Capítulo 1 - Recomeço

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Alfonso caminhava confabulando. Seu semblante expressava cansaço, o que não era o que ele realmente sentia. Era algo mais. Ele caminhava devagar, parecia arrastado à sua seção.
Seus amigos, levantam as faces de seus computadores , telefones e anotações e o olham surpresos. Já fazia tanto tempo...

Christopher dava instruções apoiado atrás da cadeira de Dulce:
- Mas eu acho que essa matéria vai interessar as mulheres. Tem tudo a ver. – ele aponta um dos vários papéis dispostos sob a mesa dela. 

- Que machista, Christopher!! – Dulce levanta o rosto para encará-lo de cara feia e lhe dá uma cotovelada na barriga - Chris, é o Poncho?!   

- Não é que ele apareceu? – também surpreso. E se dirige a ele que era cumprimentado por um colega. – Poncho! 

O colega sai, e Alfonso lhe estica a mão, que Christopher puxa para um abraço mais estreito e um tapinha nas costas:
- Não sabia que já voltaria. 

- Já são meses que não venho, já estava na hora. – responde Alfonso, com um olhar vazio."Na verdade já não agüento mais esses comentários das pessoas e essas mesmas respostas minhas..."

- Isso mesmo, cara, você tem que superar. 

Alfonso não consegue disfarçar a cara de desgosto. "Olha quem me fala isso?! Você não devia dizer isso, Christopher"... Pensa e apenas responde: - Vou trabalhar. 

- Já levo a pauta pra sua sala.

Alfonso responde com um curto "ok" pensativo: " Eu quero logo me esconder em minha sala, lá me sinto mais seguro. É apenas eu e meu trabalho. Ao menos me distraio um pouco." E caminha a passos mais rápidos para sua saleta.

Christopher com as mãos nos bolsos da calça o observa entrar. Balança a cabeça e volta à Dulce que já estava curiosa.
- Ele voltou mesmo. – Christopher comenta. 

- Ainda bem que finalmente se livrou da imprensa. 

- Finalmente mesmo! Minha casa também estava um inferno. Bom, vou levar a pauta pra ele. Pelo que conheço é capaz de discordar. – ele recolhe os papéis sobre a mesa de Dulce. 

- Viu, e eu concordo com ele! - ela recosta na cadeira mordendo um lápis sorrindo irônica. 

Christopher faz uma cara debochada e sai da sala, na verdade um box com paredes nas laterais e nos fundos e a frente e porta de vidro, como eram todas as salas maiores, como a de Dulce, da agência. Na verdade, um jornal.  Os outros ocupavam mesas com divisórias no amplo espaço um pouco barulhento.

Alfonso fica encantado com a mulher que entra junto com Christopher em sua sala; imediatamente levanta de sua mesa.
- Antes que me pergunte, essa é minha irmã, Anahí. Veio me visitar. – Christopher apresenta.
A mulher lhe dá um sorriso angelical e Alfonso lhe estica a mão para um cumprimento:
- Muito prazer, Anahí, sou Alfonso. – Ele não conseguia deixar de encarar aquela mulher de estatura mediana, um corpo delicado, o cabelo claro, comprido, com leves ondas e seus grandes olhos azuis que chamavam atenção.
Ao responder o cumprimento ele sente a maciez de suas mãos e ouve sua doce voz:
- O prazer é meu, Alfonso.
 

- Poncho... Poncho!! – as palavras de Christopher despertam Alfonso de suas lembranças. – Estava dormindo acordado, cara? 

Alfonso esfrega a mão no rosto: O que foi? – aborrecido. 

- Eu trouxe a pauta do semanal, não falei que ia buscar? 

Alfonso dá uma passada de olho rápida, vendo os temas. "Como Christopher deixa algum repórter escrever uma porcaria dessas?" , pensa e pergunta:
- O que é isso? Que matéria é essa? 

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