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Seulgi♡

O clique da fechadura ecoou pela sala, dominada pelo silêncio. A verdade é que eu não tinha absolutamente nada o que falar, e se tinha, não fazia ideia de como o fazer. A última colocação de Jimin me havia pego de surpresa.

Ele queria que eu estivesse presente. Em minha mente bagunçada pelo sono e pelo álcool, nada de bom poderia resultar daquilo. Nada de bom ocorria, quando Oh era desafiado. E eu tinha certeza de que era exatamente assim que o velho se sentia. Desafiado.

- Por favor,sente-se. - foi o primeiro a se pronunciar, apontando com um dedo torto as cadeiras em frente à sua escrivaninha. Não era um gesto de cortesia, eu sabia. Se havia algo que Oh não poderia ser, nem mesmo nos mais loucos devaneios, era educado. Sua soberba, arrogância e senso de dominação sobre tudo e todos dificilmente permitiriam um ato de verdadeira cordialidade. Tudo o que estava tentando fazer ali era manter as aparências. Isso sim ele sabia fazer. E com maestria. Se não o conhecesse, talvez me deixasse enganar, por uma ou outra vez. Feliz ou infelizmente, eu o conhecia.

- Obrigado. - Jimin teve a audácia de agradecer. Puxou a cadeira da direita, afundando confortavelmente no acolchoado desbotado. O olhar do velho do outro lado fulminou sobre ele, sua ousadia não passando despercebida nem mesmo por um segundo. Tudo o que Park fez foi encará-lo de volta, um pequeno sorrisinho de escárnio brincando em seus lábios bem desenhados. - Rose. Não vai se sentar? - o tom subitamente animado de sua voz me sobressaltou. Encarei-o, abestalhada como estava, incapaz de responder. Definitivamente, havia perdido a capacidade da fala no momento em que Oh havia surgido naquele corredor, no que parecia ter sido toda uma década antes, mas que não passava de alguns minutos. Ele encarou-me de volta, o sorriso em seu rosto se tornando um pouco mais pronunciado, e eu não soube distinguir se ainda era escárnio... ou se tornara-se algo... diferente. - Será uma conversa longa... creio que lhe falte força nas pernas... para passá-la de pé... - ditou, fazendo pequenas pausas durante seu discurso, como se buscasse os termos certos para continuar. Eu soube imediatamente que estava blefando. Jimin nunca perdia o fio de sua fala. Mesmo com pouco tempo de convivência, eu poderia apontar com toda a convicção que ele não era o tipo de pessoa que tinha dificuldades com a oratória.

Seu pequeno chiste, no entanto, só me foi percebido um par de segundos depois. Senti o rosto esquentar, e o amaldiçoei,em silêncio.

Maldito fosse...

"Mas o que quer que pense, huh? Sendo quem é, fazendo o que faz... vista deixando um quarto na surdina, parcialmente bêbada e despida? O mínimo que há de pensar, é que não estava fazendo nada além de sua profissão..." E maldita fosse a minha consciência, também. Mas não podia deixar de dar-lhe a parcela de razão. Era uma prostituta, como bem me fora jogado à cara, por pessoas diferentes, ao menos uma centena de vezes. Minha posição deixava-me em condições de ser surpreendida e ridicularizada, a cada passo que dava dentro dos limites daquela cidade - e, por algumas vezes, até fora da mesma. Já fazia algum tempo que deixara de contabilizar os insultos que recebia. Eram tantos, todos os dias, que havia percebido que numerá-los só me faria mais infeliz e deprimida. Mas isso não impedia cada nova humilhação de me ferir, ainda que fosse por alguns momentos.

Inexplicavelmente, houve uma parte de minha mente que desejou esclarecer aquele pequeno mal entendido, dizer-lhe que não havia se passado nada entre mim e Yoongi e que nada daquilo que insinuava havia ocorrido. Silenciei esse pensamento antes que pudesse fazer alguma loucura. Não lhe devia explicação alguma sobre minha vida. Se alguém houvesse de lhe dizer algo, este alguém seria una e exclusivamente Yoongi. E isto, caso o mesmo quisesse e fizesse a confissão espontaneamente. Enquanto isso, Jimin que pensasse aquilo que quisesse. Eu era sensata o bastante para não o impedir.

Just one more - Seulmin FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora