{Capitulo único}

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Merry Christmas Boy

[ Jeon Jungkook ]

Reuniões de família devia acontecer a cada três anos, porque a cada reunião você já recebe raiva o suficiente para três anos. Sério, juntar toda a família, e vizinhos, em um quintal, com uma enorme ceia, com muita gente bêbada e falando merda, parece atrativo para você? Para mim não, juro que preferia estar na festa de Natal, na faculdade ou sei lá, sozinho em casa, do que aqui no meio disso tudo. E isso nem é o pior. Aguentar as perguntas é o pior, perguntas do tipo " E aí, como anda as gatinhas na facul?", sério? Em pleno século XXI? A minha vontade é de ignorar total, mas enfeitei o rosto com o sorriso mais falso que consigo dar e só. Não tenho que responder a isso, ah! Tem minhas tias também, são quatro no total, e todas, todas, perguntam sobre namoro ou sexo. Ou seja, a vida de um estudante de engenharia se resume a namoro e sexo. E o mais engraçado é que eu já conheci mais garotas hoje do que em todos esses anos, e de acordo com minha mãe, quatro delas é perfeita para casar.

A palavra casamento me dá arrepios, eu não quero casar tão cedo, apesar de já ter vinte e quatro anos, acredito que casamento é uma besteira.

A verdade de eu não gostar muito de reunião em família é o fato de eu não posso ser eu mesmo, não é só porque os julgamentos muitas vezes são piores que os de um desconhecido. Tenho um segredo. Não, eu não matei ninguém, mas acredito que se meu pai souber ele tem um infarto. Sou gay. Isso, eu gosto de homens, tenho atração apenas por homens, sexo masculino. Mas olha só, minha mãe só enxerga o hétero estudante de engenharia Civil. Ridículo. "Com quantas garotas já dormiu? " meus primos perguntam, e eu apenas começo a rir e encho a boca com comida.

Minha infância foi normal, como a de toda criança que vive na Coreia, eu tinha uns quatorze anos quando beijei pela primeira vez, foi minha melhor amiga San, juro que tentei gostar daquilo, mas assim como eu, ela também sabia que não era o que eu gostava. Então, para resumir, no meu aniversário de quinze anos, na festa que teve depois do jogo de beisebol, Kim Ji-won, o nerd mais bonito que já vi, roubou um beijo meu. Foi aí que começou meus conflitos internos e sigilosos e, em simultâneo, meu romance secreto com o nerd que pagava de hétero. Eu sei, é vergonhoso contar sobre isso, tudo bem, eu superei e me descobri no meio disso tudo. O único problema é que em dez anos eu não tive coragem para contar aos meus pais sobre meu segredinho.

Bebi mais um gole do champanhe e observei o jovem que sorriu para mim. Kim Taehyung foi meu vizinho desde sempre, mas nunca conversamos muito, ele sempre foi, de acordo com meu pai, uma má influência. Entretanto, na minha opinião, ele sempre foi muito lindo, em cada época do ano ele pintava o cabelo de uma cor e eu sempre quis perguntar o porquê, mas nunca tive coragem, ele é famoso no bairro, sempre chamou a atenção entre meninos e meninas, fazendo sucesso com seu estilo aleatório e o skate que costumava levar para todo lugar. Ele é mais alto que eu, mais forte e tem um sorriso safado no rosto, ele é gentil, igual um lobo sob pele de cordeiro. Lindo aos olhos de todos, parece um anjo, igual Lúcifer. O motivo de eu achar isso tudo é que ele é igual a mim, mas com uma diferença, ele assumiu para os pais um pouco antes de sair de casa, eu lembro de minha mãe comentar que a vizinha ficou chocada com o fato de ter um filho gay, mas aceitou bem, sorte dele. Ele estuda na mesma universidade que eu, mas faz um curso totalmente diferente do meu. Eu já vi ele com alguns caras no campus e me pergunto se ele é muito popular mesmo, ou só rodado.

— O filho pródigo retorna ao lar. — A voz grave e o sorriso, que poderia ser comparado ao de um príncipe safado, se fez presente ao meu lado.

— Sempre. — Comentei encostado na cerca e observando meu primo jogar um pedaço de queijo em minha prima, é uma família normal.

— Parece entediado. — Comentou e eu revirei os olhos.

[ • Merry Christmas Boy • ] TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora