Carta para a morte.
A lua aponta cheia no horizonte do céu. Enorme e mística, iluminando a face de Michelle. Sua luz é tão forte que acaba dando a impressão de ainda estar de dia. Dourada como ouro, uma joia gigante que atraí olhares mais inquietos, como o da garota sentada à janela.
– O que foi? – pergunta Letícia.
Michelle desvia o olhar para ela. Um olhar baixo e profundo.
– Nada de mais – responde – Gosto de olhar a luz da lua.
Letícia se senta junto dela, cuidando para não amarrotar o vestido que usa.
– Isso tudo é novo para mim – diz Letícia – Tenho medo de perder Matheus.
Michelle permanece em silêncio, sem saber o que responder para a outra garota. Pobre Letícia, conhece pouco do medo, ainda não viu o medo personificado à sua frente. Michelle sorri.
– Disse algo engraçado? – questiona a garota.
Michelle olha para ela, em silêncio. Calma e serena, ela pisca para a namorada do irmão.
– O que diabos está acontecendo contigo? – grita Letícia – Por que está agindo de forma tão idiota.
– Você fala do medo como se o conhecesse – lança Michelle – Devia temer por sua vida.
– Por que diz isso? – pergunta ela.
A jovem amaldiçoada suspira. Não tem desejo de traumatizar a outra garota.
– Vá dormir – pede.
– Não tenho sono – diz Letícia – Acredito que você também não conseguiu dormir.
– É difícil dormir num quarto onde seu primeiro namorado foi encontrado morto – responde a jovem – Você tem sorte de não saber das coisas como eu sei. Como eu sou.
Letícia assente com a cabeça. Não sabe o que dizer. O clima estava começando a ficar estranho. A garota não tinha medo de estar ali, mas algo no passado de seus colegas a assusta e a coloca em alerta. E se essa fosse sua última noite?
– Vou me deitar – diz Michelle – Essa vai ser uma noite difícil e amanhã temos muito o que fazer.
Letícia sorri, assentindo com a cabeça.
– Durma bem – diz a garota.
– Acho difícil, mas vou tentar.
Letícia observa a outra garota sumir pelo meio das sombras do casarão. Ela desvia o olhar para a janela, seu pulmão se esvazia, sua mão gela e suor frio escorre for sua testa. O que diabos é aquilo na janela? Sombras não podem ter forma. Não podem ter vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Aviso do Demônio _ Parte Dois.
FantasyDepois de acordar de um coma, Michelle percebe que se passaram muitos anos. Seu irmão já não era mais pequinho como lembrava. Nada era como lembrava. A vida deu um jeito de traçar novos caminhos, colocando-a num estado de confusão. Até que tudo e...