19. Marcella

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- Obrigado. - sorrio e uma lágrima cai por minha face. - Foi muito importante pra mim. - assinto e o deixo só.

Sento num banco mais adiante e o espero. Vejo-o se agachar e assim ele fica durante um tempinho. Depois se levanta e fica olhando para o túmulo dos pais. Se vira e vem em minha direção. Quando ele está perto, levanto e encurto nossa distância.

Theo estende a sua mão e eu a seguro. Ele sorri. Está leve.

- Vamos para o hotel. - ele diz e começa a caminhar.

- Seus avós ainda são vivos? - pergunto.

- Meus avós paternos morreram pouco tempo depois de meus pais casarem. Minha avó materna morreu no parto da minha mãe. - assinto.

- Você vai visitar o seu avô? - ele estaca e me encara.

- Eu não tenho porque ir vê-lo. - sinto uma raiva contida em suas palavras.

- Ele é seu avô, Theo. - falo, reticente. - Ele é sua família.

- Ele é apenas um homem frio e arrogante que vê no dinheiro e no poder seu único motivo de viver. - as palavras doem na minha alma. Theo deve ter sofrido muito vivendo com um avô assim.

- Mas mesmo assim ele fez uma lápide linda para os seus pais. - ele ri sem o mínimo humor.

- Meu avô é austero e frio, Marcella. Ele jamais mandaria fazer aquela lápide. Ele nem sequer enterrou meus pais juntos. - franzo o cenho. - Quando meus pais morreram naquela maldito acidente, o todo poderoso Fernando Predes colocou minha mãe no jazigo da família e meu pai num cemitério público. - arregalo os olhos e ponho a mão na boca mediante aquele horror. - Só quando fiquei adulto foi que coloquei os dois juntos e mandei fazer a lápide. Você não faz ideia como foi um inferno viver com ele.

Ele treme tamanha é a sua raiva. Parece um menino indefeso.

- Eu sinto muito, Theo.

Eu o abraço e ele deixa seus braços caídos. Eu quero confortar aquele menino que ele tem dentro de si. Depois olho pra ele.

- Eu sei que talvez você não vá gostar do que eu vou dizer agora, Theo, mas eu preciso dizer. Apesar de tudo, ele é seu avô. E  já está velho. Talvez esteja te esperando. Talvez não tenha coragem pra te procurar. Talvez ele só esteja precisando do seu perdão.

Ele me olha de maneira profunda. Como se tivesse uma guerra dentro dele. Uma guerra entre o orgulho e o perdão.

- E mesmo que ele não queira o seu perdão, perdoe-o mesmo assim. Não por ele, mas por você e seus pais. Eu tenho certeza que você se sentirá melhor. Se dê essa chance, meu querido. - falo com toda a sinceridade do mundo.

Ele continua me encarando e eu aguardo. Theo dá um longo suspiro.

- Está bem. - fala por fim. - Vamos até a casa dele.

Seguro a mão do meu amor e seguimos para o carro. Theo instruiu o motorista e sentamos juntos no banco de trás.  Com os dedos entrelaçadas. Em silêncio durante o longo percurso. Paramos em frente à uma casa imponente. Uma casa que exalava riqueza. Theo olhava para aquela casa e seus dedos apertaram os meus.

- Se você não quiser hoje...

- Não.  - ele me corta. - Eu vou.

Theo dá um suspiro e abre a porta do carro me ajudando a sair também.  De mãos dadas seguimos até o portão.  Dois seguranças aparecem.

- Pois não, senhor? - um deles diz.

- Sou Theodoro Resende.  Vim ver meu avô.

- O senhor Predes é o seu avô?  - ele pergunta, incrédulo. - Theo assente. - Um minuto, senhor. 

Casamento por amor? - FINALIZADOOnde histórias criam vida. Descubra agora