JERB - UNIVERSOS PARALELOS

TEMPESTADE E SURPRESAS

Canadá, Vancouver - 5 de março de 2015

Point of View - Emily Oliver

O dia começava tempestuoso, com nuvens escuras cobrindo quase todo o céu e neblina em quase todo o lugar. Embora vários motivos para não sair do conforto de casa, as aulas se iniciavam e faltar no primeiro dia não é muito legal - afinal é nesse dia que nos localizamos nas salas, reencontramos os seres humanos, e analisamos quem são os novatos.

Preparado não seria uma boa palavra para descrever como o pessoal da escola estaria, aceitar ou suportar seriam mais adequadas.

Enfim, os primeiros dias de aula são sempre uma bagunça, pessoas conversando, gritando e colocando o papo em dia, todos animados e ansiosos por interação social. Concordo que não posso me retirar desse "todos", pois também me sentia certa ansiedade para rever meus amigos. Acho que era a primeira vez que realmente queria sair de casa pra ver pessoas, pessoas que conseguiram se tornar importantes amigos na minha vida.

Estar em frente a escola, no portão principal não era uma visão muito agradável de se ter, todos os dias era o mesmo inferno e a única parte boa era os amigos e o lanche - não que o estudo não fosse importante, gosto muito de estudar, o problema é o ambiente e o resto das pessoas que o tornam insuportável. E lá estava eu no pátio interno da escola, sentada em um dos bancos de lá, evitando o contato humano desnecessário e o barulho das pessoas na arquibancada - talvez esperando meus amigos.

Como a temperatura estava baixa, decidi entrar pra sala e lá encontrei Ricardo e Beatriz jogando truco no fundão junto de outros caras, disse um " Eae" para geral e me sentei num lugar vago perto da parede. Coloquei meus fones, dando play em um música do Twenty One Pilots e esperei a aula começar.

Não era uma surpresa ver Jonny chegar atrasado, mas no primeiro dia? Assim que se inicia o ano em grande estilo.

- Com licença, professora. - Jonny sorriu sem graça, assim que entrou na sala vendo a professora respirar fundo por ter sido atrapalhada em sua fala introdutória desnecessária sobre si mesma, e alguns o olharem com certa raiva e outros nem ligarem.

- Tudo bem Jonny, sente-se. - Ela respondeu, sorrindo educada e fingindo estar animada novamente com aquela cambada de gente, voltando a falar sobre as férias, métodos avaliativos e tudo mais, perguntando como foi nosso período fora desta prisão, e é nesse momento que sinto minha habilidade de ser invisível na sala se tornar muito útil.

- Obrigado professora, e foi mal o atraso. - Ele disse sarcástico assim que sentou na cadeira em minha frente, o cumprimentei com nosso toque e Ricardo e Beatriz fizeram o mesmo. Era nós quatro no fundo da sala como sempre.

- Bem vindo de volta ao inferno, jovem mancebo. - Disse teatralmente para Jonny. - Melhor jeito de começar as aulas, 'bro'.

- Muito obrigado adoradores de Alanzoka. - Jonny completou rindo e erguendo as mãos para cima.

- E de café. - Disse Ricardo se voltando para nós.

- E bolacha. - Falou por fim Beatriz.

Todos nós rimos e começamos a compartilhar novidades e histórias durante esse período que não nos vemos. Isso fazia com que o dia se torna-se menos monótono, me fazia esquecer os problemas e minha futura e jovem morte.

E mais um ano estávamos ali, juntos nós quatro. Cada um diferente do outro, com suas personalidades e interesses próprios, cada um do seu jeito, isso que tornava nosso grupo mais unido e único. Pra mim é interessante quando as pessoas são elas mesmas, e esse é um dos motivos por nos tornarmos amigos.

Jonny - Altruísta, determinado e sensível. É um garoto de personalidade forte e é deverás estourado, em outras palavras ele não vai com a cara de todo mundo - gosto disso nele, muitas vezes ele age como um bom e respeitoso garoto, mas claro, com quem merece. Ele não deixa ser humilhado por qualquer um e não leva nenhum desaforo pra casa, ele é daqueles que estaria disposto a dar sua vida por seus amigos.