Meu peito desce e sobe rápido. Jamais imaginei que ele fosse contar. Pelo menos, não agora, já que não estamos em um bom momento no relacionamento.
Ele olha para os pés, se levanta e continua:
- Eu precisei ficar longe da minha mãe por um tempo, no berçário, e foi quando tudo aconteceu. Uma louca me roubou. Ela era traficante e viciada. Tinha ficado grávida, mas perdeu seu filho por conta das drogas. Ela estava louca, tão louca que roubou uma criança do hospital...
"Quando perceberam que eu tinha sumido, já era muito tarde. Ela me criou por cinco anos. Sei que eu era muito pequeno para lembrar, mas eu me lembro de algumas coisas. Ela me tratava bem, no começo. Eu devia ter uns três anos nessa época, mas aí, certo dia, eu vi ela fumar e desde então, ela voltou a fumar todos os dias na minha frente e a traficar também. A casa vivia rodeada de homens que...me agrediam. E ela não fazia nada. Ela apenas ria e às vezes até ajudava a me bater. Ela transava com seus homens na...minha frente. Era horrível. Ela tinha parado de me alimentar, e eu também não conseguia me virar. Era muito pequeno. Vivia com fome. Não sei nem como aguentei."
Minhas lágrimas começam a cair quando imagino tudo o que ele sofreu. Ele não ousa olhar para mim.
"Então, teve um dia, eu me lembro de cada detalhe como se fosse ontem. Eu estava no quarto que eu dividia com ela, e ela estava na sala, fumando, como sempre. Escutei um barulho de uma porta se abrindo e um grito da mulher que eu achava ser minha mãe. Andei silenciosamente até a sala e vi que um homem apontava uma arma para ela, e ela suplicava desesperadamente por algo que eu não entendia. Corri de volta para o quarto e me escondi debaixo da cama, até que escutei um disparo e depois não escutei mais nada. Não sei quanto tempo passei debaixo daquela cama, com fome, escondido e com medo. Só lembro que um dia, alguns policiais me acharam e eu estava tão mal e assustado que simplesmente desmaiei nos braços de um deles. Quando acordei, já estava aqui e encontrei minha verdadeira mãe. Ela me contou toda a história aos poucos. Depois que descobriram que eu tinha sido sequestrado, procuraram por anos por mim, porém nunca encontraram indícios meus. Mas mamãe nunca perdeu a esperança de me encontrar. Depois que eu apaguei, eles me levaram até o hospital, onde cuidaram de mim por dias, enquanto eu continuava apagado. Mamãe disse que o caso apareceu na tv e assim que ela me viu, me reconheceu. Eles curaram minhas feridas, Emma, me ensinaram que eu também poderia ser feliz, mas algumas coisas nunca se vão. Acabei criando essa bolha em torno de mim, essa arrogância, com medo de ser decepcionado por outras pessoas, até que conheci você. Foi o único momento que eu consegui parar de ter lembranças do meu passado. Era como se você fosse minha cura total. Eu me sinto livre com você."
Fico olhando para ele, seu rosto pouco iluminado e desolado, com as lágrimas descendo pelo meu rosto sem cessar. Ele finalmente olha para mim, se abaixa e enxuga minhas lágrimas com os polegares.
Tudo o que eu tenho vontade de fazer agora é aproximar meus lábios dos seus, cuidar dele, dar todo o amor e carinho que tenho para dar.
Adam pega minha mão fazendo-me levantar. Eu o olho e ele chega mais perto, coloca as mãos ao lado do meu rosto. Ele precisa de mim e eu preciso dele. Sempre vai ser assim. Sem aguentar mais, colo meus lábios dos dele.
Começamos com um beijo lento e apaixonado, então como se uma chama se acendesse nosso beijo fica mais rápido e mais quente. Adam me coloca contra a parede e suas mãos descem lentamente pelo meu corpo, mapeando-o. Ele me puxa pela cintura, colando, ainda mais, seu corpo no meu e minhas mãos vão para seus cabelos macios.
- Eu sinto muito, por tudo.
- Shh... – Ele me abraça, cheirando os meus cabelos.
- Eu só quero que você saiba que eu sempre estarei aqui por você, não importa o que aconteça...
- Desculpa por eu ser essa confusão toda. Desculpa por ter te tratado do jeito que te tratei por...medo. Desculpa por ter te mostrado essa...escuridão minha – Ele fala pausadamente.
- Adam – Encaro seus olhos castanhos – Você é e sempre foi tudo o que eu sempre quis. Do jeitinho que você é. Com seus defeitos e com suas qualidades. Eu não me importo com a sua escuridão, todo temos um pouco disso dentro de nós.
E então, ao ouvir as minhas palavras, ele me beija e eu sinto como se fosse a primeira vez.
&&&
Abro os olhos e encaro os raios de sol em cima de mim. A primeira coisa que me lembro é da revelação de Adam ontem à noite. Não creio que ele sofreu tudo isso.
Sinto um peso na minha cintura e logo percebo que são seus braços me agarrando. Viro minha cabeça e o vejo dormindo, tão tranquilo, tão...Adam. Sorrio feito uma boba e tento me levantar. Tiro seus braços, cuidadosamente, de cima de mim e sinto meu corpo dolorido.
Levanto-me com cuidado, visto um roupão e vou até o banheiro do meu quarto. Encaro-me no espelho e encontro meu pescoço com algumas marcas roxas. Ótimo, tenho um problema. Mas sorrio mesmo assim.
Volto para o meu quarto e olho para o despertador. Desligo-o antes que ele toque.
Querendo ou não, tenho que ir para a Universidade. Depois de olhar uma última vez para Adam, volto para o banheiro, tiro o roupão, e entro no box. Tomo um banho relaxante e depois de me secar, me enrolo em uma toalha e volto para o quarto.
Adam sorri para mim, aquele típico sorriso sedutor e posiciona as duas mãos atrás da cabeça, ainda deitado. Abro um sorriso torto e ando até meu guarda-roupa, com seu olhar cravado em mim. Troco de roupa normalmente, pouco me importando com seu olhar sobre mim.
Depois de já estar vestida com um jeans confortável e uma regata azul, me volto para Adam que continua sorrindo.
- Apreciou a vista? - Pergunto, depois de erguer uma sobrancelha.
- Claro, de camarote.
Adam agarra segura minha cintura e eu beijo seus lábios ardentemente. Gemo ao lembrar que não podemos ficar aqui.
- Vai logo ou a gente vai se atrasar - Aponto para a porta do meu quarto, em um tom divertido e ele sorri.
- Sim, senhora - Ele se levanta e começa a procurar suas roupas pelo quarto.
Depois que ele veste sua cueca, se vira para mim e sorri sacana.
- Apreciando a vista, Emma?
Eu me sento em minha cama e sorrio.
- Sempre.
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Quando a Chuva Caiu
Romansa( NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS) PLÁGIO É CRIME! READAPTAÇÃO DO ANIME ITAZURA NA KISS Emma se apaixonou por Adam desde da primeira vez que o viu no colegial mas ele nunca sequer reparou nela. Seu jeito frio e amargurado a fazia ter o cora...