Just one more - Seulmin Fanfic

15

Jimin♡

Sufocante.

A sensação é essa. Estar sendo sufocado ,lenta e dolorosamente. A consciência de que há ar acima de sua cabeça é a pior e ao mesmo tempo a melhor parte. A agonia permeia as veias, numa tortura quase infinita... chega a ser um tanto doloroso, não teria coragem de mentir. Mas a sensação...

Ah...

A sensação após isso... é revigorante. Emergir e encontrar oxigênio fresco nunca é tão glorioso quanto após esses momentos de auto-flagelo. Respirar nunca é tão prazeroso, quanto após um afogamento. Penso que nunca damos a atenção devida, nunca devotamos a gratidão necessária aos nossos pulmões, até o instante em que sentimos, calma e dolorosamente, a perda de funções dos mesmos. Quando estamos perto da morte. É então que decidimos parar, pensar... e nos damos conta da importância desse simples ato, involuntário de nossa parte.

Espere... Eu estou me referindo à primeira pessoa? Nós? Desculpe... Eu deveria dizer vocês...

Felizmente, não precisei morrer para descobrir o pequeno prazer de respirar. Ao contrário de tantos por aí...

Eu já não fazia ideia de quanto tempo estava ali. Mas a pressão suave em minhas costelas, um aviso claro de que meu corpo já não aguentava a privação de oxigênio me fez emergir antes do que gostaria. Tomei um pequeno impulso, arremetendo contra a superfície e quebrando a linha da água. Por coincidência ou não, nesse exato instante uma corrente de ar frio adentrou o recinto, levando ao meu peito sedento não somente ar novo e limpo, mas uma rajada de vento que me fez tremer num calafrio involuntário. Levei a mão ao rosto, afastando o cabelo molhado que em pouco me ajudava naquele instante, abrindo os olhos. Do outro lado da janela, de frente para mim, uma lua grande e bonita me encarava, espiã indiscreta do meu banho que aquela altura já durava mais do que o necessário. Que horas eram? Eu não fazia ideia. Mas sabia que deveria sair logo. As pontas dos meus dedos já haviam começado a enrugar e a água antes quente agora já passava da temperatura ambiente, indo cada vez mais em direção ao frio gentil - embora certamente mais aquecida que o meio externo.

Suspirei, inconformado que tivesse de deixar a minha pequena seção relaxante de lado, em favor de um capricho infantil do meu corpo. Mas, que haveria eu de fazer? Não era essa a sina dos seres humanos? Mentes consideradas tão brilhantes... presas em carapaças tão frágeis...

Deixei a banheira, não me preocupando em ensopar o piso de madeira e  sim em não escorregar na superfície recém encerada. A passos lentos porém firmes me aproximei do toucador onde deixara pousada uma toalha ao que parecia ter sido um milênio antes. O algodão, leve e macio, deslizou com facilidade pela minha pele, sorvendo o excesso de água numa carícia terna e reconfortante. Não me preocupei em secar o cabelo. Deixaria que o vento, abundante lá fora, me fizesse esse favor. Enrolei o tecido na cintura, prendendo sua ponta com uma ata firme, traçando calmamente meu caminho rumo ao meu quarto.

Já passava das três da tarde, quando finalmente decidi que não toleraria mais a rinha infantil de Yoongi e Taehyung. O primeiro havia voltado sua discussão com o segundo, tudo em virtude da maldita sopa que continuava a se recusar a tomar, provocando um acesso de melodramas do Kim que me soavam insuportáveis. Era demais para a minha curta paciência. Saí, mal me despedindo de ambos que tampouco ligavam para a minha permanência ali ou não. Em questão de pouco tempo, estava em casa. O sol quente, típico daquele horário, havia me compelido a andar mais rápido. Justamente naquele dia eu que não era dado à caminhadas resolvera deixar meu cavalo sob a desculpa que me fora dado pelo moleque que fazia o trato dos animais da propriedade: o tal precisava de descanso, além de um bom banho, que lustrasse seu pelo. Maldita hora para crer nas palavras de um simples funcionário. Um arrependimento que certamente me serviria de lição. Numa próxima não sairia à pé, de nenhuma maneira. Nem que precise reciclar a velha liteira de minha mãe.