O banco da praça

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Estava um lindo dia ensolarado. Decidi caminhar até a praça e, me sentar no meu banco favorito, para observar o movimento. Minha alegria diminuiu quando notei que estava ocupado. Bem ocupado. Uma mulher de meia-idade com um olhar tristonho  Embora quisesse ter empatia, o sentimento de posse me levava a tirá-la dali. Aquele banco era meu! Por isso, fui até ela para avisar sobre a quem pertence este bem.

— Posso me sentar ao seu lado? — perguntei.

— Claro.

— Obrigado.

Diante daquela feição tristonha, desisti de informá-la sobre ser o dono do lugar no banco. Em vez disso, iniciei uma conversa boba.

— Vem sempre pensar aqui?

— Às vezes? — ela respondeu receosa. — E você?

— Sempre, neste mesmo horário. Desculpe interromper. Estava pensando sobre o quê?

— Ah! Sobre a vida, a morte. Com certeza a tristeza predomina. E você?

— Sobre a vida, também. Não gosto de pensar sobre sentimentos, são confusos e, isso me irrita.

— Pensa sobre o quê, então?

— Sobre as cores.

— As cores? — questionou intrigada.

— Sim. Gosto de lembrar quando o céu está bem azul. Os pássaros parecem pontos pretos em movimento. Quando está cheio nuvens, admiro os desenhos que formam. Em dias nublados, os raios solares conseguem atravessar as nuvens negras e, o amarelo junto com o cinza chumbo, revela o azul que foi encoberto.

— Pensamentos profundos e bonitos.—elogiou esboçando um sorriso amarelo.

— Ainda tem dias que me sento aqui para não pensar em nada.

— Dá certo? — perguntou curiosa.

— Não! Mesmo que eu esteja decidido. Há sempre uma criança chorando porque o sorvete caiu no chão. Ainda outras, rindo ou gritando enquanto correm. Sem contar com o barulho dos passos das pessoas ao caminhar ao redor da praça. Pisam nas folhas secas caídas no chão. Fica difícil continuar determinado a não pensar em nada.

— Por que continua vindo aqui?

— Apesar de tudo, é um bom banco pra se pensar. — admiti conformado com a situação.

— Também acho. Hoje, foi a primeira vez que vim pensar neste banco. Sabe, pensar nos seus pensamentos, afastou os pensamentos tristes que tive. Espero que não se ofenda.

— De modo algum! Se amanhã estiver por aqui, neste mesmo horário, podemos pensar juntos.

— Quem sabe venha pensar um pouco neste horário. — comentou com as bochechas avermelhadas.

Tentei informá-la que sou dono do banco. Infelizmente, não tive oportunidade. Conversar sobre meus pensamentos foi o  modo que encontrei de resolver a situação. No fundo, achei que é uma senhora simpática, apenas precisando melhorar os pensamentos.

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⏰ Última atualização: Sep 28, 2020 ⏰

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