- Não aguento mais esse lugar, Sora! – Reclamei mais uma vez por telefone com minha melhor amiga – Como você conseguiu me convencer a vir morar aqui? Vocês são muito estranhos! – Finalizei minha reclamação quase trombando com alguém enquanto entrava em um prédio enorme, também conhecido como meu trabalho, onde todos me olhavam repreendendo.
- Letícia, pare de reclamar um segundo! Ninguém aqui é estranho, são só costumes diferentes e você se acostuma. E você veio porque estava desempregada no Brasil, eu precisava de uma ajuda de uma assessora de moda e você me ama, fim de história. Já está chegando? – Minha amiga falou tudo em uma lufada só e custei a entender, apesar de conhecer bem o coreano, graças a ela.
- Estou aqui – Falei alto abrindo a porta da sala de minha amiga e me arrependendo logo em seguida.
Alguns dos principais staffs estavam reunidos na grande sala/guarda-roupa de um dos maiores grupos de k-pop da atualidade: Bangtan Boys. Ali se encontravam meus companheiros de trabalho da área das apresentações, o que só podia significar uma coisa: Premiação. Agora me resta saber qual? Será que eu ando tão desligada assim?
- Você está me ouvindo Letícia? – Kyu, gerente de produção sendo assim um dos meus chefes, chamou minha atenção.
- Claro, claro! Premiação, show, megaprodução... – Falei com certo desdém enquanto pegava um café, até porque não era nada de novo para mim.
- Sim e que vamos precisar de pelo menos quatro trocas de roupas para os meninos, sem contar de assessoria para os mais de cento e sessenta figurantes e dançarinos – Kyu cruzou os braços sorrindo perversamente.
- Você tá de sacanagem com minha cara? – Praticamente cuspi meu café, quase o atingindo e logo escuto algumas risadas que eu conhecia muito bem, mas nem imaginava que os donos delas estavam presentes.
Mais ao fundo da sala, próximo as mil araras de roupas, os sete homens se dividiam entre tentar esconder a risada e rir na cara dura. Uma risada se destacava das demais, pois parecia o barulho de um rodo no vidro, aquela risada que me dava nos nervos assim como seu dono e toda a beleza e a criancice que o rodeava: Kim SeokJin.
A raiva e vergonha vieram imediatamente, e como uma criança inflei as bochechas de ar, cruzei os braços e pisei fundo até chegar a frente daquele homem insuportavelmente lindo.
- Qual a graça? Posso saber? - Bufei vendo sua cara de assustado fingido e deboche claro.
- Uma piada que eu contei... Maluca - Ele respondeu e sussurrou a última parte baixo, para sua infelicidade, eu ouvi.
- Maluca?! Eu vou te mostrar a maluca! Vou virar no Jiraya aqui! Rodar a baiana para você ver, seu coreano gostoso e narcisista! - Comecei a gritar em português mesmo e a estapeá-lo.
Todos correram para apartar, não que não estejam acostumados a separar mais uma de nossas brigas. Senti minha cintura ser rodeada por mãos fortes e me afastarem do homem alto que estava com os olhos arregalados com o verdadeiro pavor estampado no rosto. Ouvia risadas e bufadas de descontentamento. Eu sei o que vão dizer "vocês dois não são muito velhos para ficar com essas pirracinhas?". E aí eu respondo "sim! Somos!", mas como evitar o único na vida que me tira o sério por simplesmente existir?
- Juro que isso é amor reprimido Letícia - A voz rouca de Taehyung soa atrás de mim, enquanto suas mãos ainda me arrastam o mais afastada da lombriga maravilhosa de SeokJin.
- Amor porra nenhuma menino, fica quieto e me respeita! - Me contorci, tentando me afastar inutilmente.
- Você tem que parar com essa mania de falar em português ou gurias de lá, ninguém entende! - Ele reclamou, mais uma vez.
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A Madly in Love Gringa!
RomanceEla não se adapta ao padrão daquele país tão diferente, mas quem a culpa? Ela é a mais típica brasileira! Como fazer então para aquele coreano insuportavelmente lindo se apaixonar por ela?