Partindo

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S/N P.O.V.

Não encontramos Yoongi, não queria admitir mas eu já imaginava... De alguma forma eu não o sentia em lugar algum, nunca tinha ficado literalmente longe dele... Quer dizer, ele sempre ia para casa a noite, mas eu sabia que voltaria de manhã e sabia que ele estava em casa, em segurança.
Agora nesse mundo completamente desconhecido, eu não sabia onde ele estava e não sabia se estava... Morto. Não queria pensar nisso, se pensasse isso poderia se tornar real de alguma forma.

— Você está quieta. — Jimin disse depois de um tempo.

Tínhamos voltado para a sua casa e estávamos no sofá da sala, não fazendo nada apenas descansando um pouco.

— Eu sou quieta.
— Não é não... Quer dizer, é um pouco já que até surda você fingiu ser.
— Você não vai esquecer isso não é?

Eu me sentia mal por ter mentido, mas não queria que eles me achassem uma farsa, não sabia o que diria para a família dele agora.

— Não. O que diremos aos meus pais?
— Posso ir embora tranquilamente.
— Você não vai embora, esquece essa ideia maluca.
— Jimin, por que você tenta tanto me proteger? É muito legal mas eu não te conheço e ainda menti para você!

Eu era uma idiota por querer que ele não gostasse de mim, mas não achava justo ele ser tão legal depois de eu ter sido tão desonesta.

— Você é apenas uma garota assustada, certamente uma mentira não causa tanto estrago. — Ele sorriu. — Eu tenho essa coisa de cuidar das pessoas, espero que entenda.

Ele parecia o Yoongi... A diferença era que o Yoon cuidava apenas de mim, e Jimin, segundo ele mesmo, cuidava das pessoas em geral. Só que eu não era uma pessoa.

— Não sei se a sua família irá entender.
— Meu pai será um pouco difícil de conquistar a confiança, mas a minha mãe acho que é tranquilo.
— E Jungkook?
— Meu irmão é legal.

De repente a porta da sala foi aberta por Jungkook que entrou sendo seguido por um garoto.

— Não acredito que faltou mesmo por causa de uma...
— Taehyung...
— Garota. — O estranho continuou sem lhe dar ouvidos. — Kook disse mas eu achei que fosse piada.
— Claro que não é, mas vai dizer. — Kook se virou de modo que eu não via sua boca. — Você também faltaria.

Jimin me olhava apreensivo. Eu apenas fiquei sentada no sofá sem dizer nada, os humanos eram um pouco estranhos.

— Jungkook, deixe de idiotice. Ela pode escutar você.
— O que!? — Jungkook se virou para nós dois. — Ela é surda, hyung.
— N-não exatamente. — Sorri constrangida.
— E agora hein? Só imagino as besteiras que falaram da garota. — O estranho riu, se aproximou de mim e estendeu a mão. — Eles são idiotas, eu não, meu nome é Kim Taehyung, mas pode me chamar apenas de Tae.
— S/n. — Sorri e segurei sua mão.

Ele ficou sorrindo para mim e apertando a minha mão, eu achei esse garoto Taehyung muito legal. Estávamos nos dando bem com esse contato físico, até Jimin nos afastar um tanto bruto.

— Já se apresentou, conferiu se eu não tinha morrido, pode ir para casa.

Percebi que ele não só nos afastou como continuou segurando a minha mão, como se Taehyung fosse pegá-la novamente.
Jimin era um garoto estranho as vezes.

— Bom. — Jungkook ainda me olhava surpreso. — Hoje é Terça, dia do Tae almoçar conosco lembra?
— Na verdade não.
— Como você é engraçado, Jimin. — Taehyung sorriu mas não pareceu muito sincero.
— Mesmo que não se lembre, convide ele novamente, ele parece legal. — Olhei para o Jimin.
— Viu, a s/n me achou legal.
— Tanto faz. — Jimin levantou. — Mas antes vamos ter uma conversa.

Ele puxou Taehyung para a cozinha, me deixando sozinha com Jungkook. Ele deu de ombros e sorriu vindo sentar ao meu lado.

— Então, como assim você fala?
— Falo como todo mundo.
— Ok, você tem senso de humor, legal. — Ele riu. — Você mentiu ser surda?
— Eu não menti, Jimin que deduziu isso —. Jungkook me olhou como se eu fosse louca. — Eu fiquei com medo ok?
— Medo de falar com a gente? —. Assenti. — Mas somos legais.
— Eu sei, Jungkook. — Dei risada. — Vocês são os melhores —. E únicos. — Humanos que eu já conversei.
— Humanos. — Ele riu novamente. — Meu pai não gostará nenhum um pouco da sua mentira, s/n.
— Não estarei aqui quando ele chegar.
— Vai para onde? Encontrou seu amigo?
— Não encontrei, mas não posso ficar abrigada aqui para sempre, darei meu jeito.
— Falou a garota que tentou falar com os pássaros. — Jimin tinha voltado com o Tae.
— O que!? — Jungkook perguntou me encarando.

Jimin explicou toda a história exagerando bastante, eu não parecia tão louca assim... Parecia?

***

Os pais dos meninos chegaram por volta das sete da noite, eu já estava com a minha roupa, que tinha secado, e pronta para ir embora. Queria me despedir deles antes, Jimin e Jungkook insistiram para que eu pensasse mais um pouco, mas não podia continuar aqui, era loucura, precisava encontrar Yoongi e faria isso nem que precisasse ficar acordada o dia e a noite inteira.

— Então você não é surda. — Senhor Seung me olhou surpreso.
— Isso não é ótimo Seung! É quase como... Mágica!

Definitivamente, eu sentiria falta da energia da senhora Joo-In.

— Ela mentiu, não podemos dormir na mesma casa que uma pessoa assim. — Ele estava irritado. — Escuta garota, você deve saber onde mora, não temos problemas com dinheiro, pagamos sua passagem o que seja e você volta para casa ok?

Mesmo irritado, ele ainda era um bom ser humano. Minha mãe estava muito errada sobre os humanos.

— Não pai, não podemos fazer isso!

Jimin estava mais nervoso do que eu, na verdade eu não tinha mais medo, claro que não queria ir e ficar sozinha, mas era o certo a se fazer.

— Não Jimin, ele está certo, agradeço muito senhor Seung e senhora Joo-In, por toda a hospitalidade. — Sorri. — Minha mãe me ensinou que não devemos confiar cegamente em alguém, compreendo.
— Seung. — Senhora Joo-In o olhou. — Ela é praticamente uma criança.
— Eu tenho idade adulta, senhora Joo-In.
— Viu Joo-In, ela sabe se cuidar. — Senhor Seung sorriu.
— Sei e não precisa comprar passagem, estou bem.

Abracei todos eles, me demorando um pouco no Jimin, ele tinha se tornado um amigo para mim. Eu tinha facilidade em gostar dos elfos... Digo, pessoas, gostei que isso tenha sido recíproco.

— Prometa que ficará longe do rio. — Ele tentou brincar apesar de estar chateado.
— Ficarei. — Sorri de olhos fechados.

Era bom abraça-lo, Jimin me lembrava um pouco Avalon, não sabia como, talvez fosse apenas a natureza gentil dele. Nos separamos e eu saí, Jungkook me olhou triste e então fechou a porta.
Respirei fundo o ar gélido incomum da noite de primavera, olhei para o céu, droga, acho que vai chover.

Um Amor Mágico - Imagine JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora