|KANG SEULGI|
_Identificação, senhor.
O homem prostrava-se rudemente em frente a porta de alumínio, sua postura era mais intimidadora do que o porte físico em si. Mostrei o crachá gravado com as palavras " Chung-Hee - programador" e em um primeiro momento o segurança parecia não estar devidamente convencido de que a pessoa diante de si era a mesma da 3x4 no cartão, logicamente era eu, seria muita imbecilidade se não fosse. Talvez estivesse julgando o meu porte como franzino demais para um homem. Não, ele estava pouco se fodendo para qualquer coisa, e a confirmação disso se deu quando me acertou com tapa parceiro nas costas, permitindo minha passagem.
A entrada de serviço não parecia em nada com a principal. O pavimento de mármore branco, a fonte de vidro em que a água subia ao invés de descer, além de todos aqueles quadros e ornamentos caros, nada daquilo fazia alusão aos corredores apertados de azulejo encardido e o aroma de desinfetante barato que exalava no hall da estrada reservada ao indigno proletariado, longe de todas as benfeitorias.
Mantive o controle da minha respiração, me esforçando para que ela não soasse arfante, mas a adrenalina já fervia borbulhante em meu estômago, ou intestino, seja lá qual for o órgão da região abdominal. Passei pela porta que dava acesso às escadas de emergência, visando evitar contato com qualquer pessoa. Então, com um estrondo, todas as luzes se apagaram e o caos se instaurou no prédio da SMcell. Diversas vozes soaram ao mesmo tempo:" As luzes!" "A casa de máquinas" "Vão, Vão".
Liguei o cronômetro do relógio de pulso, 10 minutos até que conseguissem enfim parear o código modificado que liberava a passagem para a casa de máquinas, 3 minutos até que religassem o gerador de energia. O fato é que quanto mais modernos e sofisticados iam se tornando os aparelhos, ficavam mais suscetíveis a manipulação. Irrefutavelmente a modernidade traz consigo a facilidade.
Agora, ante aquela situação, tinha a obrigação de fazer valer os quatro meses que levei para reconhecer os padrões e chegar até a decomposição, as noites de sono perdidas que valeriam 13 minutos e -com muita sorte- talvez 15. Uma recompensa proporcional, julgo.
A luz de emergência do escritório estava acesa, mas não o suficiente para uma visão nítida. Entretanto, notei que silhuetado em frente a estante estava Lee Jung-jae e emitia uma tranquilidade questionável, como se esperasse por aquela situação ou fosse algo corriqueiro. O som da porta abrindo não despertou sua atenção.
_O que foi esse apagão, de repente?
Subitamente aproximei-me mais rápido do que ele poderia se virar, com seus 1,80cm era inegavelmente maior do que eu, sabia disso tanto quanto conhecia meus limites. De certo, jamais seria capaz de competir com sua força física, por isso esmurrei a empunhadura na pistola no seu lobo temporal, intencionado desestabilizá-lo.
No primeiro momento obtive êxito pois vi seu vulto ir ao chão. Mantinha meu interior convencido de que estava tudo sob meu controle, eu estava carregando a foice e tinha total poder de decisão sobre aquela vida miserável, ele me devia isso.
_Vai pra cadeira, senta na porra da cadeira. _Sussurrei segurando o cano da Armory na nuca daquele que ainda procurava retomar a consciência. _Depressa, e sem tentar resistir.
_Que é que..._ A entonação da voz de Jungjae expôs o nervosismo que lutava contra si mesmo para impelir, estava indubitavelmente confuso.
O roteiro era direto: pegar o acesso e depois o matá-lo; não trocaria mais palavras que o necessário, pois por mais que fosse capaz de controlar minhas atitudes, domar o tempo fugia da minha competência, e ele corria ansioso. A angustia de que aquilo tudo poderia desencadear em uma linha sucessiva de acontecimentos crônicos a partir do mínimo erro, justamente essa angústia que fez meus pulsos tremerem. Matar alguém não é apavorante quando se tem domínio sobre aquela vida, quando lhe é um direito divino, apavorante era falhar no meio do caminho, a possibilidade de deixar sobreviver quem deve morrer, isso realmente me apavorava.
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Psycho [ Seulrene ]
Fanfiction| História sendo reescrita| Quando um homicídio brutal abala a cidade de Seul, a recém-promovida agente de polícia Bae Joohyun é designada para investigar o que rapidamente se torna um dos casos mais complexos e impactantes do país. Determinad...