Capítulo 5

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— Consigo entender porque acham isso uma boa ideia — os olhos violeta, envoltos em delineador e pó cintilante, brilhavam em curiosidade depois de ouvir o anúncio de Feyre.

Lyla finalmente havia crescido para atingir o potencial que prometia desde a tenra infância: o de ser a fêmea mais bela que Feyre havia conhecido. Talvez fosse seu olhar de mãe, mas para ela, sua filha já havia ultrapassado até mesmo Morrigan no quesito beleza.

Minha filha é linda, não é? a voz orgulhosa do Grão-Senhor sentado ao seu lado soou na mente de Feyre.

Nossa filha.

Mas é claro que ela seria tão bonita, e inteligente, e talentosa. A Grã-senhora da Corte Noturna revirou os olhos quando seu parceiro a ignorou. Olha quem são os pais dela. Como algo vindo de nós dois poderia ser algo menos do que perfeito?

A risada que escapou de Feyre fez Lyla virar para os pais, que estavam sentados na beirada da enorme cama dela, com uma expressão desconfiada, antes de dar de ombros e balançar dois colares de joias, como se os testasse com a roupa.

— Qual? Esse ou o vermelho?

— Esse.

— O vermelho.

As respostas destoantes dos dois viram ao mesmo tempo, e a garota deu um suspiro exasperado antes de soltar os dois e escolher um prateado que parecia uma cascata de diamantes, olhando o tempo todo para o espelho.

— Só espero que nenhum de vocês tenha a intenção de me casar com o príncipe.

Feyre engasgou, Rhys riu.

— N-não! É claro que não! — a Grã-Senhora se exaltou — Sabe que nunca faríamos-

A garota se afastou do espelho, sorrindo com os lábios pintados de vermelho, e Feyre entendeu, no meio da frase, que ela estava brincando. Lyla e sua péssima mania de parecer extremamente séria mesmo quando não era. Em sua mente, e de forma presencial, seu parceiro gargalhava.

— Ainda bem. Ainda lembro do quanto ele era intragável, há dez anos — Rhys parou seu ataque o suficiente para comentar:

— Eu só espero que não destruam o castelo, ou Orynth. Agora têm poder suficiente para isso — Lyla gargalhou enquanto terminava a maquiagem, ignorando completamente o pai, e se virou, um sorriso levemente malicioso pairando.

— Como estou?

Era desnecessário dizer que estava linda. A garota se arrumara para uma das festas noturnas que frequentava com Mor e alguns dos amigos. Usava um vestido iridescente, azul claro, que realçava os olhos e cujo tecido fluido como água se agarrava às curvas generosas que seu corpo possuía.

Ainda não era uma mulher completa. Feyre podia ver isso na suavidade dos traços do rosto, na inocência que as bochechas ainda fofas passavam. Mas havia sempre aquele brilho de malícia nos olhos dela, o mesmo que ela via em seu parceiro. Malícia, e diversão, e sarcasmo. Uma perfeita herdeira da Corte Noturna. Embora nenhum deles soubesse qual dos irmãos seria invocado pela magia da Noite.

Feyre deu uma última olhada para os cabelos negros como asas de corvo, que desciam pesados, cacheando um pouco no quadril. Ela havia feito as pequenas trancinhas que gostava, espalhadas na parte solta dos fios, decoradas com brilhantes e metais preciosos. Tribal, e ainda assim, luxuoso.

— Bonita demais para o meu gosto — as fêmeas bufaram e reviraram os olhos diante da resposta do Grão-senhor.

— Está perfeita, querida — Lyla sorriu satisfeita, e deslizou com as sandálias prateadas de tiras para fora do quarto — Tome cuidado!

A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora