Proximidade

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No final da tarde Tomas voltou ao hospital e junto com Mel trocou Dioni de quarto, deixando avisado a quem perguntasse que ele continuava no quarto antigo onde haviam sido deixados dois policiais de guarda para despistar.
Enquanto no quarto verdadeiro estavam três policiais a paisana.
Tom não queria correr o risco de perder sua única testemunha, logo os bandidos saberiam que ele havia sobrevivido.
Durante a tarde ele passou todas as informações para o delegado que já havia entrado em contato com o FBI, um caso como aquele não era para a polícia local. Apesar de querer muito resolver aquilo ele sabia que era maior do que ele, muito maior.
Após a mudança de quarto de Dionizio, Bruto chamou Melissa para uma conversa.
- Agradeço muito sua ajuda.
- Não fiz mais do que minha obrigação, não quero que nada aconteça com o garoto. Alguma novidade sobre as garotas presas?
- Ainda não, mas creio que o FBI vá assumir o caso.
- Nossa. Espero que elas sejam salvas logo, não consigo parar de pensar nelas.
- Sim. Eu também. Mas, eu te chamei aqui porque você vai precisar ficar atenta a partir de agora. Você estava naquele quarto comigo quando ele contou tudo, não sabemos do que esses caras são capazes. Me dá seu celular.
- Pra que?
- Rápido.
Ela entregou o celular e ele anotou seu número.
- Se algo estranho acontecer você deve me ligar imediatamente.
- Agora você me deixou com medo.
- Não precisa se preocupar é só uma precaução.
- Sabe que eu não vou te ligar né!? Sem chance. Você se mostrou ser um ótimo polícial e tal. Mas, não esqueci o seu comportamento quando nos conhecemos.
- Então talvez você fique surpresa querida, por saber que eu não poderia me importar menos com o que você pensa de mim.
- Babaca.
- Estou fazendo um favor, se você vai ligar ou não o problema é seu. Minha parte eu fiz.
Ele disse isso e saiu.
Melissa não sabia o motivo de ficar tão estressada perto daquele homem.
Mas, sabia que se precisasse de ajuda ele seria a última pessoa a quem ela recorreria.
Mal sabia ela que morderia a língua por aquelas palavras mais cedo do que pensava.
Depois daquele longo dia ela chegou em casa e tomou um banho demorado, comeu um lanche e se preparou para dormir. Resolveu ler um romance para dormir com a mente mais tranquila, estava em uma parte da história que estava lhe dando um certo calor quando ouviu um barulho vindo de fora. Aos seus ouvidos pareceram passos, ela se pôs em alerta, sentou na cama e deixou os ouvidos bem atentos, quando tudo estava no mais completo silêncio, ouviu um barulho terrível ela gritou, pegou o celular e se escondeu no banheiro.
Não pensou muito ao apertar para chamar.
A voz do outro lado parecia sonolenta.
- Alô.
- Tem alguma coisa do lado de fora da minha casa.
- Quem é?
- É a Melissa. Doutora Melissa.
- Ora, ora!
- Quer saber, foi um erro ligar. Esqueça que eu liguei.
Ela disse, caindo em si e se arrependendo.
Ela dormiria no banheiro, mas não sairia por nada.
Passando uns dois minutos ela ouviu o barulho aumentar de volume e ao que parecia a lata de lixo estava na briga pelo que ouviu. Estava curiosa pra saber o que estava acontecendo do lado de fora, mas sua pernas a impediam de se mover.
De repente ouviu um xingamento, e mais barulho, então tudo ficou em silêncio. Então ouviu passos, vindo em direção a ela e a maçaneta começou a se mover. Ela pegou um secador de cabelo  e estava disposta a usá-lo como arma. Até que ouviu.
- Melissa. Sou eu. Seu invasor já foi embora.
Sem pensar muito, pela segunda vez na noite ela simplesmente abriu a porta e se jogou nos braços do seu herói. Então sentiu os músculos sob seus braços e percebeu que seu salvador estava sem camisa.
Na mesma velocidade que o abraçou ela se soltou dele.
Então envergonhada pediu desculpas.
- Eu, eu sinto muito. Desculpe. Estava muito assustada. Não queria te acordar e nem te agarrar desse jeito.
Ela olhou pra ele, e percebeu que ele parecia estar sorrindo, pelo menos foi a impressão que teve através da barba dele. Era a primeira vez que via um sorriso naquele rosto carrancudo se surpreendeu ao notar mais uma vez o quanto aquele homem era lindo, desleixado, mas lindo.
- Não precisa se desculpar. Seu invasor só estava com fome. Era um guaxinim, tentando revirar sua lata de lixo.
O rosto de Melissa ficou parecendo um pimentão de tão vermelho.
- Aí que vergonha.
- Não tem motivos para se envergonhar, não tinha como saber o que era. Você fez bem em me ligar. Aí.
- O que foi?
- Nada. Eu acabei me cortando em um galho enquanto colocava o bicho lá nas árvores.
Ele mostrou um pequeno corte na região das costelas.
- Vamos lá pra cozinha que eu faço um curativo.
- Não precisa disso. Foi só um arranhão.
- É o mínimo que eu posso fazer depois de você ter vindo a essa hora me salvar de um guaxinim.
- ok.
Ele mesmo a contragosto aceitou. Não sabia o motivo, mas queria muito ter aquelas mãos na sua pele. O abraço que ela havia lhe dado, mesmo que por medo, havia sido algo delicioso. Ele queria muito sentir de novo. Principalmente depois de perceber que ela estava usando apenas um shortinho e uma camiseta, enorme, mas que deixavam suas pernas a mostra, sentiu que alguém nas suas partes baixas começou a ficar animado, então para disfarçar disse que ia esperar ela na cozinha.
Sentou em uma das cadeiras da mesa de centro e tentou pensar em coisas feias.
Aquilo não ajudou muito, principalmente quando ela apareceu com uma caixa de primeiros socorros do mesmo jeito que estava antes, aparentemente não havia percebido a forma como estava vestida. Aquilo não daria certo, pensou ele.
- Talvez arda um pouco - Ela avisou, ao se  abaixar ao seu lado para ficar na altura do ferimento. Era um corte leve, mas se não fosse cuidado poderia infeccionar.
Ela começou a limpeza, com muita delicadeza e concentração, ele não conseguiu tirar os olhos dela enquanto ela, como se estivesse fazendo uma cirurgia extremamente complicada, terminava de fazer o curativo.
Mal sabia ele que ela estava tentando se concentrar para não ser pega avaliando aquele peitoral maravilhoso, sua mão quase coçava de vontade de tocá-lo. Não sabia o que estava acontecendo, ela não era daquele jeito, sempre foi muito reservada e controlada, talvez fosse a abstinência, fazia algum tempo desde a última vez que havia transado.
- Prontinho - Disse ao se levantar - Vou te dar um pomada pra ajudar na cicatrização.
- Não precisava disso tudo.
- Claro que precisava, você só se machucou porque veio me ajudar.
- Não fiz mais do que a minha obrigação.
Aquilo a fez se lembrar de quem ele era, afinal o que ela estava pensando, ele era um policial, era obrigação dele ajudar quem precisava, não foi porque era ela, poderia ser qualquer pessoa.
- Então você já pode ir agora.
Ele percebeu a bobagem que havia dito. Mas, não podia voltar atrás. Ele era assim, não sabia como ser delicado, não tinha tato, como diziam. Era um bruto mesmo.
A culpa por não conseguir ter um momento bom com alguém acabou se alojando.
E quando estava na porta se voltou para Melissa.
- Olha, eu sinto muito se pareci grosseiro. Não foi minha intenção. Eu sou assim, não sei ser de outra forma. Você parece ser uma pessoa bacana. Não iria gostar de ter você como inimiga. Pode me ligar sempre que precisar. Não prometo ser um bom amigo, mas sou bom em ajudar os outros.
- Eu entendo. Desculpa ter te julgado tão mal.
Ele a encarou mais uma vez, absorvendo cada detalhe, quase a comendo com os olhos e antes que fizesse uma besteira, ele saiu, deixando uma Mel completamente paralisada e com um calor terrível. Seu brinquedinho teria trabalho naquela noite.

 Seu brinquedinho teria trabalho naquela noite

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BrutoOnde histórias criam vida. Descubra agora