Era Natal.
Ou pelo menos quase. Faltavam ainda alguns dias, mas é claro que eu já tinha adiantado tudo. O que era uma mania típica de qualquer Finnigan e eu não era nada diferente.
Ok, até que dessa vez tinha uma explicação plausível além da clássica ansiedade. Esse Natal seria especial porque eu, Seamus Finnigan, tinha finalmente tomado coragem para fazer o que desejava há muito tempo: me declarar para Dean Thomas, meu melhor amigo.
Me apaixonar por ele tinha sido como uma doença sanguínea que você só descobre quando ela já o dominou por completo e está prestes a te assassinar. Péssima comparação, eu admito. Eu me lembrava como se fosse ontem do dia que o conheci no Expresso Hogwarts. Foi um dos dias mais felizes da minha vida e não estou exagerando. Dean é engraçado, leal, divertido e em pouco tempo nós já éramos melhores amigos. Mas foi no quarto ano que a desgraça começou a acontecer.
Estávamos em só mais uma das aulas de Poções que ambos odiávamos. Dois tempos daquela chatice com o pior professor da escola era demais para dois adolescentes hiperativos como nós. E então eu, com toda a sorte de sempre, explodi nosso antídoto na minha cara. Dean riu e pela primeira vez notei como ele ficava bonito quando ria. Ele se aproximou de mim com um pano e limpou meu rosto, ainda rindo e dizendo o quanto eu era engraçado. Meu coração acelerou, minhas mãos suaram, meu cérebro entrou em curto-circuito e tudo o que eu conseguia fazer era olhar para Dean e para seus lábios carnudos e pensar como seria beijá-los e por que eu não tinha feito isso ainda. Mas, epa, aquele era meu melhor amigo. E, segundo todo mundo que eu conhecia, eu deveria gostar de garotas e não sentir nada além de amizade e companheirismo por garotos. O que tinha de errado comigo, afinal? Por que eu não conseguia gostar da Lavender Brown, uma amiga minha que tinha convidado para o baile? Por que, não importa quanto tempo passasse eu só me sentia mais e mais atraído por Dean? Por que quando ia dormir, sonhava em beijá-lo? Foi quando eu percebi que o que eu sentia por Dean Thomas ia muito além de amizade. E aquilo certamente era a receita para o desastre.
Errado eu não estava, mas com o tempo fui aceitando que aquela ideia não era tão ruim quanto parecia. Tudo bem, eu estava um pouco iludido. Porém as vezes, quer dizer, só as vezes eu sentia que era recíproco. Parecia ideia de louco, mas e se não fosse? Foi por isso que eu planejei o momento perfeito para me declarar. Seria na manhã de Natal, quando o castelo estivesse vazio já que a maioria dos alunos passava o feriado com as famílias. No nosso dormitório, por exemplo, só restaria nós dois. Tudo o que eu precisava agora era arrumar coragem.
No momento, eu me encontrava caminhando por entre as ruas estreitas de Hogsmead. A neve caía e o vento soprava gélido e cortante, fazendo com que eu me encolhesse e desejasse estar com pelo menos mais uma camada de casacos. Hey Jude, dos Beatles não saía da minha cabeça e eu ia cantarolando o refrão e batucando o ritmo com os dedos. Eu amava os Beatles com todo o meu coração. Foi uma coisa herdada da minha mãe, acho. Ela aprendeu a gostar quando escutava com meu pai no início do namoro deles. A música que eu cantava agora era a minha favorita sem sombra de dúvida. Virei a rua das Zonko's e comecei a andar por uma parte mais deserta da cidade. Tinha dado um jeito de fugir dos meus colegas de quarto e agora olhava para todas as vitrines procurando pelo presente perfeito para Dean. Afinal, não seria só o meu beijo que ele merecia ganhar...
Gargalhei pensando nisso e acabei tropeçando em uma pedra encoberta pela neve. Me desequilibrei por completo e caí muito elegantemente com a bunda no chão. Enquanto praguejava, olhei em volta e achei, como se fosse um sinal de Merlin, o presente que procurava. Era um grande conjunto de aquarelas e pincéis, que parecia cintilar à luz fraca de inverno. Sorrindo vitorioso, me levantei e limpei a neve de minhas vestes antes de entrar na loja.
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Midnight Kiss
Fanfiction[deamus!hogwarts!] Seamus descobriu, há alguns anos, que está perdidamente apaixonado por seu melhor amigo, Dean Thomas. Mas nesse Natal ele resolve por um ponto final nessa situação de uma vez por todas e se declarar. Por coincidência do destino...