Darkest Visions

Capítulo 1 | Templo

Em um pequeno quarto de madeira e em uma cama simples mas confortável estava um ser coberto por travesseiros em volta e um cobertor, com apenas uma de suas patas negras e felpudas para fora.
Estava tudo tão silencioso, infelizmente aquele silêncio era quebrado pelo som da porta abrindo e batendo com força contra a parede, logo em seguida tendo o cômodo invadido por uma Kanesemi pequena, puramente branca de pelos curtos, com a cauda e orelhas compridas e os olhos azuis claros.
- Levanta! - Ela latiu, pulando nos travesseiros e cobertores, mas não pareceu surgir efeito contra o outro, apenas o fazendo grunir um pouco.
A Kanesemi pensava um pouco, revirando seu olhar para a janela do quarto fechada. Sem demorar muito ela correu até a janela, passando praticamente por cima do outro e depois abrindo a mesma.
- Para de encher o saco Miley.. - A criatura negra murmurou incomodada pela luz do dia, rendendo-se a persistência da outra e se levantando.
O ser também era um Kanesemi, grande, preto e felpudo como uma nuvem, orelhas largas ao invés de compridas, a cauda era longa e felpuda e os olhos também eram azuis assim como os da outra.
- Adam, maninho do meu coração, se você continuar com esse sono desregulado você vai começar a desmaiar do nada que nem o colega do papai. - A canina a qual aparentemente se chamava Miley era bem positiva, humorada e animada, ao contrário de Adam que parecia bem sonolento e pessimista.
- Pfff.. ta, eu vou tentar... - Provavelmente ele iria esquecer disso que ele havia acabado de falar em menos de algumas horas, mas a outra ficava feliz em saber que pelo menos o seu irmão estaria minimamente disposto a mudar.
Miley logo se retirava do quarto e Adam com o sono ainda impregnado em seu corpo, se dirijia a uma prateleira de livros e pegava o primeiro que viu a sua frente com a boca, simplesmente pela preguiça de andar sobre as suas duas patas e consequentemente usar uma delas para pegar o livro apropriadamente, saindo do quarto e deixando a porta aberta pela mesma preguiça, mas depois voltando para fecha-la com medo de algum parente seu vir mexer nas coisas do mesmo.

Já no quintal de sua casa, Adam se sentava para ler o seu livro, o largando no chão e abrindo o mesmo na página em que havia parado outro dia.
O mau humor do canino começava a passar ao decorrer das páginas, parecia encontrar entretenimento em zombar da atitude de cada personagem do livro mesmo sabendo que ele faria a mesma coisa.
Adam passava um certo tempo ali até quase cair no sono mais uma vez, até fechando os olhos para cochilar com a cabeça sobre o seu livro, mas quase que no mesmo instante abria os olhos novamente para se manter acordado e após fazer isso, ele se encontrava em um local totalmente diferente, o chão era um piso branco e liso, mas ele ainda sentia a textura da grama sobre as suas patas, como se ainda estivesse em seu jardim.
- Huh?... - Ele se questionava mentalmente sobre onde estava, erguendo a cabeça para dar uma melhor analisada no suposto lugar, ao olhar para cima o Kanesemi felpudo dava de cara com a luz do sol, fazendo os seus olhos arderem ao entrarem em contato com aquele brilho intenso e se fecharem involuntariamente de novo.
Assim que o canino conseguia abrir os seus olhos novamente, começava a olhar o que tinha em volta, acabava que o lugar em que estava era para supostamente ser um templo, com apenas o piso e alguns pilares prontos, talvez estivesse em construção.
Adam ficava admirando os pilares e a floresta que tinha em volta do templo, até que algum outro ser aparecia ali, surgindo da mata e indo até o "templo" como se já conhece-se sobre a existência do local.
Era um leão azul esbranquiçado com os olhos amarelos assim como o sol.
O leão branco andava olhando para direção de onde veio, verificando que ninguém havia o seguindo, e logo em seguida virando a sua cabeça lentamente para frente e se deparando com Adam, o qual o encarava e se arrepiava todo ao perceber que o felino estava olhando diretamente para ele.
Adam tentava se mexer o máximo que podia para sair correndo dali, visto que por mais que não fosse a sua intensão ele estava invadindo o local e nem sequer havia pensado em tentar se explicar pois nem podia, mas o máximo que conseguia fazer era movimentar a cabeça. Até que o leão ameaçou se aproximar e o Adam em um susto cheio de adrenalina se levantava em um salto, o provocando um flash e uma sensação repentina de tontura.
Ele passava um tempo cambaleando tonto até voltar a seu estado normal, e lá estava ele de volta, de pé todo arrepiado no quintal de sua casa. O que foi aquilo? Por que aquilo aconteceu? Ele não sabia, e também não poderia contar a ninguém, afinal, quem iria acreditar nele?
Adam ficava se perguntando essas questões, mas decidiu apenas continuar a sua leitura, tentando esquecer o ocorrido.