2°ensinamento

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Boa leitura...❤

Tem certos momentos da vida que você tem que sair da bolha isolada que você cria em si para poder se socializar com as pessoas. A comunicação é essencial para arranjar um emprego, tirar dúvidas sobre algo que não entendeu e até mesmo explicar sobre coisas banais para seus pais ou amigos.

Mas para Hyejin a palavra socializar lhe trazia medo, era como se uma grande barreira de gelo lhe impedisse de viver como uma pessoa normal, com amigos e uma vida relativamente ativa.

🌸

- Já se passaram dois dias e você sempre inventa a mesma desculpa, Hye!

Naquela manhã de quinta feira, Anari surtava enquanto encarava a amiga que a observava sem muito ânimo, enquanto segurava o celular com a música pausada. Hyejin poderia novamente inventar que estava com dor de cabeça ou que não estava em um bom dia, mas Anari já percebia que a garota estava adiando o encontro com os seus amigos e aquilo lhe deixava muito estressada.

- Não pode novamente inventar uma desculpa? - Hye perguntou e viu sua amiga balançar a cabeça negativamente, aquilo lhe fez suspirar frustrada. Estava à alguns dias tentando adiar aquele encontro, mas como a vida nunca está ao seu favor, fez questão de lhe lembrar que ainda era uma pessoa normal como todos. - Tudo bem, eu vou.

Anari pulou animada quando viu Hye sair da sua cadeira e deixar os seus preciosos fones dentro da sua mochila. Assim que estava tudo em seu devido lugar, Anari entrelaçou levemente suas mãos com a da amiga e saiu a puxando pelos corredores movimentados do colégio.

Hyejin torcia para que aquele refeitório estivesse com menos movimento, assim como torcia que ninguém notasse a sua presença, sabia que sua aparência poderia assustar qualquer um que atravessasse o seu caminho. Seus cabelos estavam amarrados em um rabo de cavalo alto, não havia passado nem um gloss nos lábios e sabia que a única cor que existia em seu rosto era a da vergonha que sentia, que deixava levemente seu rosto avermelhado.

Depois de alguns passos estava de frente para um grupo de 4 pessoas que conversavam animadamente sobre algum novo festival que haveria em Seoul em poucos dias. Reconheci Yoongi no meio deles e apertei as mãos da Anari quando seu olhar pousou-se sobre mim, assim como os de todos os seus amigos assim que notaram a nossa presença por ali.

- Então é essa a amiga que você sempre fala, Anari? - Um dos garotos de cabelo acastanhado perguntou mimadamente animado, deixando um bonito sorriso estampar o seu rosto. Assim como os outros meninos ele parecia curioso em descobrir sobre mim e acabei por xingar-me mentalmente ao sentir minhas pernas bambas.

- Bom, essa é a Kim Hyejin, minha melhor amiga! - Anari olhou- me e balançou nossas mãos em um ato totalmente animado. Fiz um pequeno aceno com a cabeça para poupar qualquer fala que dirigisse para aquele grupo de garotos. - Hye esse são Jung Hoseok, Jeon Jungkook, Kim Taehyung e aquele que você já conhece, Yoongi.

E novamente lá estava eu, vermelha parecendo um tomate.

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A leitura sempre me fez bem, tira os pensamentos obscuros que rondam a minha mente. Os folhear das páginas me traziam paz e a cada escrita me impressionava pela facilidades dos autores em escrever histórias magníficas. Será que eles pensam durantes anos e anos até criar uma perfeita história que possa envolver um leitor?

Me peguei novamente pensando em besteiras enquanto observava mais um livro de romance no meio da grande biblioteca do colégio. Depois da vergonha que Anari me fez passar em frente aos seus amigos, pedi um tempo para respirar assim que conheci os outros, estava totalmente assustada ao receber tantos olhares masculinos sobre mim. Argh, eles eram tão bonitos e eu no máximo uma....ridícula?

- Se continuar a corar tanto, eu posso te confundir com essa torta de morango!

Uma voz baixa me fez sair do meu mundo paralelo, o garoto baixinho com um avental marrom me deu um pequeno sorriso assim que deixou um copo de café e uma torta de morango em cima da minha mesa. Não me lembro de ter feito algum pedido na cafeteria pessoal da biblioteca, não tinha nem dinheiro o suficiente para comprar as delícias daquele lugar e então por quê ele pareceu tão simpático?

- E-eu não fiz pedido algum, acho que você se enganou de mesa. - Falei baixo vendo o garoto dá um pequeno sorriso e balançar a cabeça negativamente. - E não, não estou corada! Isso é coisa da sua cabeça!

- Então porquê estou vendo duas maçãs vermelhinhas em seu rosto? - Fez bico e eu baixei a cabeça, encarando a calda de morango cair vagarosamente no prato. - Oh, a comida é por conta da casa! Não aceito que leia um bom livro e não saboreie um bom café! - Sentou -se em minha mesa.

- Aish, eu não posso aceitar...nem ao menos te conheço e...

- Jimin, Park Jimin. - Estendeu a sua mão e percebi que era bem pequena o que lhe dava um ar bem fofo. Rápidamente cedendo ao gesto educado dele, lhe cumprimentei, soltando um pequeno sorriso. - Não gosto de desfeitas então pode comer essa torta, prometo que não irá se arrepender!

Como ele pode ser tão caridoso com uma pessoa que nem ao menos conhece?

Pensei e acabei não lhe contestando, aproveitei para comer e conversar com o garoto que parecia estar bem animado com a minha presença. Jimin é um garoto bom, apesar de eu perceber que não tem total auto confiança em si próprio e ser tímido, porém, ele deixou eu descobrir em poucos minutos que trabalha na cafeteria quase 1 ano e que gosta de recheados bolinhos de arroz.

Pela primeira vez na vida eu não deixei com que os os meus medos me afetassem e continuei com uma conversa calma, eu me sentia bem perto dele mesmo que tivéssemos se conhecidos a exatos 20 minutos.

Mas assim como o café esfria, a vida lhe mostra que ela pode ser amarga como um café sem açúcar e uma pessoa completamente vazia.

- Infelizmente eu tenho que ir Hye, o meu horário de intervalo já acabou e devo voltar ao meu trabalho. - Jimin levantou da cadeira e colocou um pequeno pano sobre o ombro, olhando para os lados a procura de alguém. - Venha mais vezes, assim poderá me fazer companhia!

- Pode ter certeza que estarei aqui todos os dias, Jimin. - Falei sorrindo, recebendo um pequeno aceno vindo do mais velho e logo ele se retirou da mesa me deixando completamente cabisbaixa e sozinha. - Por quê não existem pessoas iguais ao Jimin? - Sussurrei e assim levantei da cadeira, disposta a enfrentar a vida real do lado de fora da biblioteca.

🌸


Depois de horas que mais pareceram uma eternidade, estava de frente para a fachada da minha casa. Abracei o meu caderno com um pouco de força enquanto encarava o pequeno jardim mal cuidado, vendo que a cada rajada de vento as pétalas murchas iam caindo e se deparando com o chão, onde seriam descartadas e jogadas no lixo.

- Não sabia que minha vida era resumida em pétalas murchas e sem vida. - Ironizei e com passos pesados me dirigir até a porta de casa.

Assim que coloquei os meus pés dentro de casa algumas risadas altas me surpreenderam e me fizeram parar estática na sala. Minha mãe conversava com ele, ela a recebia com uma pequena xicara de chá em mãos e assim que seu olhar pousou sobre mim, senti meus olhos marejarem.

- S-Seokjin?

Depois de alguns dias de luta e choros você percebe que existe uma luz que você havia esquecido debaixo do seu travesseiro. Mesmo que maltratado, cheio de poeira e completamente desgastado, ele é seu ponto de paz. Em algum tempo ele volta, te traz boas memórias de dias que não voltam mais e é aí que você percebe que não está só.

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Depois da turbulência, esse é um dos motivos que mantém o meu coração batendo e com vida.


Feliz natal!🎁❤
        

So Far Away •KTH/JJK•Onde histórias criam vida. Descubra agora