-Not Perfect-

11 2 0
                                    

Cidade de Stoshine, 2:20, tarde de terça-feira

🥀

O vento frio balançava as cortinas incansavelmente tentando adentrar a casa. O notebook no meu colo aberto em uma aba do Word indicava o trabalho que estava sendo feito. Olho para a cortina manchada aos pés do líquido vermelho coagulado, não preciso me lembrar disso não era necessário. Volto minha atenção fechando a aba com o título "Estamos condenados?" abrindo outra na webcam, deslizo o dedo na tela até o último contato, aperto e a ligação começa.

Em meros segundos ela atende resmungando algo por ter se batido na quina da mesa, eu apenas ri.

-"Oi amor"-Digo sorrindo ao vê-la sã e salva. Meu peito estava eufórico como uma marchinha de carnaval.

-"Oi vida, como você está?"-me perguntou se sentando a frente da tela. Balanço a cabeça em mais ou menos e ela ri.

"-Você sabe, doença letal, pessoas se transformando em mutantes, poucos recursos, falta de companhia. O básico."-respondo esboçando um pequeno sorriso, eu nem devia sorrir não havia motivos não havia mais nada.

-"Eu já já chego aí"-ela afirma se levando e pegando uma pilha de bolsas as empilhando em uma mala grande de mochileiro, meus olhos se dilatam com mero entusiamo.

-"Você não precisa fazer isso, sua casa é muito melhor que a minha"-afirmo colocando minha mão na tela como se isso adiantasse o nosso contato.

Ela faz o mesmo logo colocando uma arma em sua cintura.

-"Não se preocupe eu sei me virar, além do mais nada é tão importante aqui quanto você"-piscou um dos olhos ajeitando o cabelo curto de corte para o lado. Coro levemente revirando os olhos. Convencida.

-"Chegue antes das 5"-peço séria. Ela sabe o que acontece após as 5 horas, o caos que fica, os uivos, gemidos e andarilhos. Malditos andarilhos filhos da puta.

"-Beleza, eu vou indo te vejo em breve"-fechou a tela terminando a ligação. Descanso na cadeira suspirando preocupada, levanto e vou até a portinhola, abro e caminho mais até a varanda. A maioria das plantas estavam mortas mas algumas ainda resistiam vivas. A gata preta ainda estava ali em um canto lutando para ter seus filhotes, eu me aproximo da mesma que rosna, chego perto bem devagar fazendo carinho em sua cabeça. Ela deita a cabeça peluda em minha mão fechando os olhos possivelmente com dor, logo um filhote sai vivo e sã e salvo, após esse todos já estavam mortos.

[...]

Ligo novamente a webcam com a gata e seu filhote ao fundo deitando em minha almofada preferida. Respiro fundo começando:

-"Dia 4 na cidade de Stoshine, eu me chamo Theo tenho 20 anos e moro no distrito 25, zona oeste. Isto está sendo gravado caso eu me contamine ou perca minhas memórias, os remédios então escasso então eu normalmente estou esquecendo das minhas memórias e das coisa que aconteceram. Minha namorada se chama Angela, ela é mais nova que eu uns 2 anos sendo ainda mais preparada para esse futuro. Minha família foi toda levada pelo vírus e parece que só eu nasci imune a isso, não que isso seja ruim, é até bom. Nesse momento irei para a sala esperar minha namorada chegar de longe para ficar aqui comigo, se alguém ver isso nos ajudem. Não peço de coração e nem de alma, porque já não importa mais, eu só quero sobreviver, viver e sair desse mundo caótico. Câmbio e desligo"-termino suspirando pesado, minha mente lateja e mais uma vez a insistente enxaqueca volta, onde estava Angela?

Me sento na cama e deito. Eu não sabia o que sentir nesse momento, qual a necessidade de tudo isso se já estamos na merda qual vai ser a diferença se sairmos dela? O mundo já está fodido e apenas está piorando a cada dia.

Olho para o relógio, 3:48. Fecho os olhos com o sono de 3 dias mal dormidos me contaminado. Batidas fortes na porta.

-"Angela!"-pego minha fiel arma correndo para o andar de baixo de loft pouco convidativo. Olho pelo "olho mágico" a vendo ali sorrindo.

-"Eu sei que está me vendo, abre aí"-ela diz cutucando o "olho" da porta. Abro rapidamente a porta a puxando logo trancando nas 7 chaves e na grade.

-"Isso que eu chamo de segurança completa"-ela se levanta do chão pela força que a puxei, larga a mochilona e eu largo a mala na mesinha de centro da sala. Pulo em um abraço enroscado minhas pernas na sua cintura e meus braços ao redor do pescoço, ela me segura pela bunda juntando nossos lábios em um beijo demorado e carinhoso.

-"Pensei que nunca chegaria"-digo sorrindo após o beijo a abraçando apertado, era algo reconfortante e único. Angela era perfeita, já eu? Bem, eu era apenas eu mesma, ela insistia que eu era linda, perfeita e gostosa pra caralho, mas sendo metade robô ou não eu ainda não me sentia bonita.

-"Onde fica seu quarto? Tenho que arrumar minhas tralhas"-Angela me põe no chão pegando sua mochilona a colocando nas costas. A guio pelo loft até meu quarto, era médio mas confortável. A gata a encara e ela me olha.

-"Você nunca me disse que tinha gato! Eu amo gatos"-ela se aproxima da gata preta com cuidado logo fazendo carinho naquela cabecinha felpuda.

-"Não era minha, ela apenas apareceu na minha varanda faz uns dias e pariu 4 filhotes mas só esse pequeno sobreviveu"-explico abrindo o guarda-roupa a mostrando onde colocar a roupa e as coisas.

Angela arruma tudo assobiando uma canção que há muito tempo eu não lembrava, se não me engano era "Happy Pills".

-"I take my pills and i'm happy all the time, happy all the time"-canto junto do ritmo proposto por ela. Logo sinto-a me prender na cama assustando os gatos que correm para debaixo da minha escrivaninha cheia de almofadas que antes ficavam no sofá da sala.

-"A-Angela!"-a repreendo parecendo um tomate, Angela ri nos cobrindo com o lençol me dando vários beijos na bochecha.

-"Estava com saudades dessa sua carinha corada"-afirma corando levemente dando-me um beijo demorado nos lábios

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

-"Estava com saudades dessa sua carinha corada"-afirma corando levemente dando-me um beijo demorado nos lábios. Sorrio contente. Com ela tudo parecia ficar melhor, mais normal e sem percebermos havia escurecido e os andarilhos já estavam a vagar procurando novas vítimas.

🥀

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 22, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Save me from the die Onde histórias criam vida. Descubra agora