As névoas ainda não haviam dissipado embora o sol já começasse a esquentar a manhã. As escadas do metrô apresentaram-se diante dele, como todos os dias, prenunciando a tortura até o escritório e as inúmeras tarefas procrastinadas de seus colegas ou alucinadas de seus superiores.
Mais adiante, uma criança maltrapilha tentava carregar uma mochila. Uma mochila grande para seu tamanho. O garoto arfava a cada tentativa, levantando, andando uns passos e parando antes de uma nova empreitada. Resolveu procrastinar sua chegada ao escritório ajudando aquela criança.
O garoto sorriu diante da ajuda. "Obrigado, senhor". Entretanto, preparado para levantar um grande peso, o homem quase tropeça quando levantou algo leve como o vento. Por um instante as névoas pareceram adentrar aquele corredor subterrâneo, e os dois caminharam até a bilheteria.
Embora curioso, não quis perguntar ao garoto o que a mochila continha. Prosseguiram em caminhada, os pequenos passos do rapazinho acompanhando o adulto. Enquanto andavam, o garoto dançou um pouco à sua frente, e parou impávido, como num desfile militar. Abriu os braços tentando alcançar os ouvidos distantes do adulto, querendo dizer um segredo. "Dentro da mochila está o meu futuro".
O homem quis abraçar a criança. Mas quando deu por si, ao seu redor apenas névoa e um metrô deserto.