cinco segundos.

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Todos dentro do Maracanã gritavam para os jogadores, até o time rival aplaudia o grande desempenho do time. Ninguém ousava dizer que eles não era o maior time, em elenco e equipe técnica, da década.

Os jogadores reverenciavam a torcida, e com isso só conseguia como resultado mais gritos de alegria, não era todos os dias que seu time ganhava uma libertadores dentro do casa.

O grande ídolo do jogo, o craque da rodada, havia marcado os três gols de vitória e era um tanto glorificado no Maraca, mas isso não chamava muito sua atenção.

Torcida e time, Maracanã e gigante do futebol, torcedora e camisa nove.

O jogador olhava fixamente para uma torcedora na arquibancada que também o encarava, não demorou muito para que todos percebessem que o jogador trocava olhares com alguém, e demorou muito menos para achar esse alguém.

- Parece que torcedora chamou atenção do craque.

Dizia o narrador do jogo chamando ainda mais atenção para os dois, foi quase que instantâneo todo o estádio começar a gritar para que o jogador ou a torcedora se aproximassem.

Sem perceber o jogador andou em direção às escadas que davam em uma pequena passagem para arquibancada, e para a onde a tal torcedora estava.

Talvez por estar tão concentrada em somente olhar o jogador, a garota tenha demorado a perceber que ele se aproximava dela, só foi perceber que ele estava chegando próximo a si quando o mesmo já estava a dois passos de distância.

Mesmo próximos ainda conversavam em olhares, talvez por medo da hipnose acabar, nenhum dos dois se atrevía a ser o primeiro a falar. Mas porque se preocupar com isso, quando se tem um estádio lotado pedindo para que vocês se beijem?

Quando a mesma pressa que acabou com a distância entre si e a torcedora, e seus braços apertaram a cintura da moça, foi a mesma em que ela disse:

- Você tem namorada!

E assim o jogador desviou seus lábios da direção que queria para a testa da moça, ele acabou beijando os belos cachos da menina.

- Isso realmente importa? - o jogador perguntou.

- É fácil para você falar, se eu te deixar me beijar sairá daqui com fama de pegador e eu com de piranha destruidora de relacionamentos - disse a garota, e logo em seguida empurrando o jogador para longe de seu corpo.

Todo o Maracanã vaia eles por não ter se beijado, mas para os dois mais parecia um zumbido irritante do que milhares de pessoas.

- Qual é o seu nome? - o jogador perguntou se aproximando cautelosamente novamente, ele queria ficar perto.

- Qual é a importância disso, quando acabar aqui você, lembrará de mim? - perguntou de volta a garota, ela havia percebido que o jogador estava se aproximando outra vez e realmente não importava, seu corpo havia gostado do calor que sentiu quando o rapaz o tocou, mesmo que por pouco tempo.

- Acho injusto, você sabe meu nome e talvez até meu sobrenome!- argumentou o jogador agora um tanto colado com a torcedora, eles quase dividam o mesmo ar de tão próximos.

- Meu nome é Marian.
- E o sobrenome?
- Não vejo qual é a necessidade disso, então não vou dizer, e adeus- disse a torcedora se distanciando, pegando sua bolsa e preparando-se para correr de Gabriel.

O jogador considerado o mais veloz da competição demorou um tanto para processar que a garota estava quase fugindo de si, mas não por muito tempo. Ele foi atrás dela e a puxou contra seu corpo, e foi assim que os dois ficaram mais uma vez a dividir o mesmo ar, afinal Newton estava errado pode sim dois corpos dividirem o mesmo espaço.

- Você não deveria estar indo atrás da sua namorada? - perguntou Marian, tentando fazer o jogador e talvez até si mesma cair em si, ele ainda estava em um relacionamento e eles ainda se encontravam dentro do um estádio lotado, que estava aos observar como o último capítulo de uma novela.

E talvez até mais interessante.
O jogador não parava de olhar para os lábios cheios de Marian, e ela o olhava para seus olhos na esperança de encontrar um pouco de lucidez.

- Você vai deveria querer beijar sua namorada, não eu!- disse a garota chamando atenção do jogador, péssima idéia, agora ela era encarada pelo mesmo. Ela não sabia se era pior saber que o Jogador estava olhando fixamente para seus lábios ou se ser encarada diretamente por ele, não tinha como negar que havia tão pouca lucidez em cada um deles.

- Como tem tanta certeza que quero te beijar?

- Se não quisesse não olhava para os meus lábios como se fosse ataca-los a qualquer momento.

Gabriel desviou seus olhos dos da torcedora outra vez e voltou a olhar para os lábios dela, e a garota tomou a péssima decisão de olhar para os dele também.

E assim a lucidez foi embora.
A menina chegou perto do jogador e puxou seu lábio inferior, o rapaz apenas fechou os olhos, mas antes de ele ter a oportunidade de transformar aquilo num beijo ela distanciou sua boca da dele outra vez.

- Faça esses cinco segundos de loucura valerem a pena- disse a garota antes de se entregar ao jogador, que a recebeu de bom grado.

Fora do mundinho deles o Maracanã ia a loucura, nada melhor que dois apaixonados para selareem a vitória e permanecia do título de campeões da libertadores.

E por aqueles cinco segundos ninguém se lembrou de jogadores, torcedores ou namoradas apenas havia uma vitória a ser comemorada.

[26/12/2019]
COMEÇO (e possível final)

Jogador Camisa 9Onde histórias criam vida. Descubra agora