5 - parte 4

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Na sexta à tarde, estou finalizando uma apresentação com alguns amigos da faculdade quando Caitlin me liga. Esperei por sua ligação a semana toda. Ela passou a semana me dando olhadelas estranhas na lanchonete e na faculdade, mas não disse nada sobre o contato do meu ginecologista salvo como amor. Pensei que tivesse deixado para lá, mas esse dia finalmente chega.

— Não vou ao ginecologista com você! Primeiro, porque não quero ver sua perereca! Segundo, não quero ver o médico! Você já é bem grandinha, vá sozinha! — insisto.

— Você não ouviu o que eu disse, então vou repetir. Seu médico só tinha vaga na agenda dele para daqui três meses. Eu disse que era sua amiga e a mulher que me atendeu pediu um momento. Depois, seu médico me atendeu e disse que eu posso ir amanhã e que você deve ir comigo. Então você vai comigo! Ou eu não vou ter a consulta.

— Caitlin! Você vai deixar um homem manipular você assim?

— Eu vou! A consulta vai sair de graça e ele é mesmo um dos melhores do estado. Eu pesquisei!

— Eu não vou com você e pronto!

— Você não está triste e desligada ultimamente por que parou de ver esse médico?

— Não! Parei de vê-lo porque não tenho vida sexual. Não preciso ir sempre ao ginecologista. Ele é só mais um médico qualquer.

— Então por que você salvou o contato dele como amor?

— Porque o nome dele era difícil demais para eu lembrar.

— Gabriel? Sério? Não tem nome mais fácil de lembrar, Mackie. Ou você vai comigo amanhã ou eu vou acampar na sua casa até que você me conte tudo o que está escondendo sobre o seu médico casado.

— Está bem! Eu vou com você, se me prometer não tocar mais nesse assunto. Ele é casado, eu não dormi com ele, jamais faria isso. Ponto final.

— Me deixe conhecer seu amor e amanhã nos falamos.

Ela desliga o telefone e a falsa calma que eu estava sentindo nos últimos dias se vai. Irei vê-lo amanhã. Meu coração acelera em antecipação, meu estômago parece revirar e meu corpo todo está em alerta.


Enquanto aguardamos na recepção do doutor Gynlard, vejo sua assistente chamá-lo por telefone repetidas vezes. As mulheres aqui usam roupas decotadas e curtas. Elas estão maquiadas como se fossem para uma festa e não para uma consulta com um ginecologista. Me pergunto se este foi o motivo de seu casamento ter dado errado. Não deve ser fácil para uma mulher ser casada com um homem tão lindo em constante contato com a intimidade de várias mulheres.

— Será que é verdade o que eles dizem? — Caitlin pregunta baixinho. — Que ginecologistas não gostam de púbis por que já as veem demais no trabalho?

— Isso não faz sentido. Se não gostassem por que trabalhariam mexendo com elas?

— Você pode detestar picles e trabalhar no Burger King assim mesmo. Será que eles chegam em casa à noite e ainda tem ânimo de brincar com as das mulheres deles? Eles veem isso o dia todo!

Ela me encara séria esperando uma resposta.

— Bem, se eu trabalhasse com pênis o dia todo ainda ia querer sentar em um ao chegar em casa — constato e ela aceita a resposta.

A secretária do doutor Gynlard está rindo, a olhamos envergonhadas por ela ter nos ouvido.

— O doutor Gynlard gosta de bocetas, se é o que querem saber. Ele com certeza quer uma quando sai daqui — responde fazendo todos os olhares da recepção caírem sobre nós.

DEGUSTAÇÃO - Doutor GynOnde histórias criam vida. Descubra agora