O pecado dos anjos - Uma nova história de Kuroshitsuji

I.III.II

O sino na porta da loja tocou chamando a atenção dos funcionários, um deles em especial abriu um pequeno sorriso ao ver o jovem duque Everfree passar pela porta, não entendia o gosto por espadas daquela criança, mas não se importava dês de que ele lhe pagasse bem. Os olhos do jovem duque percorreram os estandes devagar, as espadas, floretes e adagas tinham desenhos bonitos e algumas das lâminas tinham iniciais ou runas entalhadas como se fossem mágicas, mas nenhuma daquelas lhe interessava, o jovem duque estava ali pelas lâminas negras que o ferreiro daquela loja sempre conseguia para si. Sapphire logo reconheceu o rosto barbudo do ferreiro, ainda estava chateado com o que houve mais cedo com o conde Phantomhive, mas ver o rosto conhecido lhe fez sorrir um pouco.

- Ah, a que devo a honra da visita do canário da rainha tão fora de seu horário normal, pequeno jovem duque?

- Nada em especial na verdade - O jovem duque olhou em volta, dando de ombros de leve - Apenas vendo o que o tio tem para me oferecer.

- Pois chegou na hora perfeita, jovem duque, recentemente adiquiri uma espada que tenho certesa que irá amar.

- Explique melhor por favor, tio?

- Uma espada encantada, é conhecida como matadora de anjos, lâmina da verdade também, é feita de um metal raro que identifica o caráter das pessoas, é incrível… Aposto que irá adorar, jovem duque.

- Mm, parece interessante, posso ver ela tio?

- É claro, claro jovem duque, só um momento.

O homem se afastou e logo voltou carregando um estojo de madeira que parecia bem pesado, apoiando-o em uma bancada, destravando as travas douradas, abrindo o estojo com cuidado e revelando uma bela espada de lâmina transparente e cabo enfaixado com fitas coloridas, sua guarda são duas belas asas de ossos e o brasão de um lobo as prendiam juntas, na lâmina transparente e gravadas em runas nórdicas, havia a frase "Matadora de anjos - justiça" destacado com o dourado de folhas de ouro. O jovem duque se aproximou, curioso, ele nunca havia visto nada como aquela espada e algo nela chamava a sua atenção de uma forma especial.

- Como ela funciona? Como identifica o caráter das pessoas?

- Tudo que precisa é fazer um pequeno corte sobre a pele, não sei lhe dizer como funciona, mas já foi provado ser real e até assumir padrões diferentes de cor de acordo com crenças e disposição da alma, quer testar, jovem duque?

- Quero.

O jovem duque se aproximou e cortou seu dedo na lâmina com cuidado, em menos que um piscar de olhos a lâmina límpida se tornou escura como carvão com o sub-tom de sangue, apenas uma pequena parte da borda tornou-se branca e uma linha central na espada permaneceu perfeitamente transparente, o ferreiro deu um pequeno passo para trás, aquela espada nunca errava. O jovem duque sorriu com o resultado, sabia que seria algo assim, há final, já estava cansado de ouvir que era uma pessoa terrível mesmo parecendo tão inocente por fora, aquilo não lhe era nenhuma novidade. A espada continuou com esse mesmo padrão até que o sangue do jovem duque fosse limpo de sua lâmina e ela voltasse a se tornar transparente e o próprio jovem duque a colocasse de volta na caixa aonde haviam ainda alguns acessórios para cuidado da espada e a entregou para Devon, queria aquela espada com toda a certesa.

- Quanto você quer por ela tio?

- Mhm, e se for um presente? Você é meu melhor cliente no fim das contas… Que tal hm?

- Mesmo? Obrigado tio!

O jovem duque sorri doce, claro que sabia que aquele presente era por medo, mas não se importava com isso, tinha um brinquedo novo e isso era o mais interessante para si. Sapphire já estava cansado daquele passeio, já havia pego o que queria e estava mais que pronto para voltar para casa, já ia seguindo seu caminho junto com Devon quando o som familiar de cascos o fez parar no lugar, logo o jovem duque reconheceu o cavalo branco carregando o mensageiro da rainha, o que aquele homem fazia ali? A carta foi entregue diretamente ao jovem duque junto com um pedido de urgência para aquele caso, por mais que o mensageiro tivesse se recusado a dar qualquer detálhe, insistindo que o caso era delicado demais para comentar em público e que a rainha havia pedido descrição, então o jovem lorde insistiu que o mensageiro os acompanhasse de volta à mansão, a rainha nunca mandava um caso com urgência tão grande a ponto de mandar um mensageiro diretamente atrás de sí e isso deixou o jovem lorde animado demais, talvez usasse sua nova espada antes do que pensava.
Já na mansão o jovem duque ordenou que Devon providenciasse uma carruagem para irem diretamente ao local da investigação assim que terminasse a carta e ouvisse os detálhes do mensageiro da rainha, o mensageiro sentou-se na cadeira em frente ao jovem duque no escritório, como não desconfiar? Fora mandado para procurar pessoalmente o jovem duque Everfree, um nobre maligno, que dominava metade do submundo da Inglaterra e mantinha a cidade em ordem, mas quem era aquele pirralho prepotente em sua frente? Aquele garotinho mal deveria controlar a própria vida, quem dirá o submundo londrino! Mas as ordens da rainha haviam sido claras, deveria procurar pelo herdeiro da casa Everfree e lhe conferir a missão de… Aonde estavam os pais dessa criança de qualquer maneira? A rainha só poderia estar se referindo ao pai daquele garotinho, não é?

- Uhhm… Então, jovenzinho, onde estão seus pais?

- Dormindo eternamente no rio Tâmisa, quer ir buscá-los ou falaremos do caso?

- C-Claro, o caso… Vossa majestade pediu urgência há final…

- Fale logo homem, eu não tenho todo o tempo do mundo sabia?

- S-Sim… Jovem duque… - O homem engoliu em seco e pigarreou - … Herdeiro da família Everfree e Duque de Henriette, vossa majestade lhe convoca a investigar relatos de julgamentos de bruxas ocorridos em uma cidade campestre dentro de seu domínio… E…

- E…?

- E como cristão temente a Deus, que verifique os relatos da aparição de um anjo na cidade.

- Um… Anjo?…

"Iron and steel will bend and bow,
Bend and bow, bend and bow,
Iron and steel will bend and bow,
My fair lady."