Hoje completa 1 mês desde que minha mãe morreu em um acidente de carro, era o meu aniversário, deveria ser um dia feliz, só deveriamos comemorar, dançar, nos divertir, era algo tão simples, ainda não consigo entender porque isso aconteceu, já bastava não ter pai, eu teria que ficar sem mãe também? Antes todos já me olhavam com pena por eu ter crescido sem um pai, que até onde eu sei, estar morto. E agora mais isso, eu não quero que ninguém sinta pena de mim, eu não sou tão frágil assim, só não merecia um final tão horrível, as vezes paro para pensar e me pergunto se ainda existe salvação para mim, se ainda vou conseguir ser feliz apesar de tudo.
Ainda me lembro de todos os detalhes daquele dia, a minha mãe se despediu de mim com um beijo na testa e então foi trabalhar, a Hayle e Amanda chegando para me ajudar com a organização, pois eu queria que o meu aniversário de 17 anos fosse perfeito, queria superar todos os outros. Umas 2h antes do acidente, a minha mãe me ligou, disse que tinha algo importante para me contar, que já estava na hora de saber a verdade, e queria que eu a entendesse, tentei convencê-la a me contar mais, só que a mesma disse que essa conversa deveria ser pessoalmente, deu para perceber o quanto ela estava agitada, eu nunca vi a minha mãe tão nervosa. No fim da tarde, recebi um telefonema, era do hospital, eles diziam que a minha mãe havia sofrido um acidente grave de carro, e não resistiria aos ferimentos, fiquei sem chão, só sai correndo e ouvi a Amanda gritar, pedindo para explicar o que estava acontecendo, peguei a minha bicicleta e sai igual a uma louca pelas ruas, por sorte o hospital ficava a alguns quarteirões da minha casa.
Quando cheguei, corri até a recepção e pedi informações sobre a minha mãe, o tio Edgar já estava lá, ele veio até mim e me abraçou, fui com ele até o quarto em que minha mãe estava e pelo que vi, não iria aguentar lutar por muito tempo, vê-la naquele estado, com aquela quantidade absurda de aparelhos conectados a ela, fez o meu coração apertar, eu não podia perder você também mamãe. Me aproximei dela e segurei em uma de suas mãos, não conseguir segurar as minhas lágrimas e elas caiam descontroladamente pelo meu rosto, vi a minha mãe abrir os olhos e tentar falar algo, eu pedi para que ela não fizesse esforços, pois eu estava lá com ela e que tudo iria ficar bem, escorreu algumas lágrimas dos seus olhos e ela deu um pequeno sussurro dizendo a palavra, " Pai " , fiquei um pouco confusa mas antes que eu pudesse perguntar algo, as máquinas começaram a fazer um barulho estranho, o meu tio começou a gritar por ajuda, eu ainda estava segurando a mão da da minha mãe, ela apertava a minha com força, ela estava morrendo, isso não podia acontecer, comecei a gritar, senti duas mãos grandes me pegar pelo braço e me tirar dali. Tentaram fazer uma reanimação por 20 minutos, mas ela não resistiu, depois disso não fui mais a mesma, me afastei de todo mundo.
- Melissa, você está pronta ? Diz o meu tio enquanto entra no meu quarto, o mesmo está com uma caixa enorme nas mãos. - Precisamos nos apressar, o nosso vôo sai em 2h.
- Relaxa tio Edgar, só preciso colocar o notebook na mochila e estarei pronta, já desceu todas as malas ? Digo enquanto pego o meu notebook e coloco na minha bolsa, pego o celular e meu fone sobre a cama.
- Ótimo, já está tudo pronto. Devemos descer agora. Diz enquanto da meia volta e sai do quarto descendo as escadas.
- Espero que eu esteja fazendo a coisa certa. Digo apenas para me mesma, coloco a mochila nas costas e conecto o fone no celular e depois coloco algo para eu ouvir no máximo. Ao sair do quarto descendo as escadas e saio de casa, encontro o meu tio já dentro do carro, vou até o mesmo e abro a porta, antes de entrar, olho uma última vez para a minha casa e por uma fração de segundos, tenho uma lembrança minha e da minha mãe em frente ao jardim de casa brincando, eu tinha apenas 6 anos, solto um leve sorriso com a cena e então entro no carro.
- Vai dar tudo certo, você vai adorar Nova Iorque, você poderia até participar de algumas aulas de canto, até de dança se você quiser. Diz enquanto liga o carro e da partida. Abaixo um pouco o volume da música.
- Você sabe que não quero mais cantar, e por favor, não insista mais nisso, se depender de mim, nunca mais irei cantar. Digo e aumento o som para ignorar tudo o que ele diz, o mesmo entende e não diz mais nada, até o aeroporto.
Depois de uma longa espera, entramos no avião, o meu tio parece estar chateado com o que eu disse, eu reconheço o que ele está tentando fazer, só que cantar não é mais o que eu quero, e se ele quer tanto o meu bem, como diz, irá me apoiar. Em algumas horas estarei pousando em Nova Iorque, e quero muito não me arrepender de ter vindo pra cá, é o meu último ano no ensino médio, e não quero que nada me atrapalhe, quero ser apenas uma pessoa invisível, chega de perder todos que amo.

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Um Sorriso ou Dois
RomanceMelissa é uma adolescente de 17 anos, que está cursando o último ano no ensino médio. Após perder a mãe em um acidente de carro no mesmo dia do seu aniversário, acaba levando com ela um segredo que poderia mudar tudo na vida de Melissa. Inconformada...