ONE

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Vicente tentava desacelerar os pensamentos dentro em sua cabeça, para que assim pudesse realmente pensar se estava tomando a atitude correta. Mesmo que sua relação com Machado nunca tivesse sido um mar de rosas, ele amava o pai, além de desejar incansavelmente lhe dar algum tipo de orgulho, já que suas discussões, em noventa % dos casos, davam-se em função de basquete e futuro. Ainda assim, ele se sentia tão traído quanto Eugenia. Machado era seu exemplo, era alguém com quem ele gostaria de se parecer, mas agora, depois que tudo veio a tona, ele não conseguia encarar o pai.

A revelação de que Samanta, uma das vendedoras mais fiéis de eugenia na chic, na verdade mantinha um caso com o advogado há mais de anos, pegou tanto Vicente quanto eugenia em um profundo choque. Em um primeiro momento, ele e Eugenia haviam ficado com o apartamento, mas Machado era um bom advogado, o suficiente para encontrar brechas no contrato de casamento dos dois, onde o apartamento, de certo modo, pertencia a ele.

MACHADO: Eugenia... – ele tenta novamente. – por favor, as coisas não precisam ser assim...

EUGENIA: Errado, meu querido. – ela diz, parando no meio da sala com a mala nas mãos.- Você decidiu que as coisas seriam assim no momento em que decidiu ter um caso com a minha funcionária.

EUGENIA: Vicente, vou te esperar La embaixo. – avisa ela, saindo pela porta. – E seja rápido, o taxi já está esperando.

Vicente encarava o pai com um tremendo olhar de reprovação, ele podia não ser o homem mais correto do mundo, mas aquela traição o repudiou.

MACHADO: Esse apartamento é tão seu quanto meu, filho. – afirma o homem. – Se você quiser voltar, vou estar esperando por você.

VICENTE: Eu não vou te odiar por isso, pai. – afirma ele, com a bolsa nas mãos. – mas eu vou ficar do lado da minha mãe. – ele conclui, antes de dar um abraço no pai.

MACHADO: Tchau, meu filho. – lamenta ele.

VICENTE: Tchau. – ele diz, com o coração apertado.

Já na frente do prédio, Eugenia o aguardava dentro do taxi, com os olhos inchados de tanto chorar por aqueles dias. Assim que Vicente entra no carro, ele não se segura a perguntar qual seria o lugar misterioso para o qual eles iriam. Eugenia havia saído sem nada do casamento, a única coisa que ainda lhe restava era a chic, mas o dinheiro que a mesma recebia lá jamais seria o suficiente para bancar um hotel por muito tempo, ela tinha muitos gastos com a própria loja, não poderia correr o risco de esbanjar em um bom hotel ou flet.

VICENTE: Afinal, pra onde a gente vai, mãe?

EUGENIA: Pro único lugar que me resta, meu filho. – afirma ela, fungando o nariz. – pode tocar, motorista. – pede ela.

(...)

Gabriela não entendia que diabos estava acontecendo, de repente, uma mulher maluca chegou na sala de jantar aos prantos, chamando por Nana. Tudo tornou-se um furdúncio tão grande, que Paloma pediu que os filhos aguardassem na sala, enquanto o assunto era resolvido dentro da biblioteca. Diferente dos irmãos, Gabriela não gostava da ideia de morar na mansão. Ela sentia saudades de sua casa pequena, de jogar na quadra de Bonsucesso, de sua escola, de Michelly e Patrick... Fazia três semanas que eles haviam ido de mudança para lá, tempo suficiente para que Gabriela já tivesse suplicado diversas vezes à Paloma que eles voltassem para casa.

Ela havia superado sua implicância com Marcos, mas ainda mantinha um pouco de raiva do novo padrasto, pela brilhante ideia do mesmo de fazer Paloma ir morar na mansão, já que Alberto estava agravando seu estado a cada semana que passava. Ela entendia a ligação forte que existia entre Paloma e Alberto, mas não fazia questão de participar.

Em meio a toda confusão que havia começado com a chegada da mulher, apenas quando a porta da biblioteca se abre que Gabriela percebe a segunda presença na mansão, alguém que ela não via há algum tempo, mas conhecia bem.

GABRIELA: Vicente?! – questiona ela, surpresa ao vê-lo cruzar o corredor até a cozinha.

PETER: quem? – pergunta ele, curioso.

GABRIELA: O Vicente... um garoto lá do ipê roxo, o que ele tá fazendo aqui?

ALICE: Ele chegou junto com aquela mulher descontrolada. – observa ela, com o livro nas mãos. – Deve ser filho dela.

Vicente retorna alguns segundos depois, com um copo de água para eugenia nas mãos, Nana havia pedido que ele procurasse por Bezinha na cozinha, atrás de um copo para acalmar a mãe. Somente quando está voltando, ele percebe um rosto conhecido sentado no sofá: Gabriela.

Ela o encarava com uma cara nenhum pouco paciente, lhe provocando um sorriso instantâneo no rosto. Então era lá a tal casa que Gabriela havia se mudado. Após sua última briga com Patrick, Ramon resolveu banir Gabriela dos treinos do ipê, visando acabar com as discussões dos dois garotos, motivadas sempre por conta do interesse de ambos pela garota. Isso não tinha muito tempo, mas sem os treinos, Vicente não tinha mais como vê-la. Ele e Patrick demoraram a entrar em acordo para tentar trazer Gabriela de volta, mas não havia mais como, pois Ramon lhe contou que a mãe de Gabriela havia se casado novamente, mudando-se para outro lugar. Gabriela estava em fase de adaptação, e pelo seu péssimo comportamento, foi proibida de voltar a treinar enquanto sua birra com Marcos durasse.

Vicente lança um olhar discreto para a garota, não acreditando na coincidência: Ele e Gabriela morando sob o mesmo teto. Seria bom demais para ser verdade.

EUGENIA: Obrigada, meu amor. – agradece ela, engolindo toda a água em um gole só.

NANA: Pode se acalmar, Eugenia. – pede ela. – claro que eu não te deixaria desamparada assim.

ALBERTO: é, você pode não ser a miss simpatia, mas... situações como essa são muito delicadas.

PALOMA: Ai, olha, dona Eugênia, desculpa falar, mas que cachorragem que esse seu marido fez contigo, heim! Onde já se viu ter um caso com a funcionária da senhora...

EUGENIA: Alguém tira essa mulher daqui, por favor, antes que eu quebre essas janelas do mesmo jeito que ela quebrou a minha vitrine.

MARCOS: Agora não é hora, né? – repreende ele. – Eugenia, a Paloma e eu estamos juntos, ela tá morando aqui por mim e pelo meu pai... Vamos evitar conflitos, por favor.

NANA: Então, resolvido, não é? – pergunta ela. – A Gente providencia uma cama pro Vicente amanhã, hoje você, eugenia, pode dormir no quarto da Sofia. – explica ela. – amanhã no máximo a Bezinha ajeita o quarto de hóspedes pra vocês dois.

ALBERTO: Quanto tempo vocês pensam em ficar mesmo?

VICENTE: Até o processo do divórcio ser assinado. – afirma ele. – Meu pai resolveu complicar, ai já viu né...

ALBERTO: é, já vi que vão ficar por bastante tempo... – resmunga ele.

PALOMA: Seu Alberto! – ela o repreende, fazendo os dois rirem para o nojo de eugenia.

NANA: Então tudo certo, não é? Vicente e Eugenia ficam aqui com a gente até ela conseguir resolver a questão do apartamento com o Machado.

EUGENIA: Muito, muito obrigada, minha amiga, eu não sabia mais a quem recorrer...

NANA: Imagina. – ela diz, abraçando a mulher.

Paloma puxa Marcos pela mão até o fundo da biblioteca, tentando disfarçar.

PALOMA: Isso não vai dar certo, Marcos...

MARCOS: Fica tranquila, tá? – pede ele, tocando o rosto da mulher.

PALOMA: Essa\ mulher me odeia, marcos, ela não deu piti ainda porque tá nervosa com o marido, ex, sei lá.. – afirma ela. – mas quando ela melhorar...

MARCOS: Vai dar tudo certo, é só por um tempo. – explica ele. – O filho dela tem a idade da Alice, quem sabe não vira até uma companhia pras crianças?

PALOMA: Duvido... – ela olha discretamente para eugenia. – Minha santinha que me ajude a não dar na cara dessa mulher.

MARCOS: Eu to aqui =, não to? – ele toca o rosto dela com as duas mãos. – confia?

PALOMA Confio.

Fora De Quadra (Gabicente)Where stories live. Discover now