O estopim de tudo isso foi a morte da minha mãe. Uma morte lenta, imagino que não tão dolorosa por conta dos remédios, mas ainda sim agonizante, imagine saber que acabou, não há mais o que fazer, não há porquê lutar, já que o resultado sempre será o mesmo.
Me lembro de estar no quarto do hospital observando-a dormir, meu pai sentado ao lado dela, tão cansado, ele também estava lutando, mas era contra a própria mente, afinal, ninguém merece ver alguém que ama naquele estado.Eu tinha apenas oito anos, não sabia ao certo o que estava acontecendo, sabia que precisava ser forte, mas não havia em quem me apoiar. Já não tinha mais minha mãe... E nem meu pai, ele estava vivo, seu coração ainda pulsava, mas ele não estava presente pra mim, nem pra si mesmo, vivia alcoolizado.
"vivia"
Depois da ida de minha mãe não tive mais apoio, não tinha mais com quem contar, meu emocional também estava danificado, e não havia ninguém ao meu lado.
Até eu fazer um amigo, ele sempre estava lá, não me lembro como nossa amizade começou, mas em quase todas minhas lembranças ele estava presente, e ao meu lado. Ele segurava minha mão quando eu estava com medo, me encorajava sempre, desde a fazer coisas boas a coisas ruins.
Se tivesse que defini-lo em uma palavra seria "coragem".
Nunca o vi com medo, nunca o vi hesitar, nunca o vi tremer nem chorar. Sempre sorrindo, Kirishima era realmente um raio de sol... Feliz, forte, e não importa o que acontecesse ele estaria lá, ele voltaria no dia seguinte.
Tive problemas na escola, não conseguia me concentrar, ele ia em minha casa e me ajudava com a lição. Lembro-me de estar sentado tentando resolver algumas questões enquanto meu pai bebia na mesma mesa que eu, comecei a tremer, não havia um motivo pra ficar nervoso, mas eu estava, comecei a suar frio, queria gritar, o pânico começou a correr em minhas veias. Até Kirishima chegar, meu pai sequer notou a sua presença ali, parecia até que Kirishima era invisível.
"O que houve? Por que está com essa cara de choro? seu pai brigou com você?" Disse enquanto passava a mão em minhas costas para me acalmar.
"Nada, eu só não consigo..." Falei com falta de ar, parecia que ia explodir, olhei em seus olhos e aos poucos comecei a me acalmar.
"Vamos, respire fundo." Disse enquanto respirava junto comigo.
Quando minha respiração voltou ao normal, ele deu um sorriso e bateu em minhas costas, "viu? você consegue cara. Vamos, me diz qual sua dúvida com a lição." Éramos apenas crianças, mas eu já ansiava sua presença, era a única forma de me acalmar, de me manter firme.
[...]
Eu tinha medo do escuro, como qualquer outra criança. Antes de morrer minha mãe sempre deitava comigo até eu dormir, depois voltava pro seu quarto, ela era uma mulher tão doce, lembrar dela me traz dor.
"Vai deita logo!" Kirishima dizia enquanto me empurrava pra cama.
"calma aí!" falei enquanto ria.
Quando estava com ele, eu esquecia dos meus medos, ele me dava coragem, força e me fazia rir.
Nós dois de pijamas, apesar da minha infância ter sido difícil, tive momentos bons como aquele."Vou apagar a luz, ok?" Ele disse ao lado do interruptor.
Assenti com a cabeça, afinal, Kirishima estava comigo, eu não precisava ter medo, e se tivesse ele estaria lá pra me ajudar.
Assim que ele desligou o interruptor, veio correndo pra deitar na cama comigo, nos primeiros instantes eu estava bem. Até que comecei a entrar em pânico, o escuro realmente me assustava. Me levantei rápido da cama, deixando Kirishima confuso.
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Minha coragem • kiribaku
FanfictionOne shot inspirada na música "my blood - twenty one pilots", pra entender melhor a história, depois de ler, veja o clipe da música no youtube.