MAIS UM DIA ACORDANDO SOZINHO. Sem Caterina do meu lado. Ela, provavelmente, havia deixado a casa há um bom tempo, já que sentia o frio do seu lado da cama pelo meu corpo.
Os últimos dias haviam sido dessa forma. Dormíamos juntos sempre que dava, mas ela sempre ia embora antes de eu sequer tentar acordar antes dela.
Depois da nossa volta, há alguns meses, nosso relacionamento só ficou mais estranho depois dos dias. Eu sempre fiz de tudo pra não estragar as coisas novamente, porém não via o mesmo esforço em Cat.
Sinto nos meus ossos que ela apenas continua com isso para não me magoar. Porra.
Dou um murro na cama, tentando o pensamento sumir da minha cabeça. Levanto, procurando meu celular, já que sei que a morena que chamo de namorada não havia deixado bilhete algum.
Acho o aparelho jogado entre algumas peças de roupa e me surpreendo com uma mensagem do contato salvo como "angel".
"Tive que ir embora mais cedo, minha chefe me ligou. Desculpe-me. Podemos nos ver mais tarde? :)"
Ela nunca mandou uma mensagem pedindo desculpas por ir embora. Nunca. Respondo com um "Claro, mesmo lugar de sempre?" e ela apenas responde com o sim. O clima depois de ler tal resposta é pesado. Minha respiração falha várias vezes quando tento imaginar o motivo desse encontro.
Merda, Caterina. Eu sou tão péssimo em superar.
Resolvo fazer todas as minhas tarefas diárias antes de seguir para o trabalho. Engraçado como cada detalhe dessa casa me lembra dela. Talvez porquê ela tenha decorado, mas temos o estilo tão parecido que é como se essa casa respirasse ela. Porra.
[...]
Paro na frente do espelho e tento deixar meu cabelo de um jeito apresentável. E todas as tentativas falham, me deixando frustrado. Eu e Caterina trocamos poucas mensagens durante o dia, e todas elas me deixavam cada vez mais desconcentrado.
Deixei toda a papelada que tinha que trabalhar para segunda, eu com certeza enlouqueceria se visse mais alguma letrinha daquela na minha frente.
Encaro o reflexo dos meus olhos e vejo que o carma realmente tirou tudo de mim e estava prestes a tirar mais uma. Porcaria de escolhas erradas.
Sinto minhas mãos tremerem e resolvo deixar meu cabelo do jeito que está, os cachos se formariam logo, então não preciso de mais uma preocupação.
Visto uma roupa qualquer, e pego a chave do carro em cima da mesa da cozinha. Respiro fundo antes de passar pela porta da frente, tendo em mente de que talvez muita coisa mudaria depois dessa noite.
Os minutos seguintes são apenas borrões, até chegar no nosso bar/restaurante favorito, vulgo lugar que nos conhecemos. Foi tão simples e importante. Seus olhos brilhantes cruzaram com os meus e se eu não acreditasse em paixão a primeira vista, começaria a acreditar naquele segundo.
Quando tomei coragem de falar com ela nossa conexão foi instantânea, foi como se todos os planetas se alinhassem. A energia foi perfeita. Foi incrível. Mas pelo visto, isso acabou com um tempo e nossa vida voltou para o caos.
Foda.
Entro no bar, cumprimentando o John, o dono do local. Passo por algumas mesas, até chegar em Caterina, que se encontra deslumbrante como sempre. Seus cabelos caem pelos seus ombros e a blusa esverdeada combina perfeitamente com seus olhos oliva.
Ela me encara e um sorriso escapa pelo canto dos meus lábios. Eu ainda a amo e tenho medo de nunca deixar de amar. Avanço na sua direção e antes de falar qualquer coisa, grudo nossos lábios.
A morena hesita um pouco, mas logo se entrega pro que deveria ser um selinho. Prolongo o beijo por alguns segundos, com medo de ser nosso último. A energia dela está me consumindo e me deixando mais nervoso.
Me afasto e sento na sua frente, passando os dedos entre os fios do meu cabelo. Seus olhos encaram os meus e a tensão paira pelo ar. Não consigo dizer nada, e pelo visto nem ela.
Mordo o lábio inferior, tentando me conter. Agradeço o garçom por chegar na mesa e manter minha sanidade mental intacta. Peço apenas uma água, meu estômago está revirando demais para eu tentar comer algo.
A morena pede um whisky, coisa que só acontece quando ela está nervosa. Também as passadas de mão excessivas pelo cabelo e as unhas batendo na mesa me preocupam. É como se a pior notícia do ano viesse por ai.
— Então... – ela começa, mas hesita antes de acabar — Precisamos conversar.
— Estamos aqui pra isso, não? – pergunto como se fosse óbvio e ela assente.
— Por favor, não faça nada sobre, ok? – pede, e eu me limito a assentir, sem saber o sobre o que se trata — Eu te amo, Noah. Você sabe que eu te amo. Mas não dá. Não dá mais pra mim e eu sei que eu tô te fazendo sofrer tanto eu empurrando isso com a barriga – ela pausa de novo e não consigo respirar — Eu sei que tudo que fizemos junto, valeu a pena. Tanto pra mim, quanto pra você. Mas eu tô tão cansada disso. Não é de você, é de mim. Eu tenho sonhado como uma tola, nesse mundo de pesadelos, e isso tá trazendo o meu pior, e eu não quero, por te amar tanto, que você tenha o meu pior.
Ela volta a encarar meus olhos e consigo ver lágrimas tentando escapar pelos cantos dos seus. Meus lábios tremem e não consigo digerir o que ela diz. Seus param de bater na mesa e sinto-a respirar profundamente.
O coração acelera no meu peito e é como se minha mente desse um branco. Pisco os olhos várias vezes, mas ainda sim continuo perdido.
Meu otimismo me chocou. Eu sei que não estava esperando nada de bom dessa noite, mas ainda sim estou sacudido por dentro.
Fecho os olhos, respirando pela boca.
— Então estamos terminando? É isso? – pergunto só pra ter minha confirmação. Ela assente pouco confiante — Você pode levar meu coração.
Ela volta a me encarar, confusa.
— O quê? – retruca, com uma sobrancelha arqueada.
— Você pode levar meu coração. Uma parte dele sempre vai ser seu.
Não sei de onde aquilo saiu, mas é o que eu consigo dizer no momento.
— Noah... – ela respira fundo novamente, me olhando com piedade e confusão.
— Eu tô falando sério, Caterina. Eu sou péssimo em deixar as coisas irem. Então é o que eu tenho pra você, pra ter certeza de que nunca vamos estar separados.
Com uma coragem que eu não sei de onde surgiu, ainda com o corpo inteiro tremendo, levando da cadeira marrom e deixo o dinheiro da minha água em cima da mesa.
— Por favor, não deixe isso ser desperdiçado – peço, com a voz mais piedosa que tenho.
Olho por uma última vez nos seus olhos esverdeados, e saio dali. Sem explicações. Sem confusões. Sem loucuras. Eu não aguentaria mais um segundo depois daquilo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
one shots 𓆜 noah urrea
Teen Fictionhistórias elaboradas [as vezes não] com o cantor, ator, modelo, compositor, produtor, musicista, dançarino e rockstar, noah urrea. • a tobeslonely original fanfiction • 19rd, december, 2019 •