Doctor Problem

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— Como ele é LINDO! E aquele cheiro! Que perfume! Que tudo! —  Disse Lizzy. —  E ele me notou! Você viu que ele me notou!

—  Céus Lizzy! Chega! Está começando a me irritar essa babação de ovo por ele. —  Disse Macayla sentando-se na cadeira do refeitório e Lizzy se sentou do lado dela.

—  É claro. Você é perfeita. Só piscar e algum homem gostoso vai atrás de você!

—  Isso é verdade. —  Disse Macayla completamente natural e Lizzy a encarou com aquele olhar repreensivo de "Não está me ajudando". —  Que? Eu sou realista!

—  Tem certeza que não quer ir para algum local mais privado não? —  Perguntou a menina encarando a quantidade de alunos por ali.

—  Ninguém vai ouvir a gente aqui. Tem muito barulho, e a biblioteca é mais silenciosa, mais fácil de ouvir a conversa dos outros. 

— Não falo por isso. Tem gente te encarando...

— É por que sou bonita, elas sentem inveja. —  Brincou Macayla mesmo sabendo que não era isso.

—  É por que você está sentada com uma doida nerd e feia, que é zoada por ter uma avó ainda mais maluca... — Respondeu ela rindo da situação. — Sua idiota. 

  Macayla encarou a menina.

—  Eu só não dou um tapa no meio da sua cara por que viemos aqui pra tratar sobre outro assunto e não sobre esse.

— Nossa... Não precisa ser tão grossa... Só fiz uma piada. — Respondeu Lizzy chateada e Macayla se odiou naquele momento por realmente ter que bancar a conselheira.

—  Lizzy, está mais do que na cara que você se acha feia e é por isso que não chama o Azakiel pra sair. O seu problema é ligar para o que as pessoas acham, você já viu o meu melhor amigo? É magrelo e sofre bullying por ter dois pais gay. Minha vida é perfeita perto da dele. E eu estou ligando para as vadias que falam mal de mim por andar com ele? —  Ela respondeu. —  Eu me amo. Essa é a única diferença entre nós duas. —  Eu me amo e você não. Comece a se amar mais, e então o mundo vai ficar mais bonito e fácil de lidar. Chame Zak para sair e se ele não aceitar chame outro! O mundo está cheio de caras gostosos, algum vai gostar de você do jeito que você é! Mas enquanto você não se amar e permitir as pessoas pisarem em você, você nunca será de fato bonita! Só será bonita quando admitir que você é você, e que as Britney's da escola mal sabem ler!

  Lizzy tirou os óculos  para enxugar as lágrimas. Aquelas palavras tinham tocado ela.

—  Sua boba. Você já é privilegiada e nem sabe. Não tem uma espinha na cara! —  Continuou Macayla. — Agora será que podemos manter a parte onde eu sou a conselheira em segredo? As pessoas não podem saber que eu me importo ou vão ver que eu tenho coração. E gosto da minha reputação de sem coração então... — Brincou a menina fazendo Lizzy sorrir.

— Obrigada... irei pensar no seu assunto... E pode deixar que não é só esse segredo que está a salvo comigo. —  Disse Lizzy. —  Esse também. —  Concluiu abrindo o livro na página onde ela queria falar com Maca.

  A página falava dos quatro símbolos do apocalipse, e ao olhar a capa Macayla arregalou os olhos. Aquele não era um grimório qualquer... Estava escrito "Laura Hollis" Na primeira página.

  Era o livro da mãe de Laura, que Laura usava para estudar... O que aquilo estaria fazendo nas mãos de uma humana?

***

Rafael encarava sua mão. 

Estava sentado em sua cama com a porta fechada. Encarava sua mão como se esperasse que as marcas retornassem. Ele estava assustado, e queria acreditar que estava apenas alucinando durante esse tempo.

  Porém ouve-se umas batidas na porta dele que o acordou de seus devaneios.

— Pode entrar. —  Disse o menino.

— Como você está? — Perguntou Adam entrando e fechando a porta.

—  Bem melhor.

—  Que bom... — Respondeu acariciando o rosto do menino. — Seu pai já foi trabalhar e eu tenho que ir na delegacia falar com sua tia Dany sobre um proces... Digo sobre alguns assuntos pendentes... Mas se quiser eu deixo isso pra depois, por que se eu for eu tenho que levar você.

—  Por que? Eu fico bem sozinho, pode ir pai.

—  Nem fuden... Digo, nem pensar.

—  Por que está falando hesitante?

—  Por que eu estou estressado! —  Se exaltou. —  Perdão... É que você tem que ir comigo por que não quero te deixar sozinho com esses ferimentos, sem contar que aqueles pirralhos podem aparecer aqui em casa e te machucar.

— Ok... Eu vou com você... Mas vai ter que me esperar tomar banho.

—  Consegue sozinho? —  Perguntou Adam. — Se quiser eu te ajudo.

—  Nem pensar! Eu consigo sozinho pai!

—  Qual é! Vai ser como nos velhos tempos!

—  Eu não tenho mais 6 anos! — Disse Rafael se levantando.

—  Tá bom! Tá bom! Mas cuidado para não escorregar! — Disse Adam sorrindo.

—  Ah tenho um pedido pra fazer... —  Disse o menino. — Recebi uma mensagem da Maca me chamando para ir ao cinema com ela e... Com os gêmeos... Vai ser amanhã. Posso ir?

— Não. —  Respondeu curto e grosso.

—  Por que?

—  Por que eu já disse que não quero que tenha contato com os filhos de Handriel Parker, Rafael!

—  Pai ele quer consertar as coisas!

—  Por que agora ele não tem ninguém a não ser os trouxas que perdoarem ele!

—  Pai!

—  Eu já disse que não!

—  Se alguém tem culpa dele ser assim sou eu! —  Disse Rafael. Ele já estava farto de Azakiel sempre ser o vilão e ele o mocinho sabendo que essa não era a verdade. Rafael merecia as punições do Zak. Pois ele fez o Zak do jeito que ele era. —  Eu causei a separação dos pais dele, e por minha causa Handriel mandou Alexia para um colégio interno! SATISFEITO! Ele me odeia! Eu o afastei! E ele acabou indo com as pessoas erradas! Então me deixa consertar as coisas! —  O menino desabafou fazendo Adam arregalar os olhos. —  Ele perdeu a mãe e a irmã por que eu fui um babaca... Agora a mãe dele não consegue a guarda dos filhos, e Alexia passou 3 anos em um colégio interno que ela sempre odiou. Eu era o melhor amigo do Zak e destrui a vida dele! E isso não tem perdão... Estamos os quites, e eu quero fazer as pazes com ele poxa...

Adam respirou fundo, saiu de perto da cama coçando a testa em sinal de nervosismo e andou em direção a porta.

— Vá, mas só vai voltar daquele cinema até os dois se cansarem de tanto pedir desculpas um ao outro. —  Respondeu e olhou para o filho. — Entendeu? —   Perguntou e Rafael sorriu fazendo que sim com a cabeça.

—  Obrigado.

—  Tome logo seu banho. Odeio atrasos, sabe disso. —  Respondeu ainda sobrecarregado.


Descendentes do Inferno - Uma história Renegados do Inferno - Vol ÚnicoOnde histórias criam vida. Descubra agora