes a fazer? Não posso querer sofrer mais do que já sofri e é isso que vai acontecer se eu me deixar sentir algo por John. Mas vê-lo assim tão exposto, tão calmo, aparentando ser um homem livre de problemas, me fez sentir sensações que não posso me dar ao luxo de ter.
Tomo um banho demorado e vou para a cama querendo nada mais e nada menos que uma boa noite de sono.

# Dia seguinte

Nada melhor que uma boa noite de sono, me levanto e coloco meus chinelos, vou até o quarto de Ana Clara, ela já deve estar acordada. Saindo de meu quarto e indo para o de Ana lembro-me de John, parei entre o corredor e a porta do quarto de Ana e olhei para o sofá! John estava imóvel pelo visto ainda dormia, segui adiante e entrei no quarto de Clarinha, quando abri a porta ela já estava de pé em seu berço e abriu um grande sorriso ao me ver.
- Oi minha princesa! Você já está acordada? – Ela começou a pular no berço, Ana ainda não falava nada com nada, mas resmungava muito. Quando ela começar a falar de verdade, vai falar pelos cotovelos como a mãe dela. Depois de trocar a fralda de Ana, levei ela até a sala. John já estava acordado e sentado no sofá, enquanto coloco Ana no chão para brincar com seus brinquedos:
- Bom dia! – digo para John! – Você deve estar com fome! Quer um café?
- Sim! Claro!
Vamos em direção à cozinha. Coloco água para ferver e começo a arrumar a mesa, depois volto para a sala para pegar Ana Clara, quando chego à mesa coloco Ana Clara na ponta em sua cadeirinha e em sua frente coloco sua tigela com pedaços de frutas. Enquanto Ana pegava os pedaços de frutas com sua mãozinha e comia, fiz duas xícaras de café.
- Como você gosta do seu café? – digo virando-me. – Açúcar ou adoçante?
- Açúcar! Por favor!
- O que você quer para comer? Tem frutas, torrada e geleia. Não estava preparada para visita! – digo com um sarcasmo desnecessário.
- Pode ser torrada com geleia!
Enquanto John terminava de comer fui arrumar a mim e Ana Clara. Quando já estávamos prontas, Maria chegou para ficar com Clara.
- John você vai passar em sua casa primeiro para mudar de roupa?
- Não! Eu tenho roupas reservas no hotel, uso um dos quartos de lá para tomar um banho e trocar de roupa!
Antes de chegarmos ao hotel peço a John para parar em uma banca de jornal, pode ser que haja alguma casa em um lugar seguro e que eu possa pagar.
- Vou só comprar uns jornais e já volto. – digo saindo do carro.
O trabalho saiu como sempre, um pouco mais tranquilo do que o habitual, por isso aproveitei para marcar algumas das linhas do jornal, de casas para alugar, mas muitas delas pediam um bom valor de entrada, um valor que eu não tinha, minha conta no banco estava zerada, e já tinha feito empréstimos suficientes para uma vida, ter que pagar as despesas funerárias, o hospital caro de Helena e agora ter que me mudar assim.
No segundo dia John não insistiu em ir para casa, deve ter mudado de ideia depois de dormir em meu sofá, eu e clara ficamos sozinha. Mas minha preocupação era outra, não estava conseguindo um lugar para ficar, alguns dos lugares que ligava já estava alugados. Outros eram muito caro! Outros ficavam em bairros perigosos, já estava começando a pensar em aceitar a proposta de John! Seria por pouco tempo até realmente achar o lugar certo. Quando cheguei para trabalhar John me chamou para conversarmos em sua sala.
- Sei que não devo ficar me metendo em sua vida, e nem sei por que estou tão preocupado assim, mas... Você já conseguiu um lugar para ficar? – Não sabia se deveria lhe contar, isso é só meu problema, de mais ninguém.
- Não! –disse em fim!
- Como não? Eles lhe pedirão para sair amanhã! O que você fará?
- Na verdade eu não sei! Não consegui alugar nenhum lugar! Talvez eu peça mais alguns dias!
- Você está louca? O que te faz pensar que aqueles brutamontes iram lhe dar mais tempo?
- Eu vou ter que tentar!
- Por que simplesmente não aceita ir morar comigo? Isso seria bom pra nos dois, você teria um teto, e eu não precisaria correr buscar você onde estivesse toda vez que minha avó ou meu primo resolvesse nós visitar!
- Eu...
- Aceita logo essa merda! – fiquei sem responder. – Me diz? Qual é o seu medo? Que eu seja um idiota com você? Que eu faça o que eu fiz, quando você estava em meu carro? Já disse que não farei mais isso, que te deixei sozinha na rua por que você me deixou irritado!
- Eu aceito!
- Vo... você aceita?
- Estou sem muitas opções não é! E tenho que pensar na segurança de Ana Clara. E estando em sua casa vou poder economizar no aluguel. – falo sem emoção alguma.
- Certo! Se você está decidida a ir morar comigo. Termos que arrumar suas coisas e de Ana Clara! Você precisa de alguma ajuda? Com a mudança? Precisa de um carro?
- Não vai ter necessidade! Não vou levar muitas coisas.
- Mas e seus moveis? Eles irão se desfazer de tudo!
- Eu sei verei com minha amiga o que ela pode fazer por mim! Não irei levar muitas coisas para sua casa, não se preocupe eu não irei ficar por muito tempo...
- Já lhe disse para não se preocupar. Poderá ficar o tempo que achar conveniente para você e Ana Clara.

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