Domingo - 15 de Março de 2020 - 09h30min
O dia mal começou e nós três já estamos de pé em pleno domingo, e não é por causa do trabalho ou algo assim. É simplesmente um dos piores dias da minha vida até agora, e o motivo disso? Simples, Lud está indo para Pernambuco hoje, e só voltará daqui a duas semanas e meia.
Eu rezei tanto para o tempo não passar tão rápido, para não chegar esse dia. Mas infelizmente ele chegou, e agora aqui estamos, chegando ao aeroporto. Rafael parece tão cabisbaixo quanto eu, Lud só está animada por irá receber um bom dinheiro. Mas sei que ela também irá sentir bastante a nossa falta. Eu odeio despedidas, e por mais que já estava adaptada a minha nova vida, não queria ter que me distanciar dela, não agora. E acho que nem nunca.
Nós duas criamos uma conexão tão forte, é como se eu não fosse capaz de andar sozinha sem ter ela atrás para me segurar caso eu tropece. Eu sei, deveria ser menos dependente dela. Mas como eu poderia ser? Ela é incrível, faz tudo parecer fácil. E o melhor de tudo é que ela me passa a maior segurança possível. Não sei como serão essas semanas sem ela ao meu lado.
— Está quase na hora do meu voo. - ela comentou enquanto tirava sua mala do porta-malas. Suspiro, colocando as mãos no bolso do meu casaco. Rafael está parado ao meu lado segurando meu braço e com a cabeça encostada em meu quadril. Ele deve ser o que mais está ressentido com essa viagem de Lud. — Com vocês dois me olhando assim fica difícil dizer adeus.
Vejo seus olhos castanhos começarem a ficar úmidos, sinto os meus arderem e o nó em minha garganta apertar. Uma vontade absurda de cair em prantos, mas tento ser forte, pelo menos até a hora em que ela tiver que ir.
— Não queremos que a senhor vá, mamãe.
Rafael choraminga e mesmo sem olhar para seu rosto, sei que ele já está chorando apelas pelo tom de sua voz. Ela respira profundamente, vira-se para fechar o porta-malas e depois se ajoelha na frente do nosso filho. Ele rapidamente me solta e agarra o pescoço de minha esposa. Mordo o lábio para não deixar que meus lábios de tremerem, se isso acontecer, eu não irei conseguir frear o choro.
— Carinha, carinha. - Ela murmura contra os cabelos de nosso filho. O choro de Rafael é baixo, mas é possível ouvi-lo contra o pescoço de minha esposa. — Não chora, campeão. - Ela acaricia suas costas, levo uma de minhas mãos até a boca para abafar o som dos soluços que querem escapulir de mim. — Mamãe não vai demorar, e quando eu voltar, vou trazer um monte de presentes para você.
— Eu não quero presentes. - Rafael diz entre soluços mais violentos, as lágrimas escorrem por minhas bochechas. Ludmilla levanta do chão com o pequeno em seus braços. — Eu quero a senhora, mãe. Não vai, fica aqui comigo.
— Nós já conversamos sobre isso. - Olho para o rosto dela e o vejo marcado pelas lágrimas. Rafael começa a murmurar coisas inaudíveis em meio a um choro compulsivo e ela o abraça com mais força. — Não fica assim, carinha. Você está machucando a mamãe.
Aproximo-me dos dois e acaricio as costas do meu pequeno, ela olha para mim por cima do ombro dele e me puxa para mais perto, fazendo-me abraçá-los.
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Acalmar Rafael foi um pouco mais difícil do que deveria ter sido, ele não queria de forma alguma se afastar de Lud, e estava bem perto da hora do voo dela. Minha esposa e eu tentamos, de todas as maneiras possíveis e impossíveis, fazê-lo parar de chorar ao menos um pouco. Com muita dificuldade conseguimos fazer com que ele se acalmasse. E agora estamos os três sentados esperando a chamada para o voo de Ludmilla.
— Você vai se cuidar direito?
Pergunto olhando para Lud, ela sorri e acaricia minha mão com seu polegar. Rafael está sentado em seu colo, de frente para ela, agarrado como se nela como se fosse um filhote de coala.
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Stupid Wife - Versão Brumilla
DobrodružnéVocê já se imaginou casada com alguém que você nunca suportou na vida ? Brunna também nunca havia imaginado isso, muito pelo contrário. Era pra ter sido apenas uma manhã normal, Brunna acordaria, tomaria seu café com sua família e ganharia um novo m...