Ilhoon mantinha os olhos fechados para aproveitar, sem distrações, o máximo das sensações daquele momento: o calor gostoso no peito, o carinho na pele coberta pelo tecido fino da camisa de mangas longas, o frio na barriga, o sangue que corria ligeiro e se acumulava nas maçãs do rosto, os fios de mágica que escorriam das pontas de seus dedos para o céu fazendo surgir mais estrelas do que o usual, e o prazer de simplesmente estar ali.
Tinha um sorriso largo incessante no rosto e a pele reluzente, porque a alegria era tanta que suas memórias se embaralhavam e se prendiam num nevoeiro cintilante que fazia todos os registros de outras expressões faciais além de aquela se perderem, deixando nítida apenas a lembrança de como mostrar a felicidade que explodia cintilante em seu coração e buscava espaço nos vasos sanguíneos como uma criança agitadíssima, veloz, totalmente incontrolável e brilhante. Era sempre assim, quando mais feliz ele ficava, mais a mágica em cada pedacinho de seu ser ficava visível aos olhos alheios.
O cheiro da maresia junto ao perfume amadeirado de Hyunsik entrava definitivamente para sua lista de aromas preferidos. Assim como um dia aconteceu com o cheiro adocicado dos cabelos deste, o indefinido de sua pele, a mistura confusa mas agradabilíssima de suas roupas e, é claro, o que ele deixava nos lençóis pela manhã. Haviam tantos que Ilhoon não era mais capaz de contar. E que os deuses entrassem em um acordo e decidissem logo qual seria o próximo a fazer parte de sua lista, pois ele mal podia esperar para descobrir mais um.
Seus batimentos cardíacos em um ritmo tranquilo escondiam a avalanche de sentimentos bons que ocorria todas as vezes que Hyunsik mudava o carinho de lugar, principalmente quando a troca era inesperada. O vento gelado e os dedos habilidosos em seus cabelos davam à criança inquieta, chamada paixão, energia suficiente para que cada uma de suas reações químicas fosse ativada indiscriminadamente como se não tivesse mais fim e o curvar nos lábios de Ilhoon se tornar uma gargalhada luminosa.
— Eu vou explodir de amor! — anunciava ele risonho para em seguida se encolher à medida que o vapor quente do riso soprado do namorado entrava em contato com a pele sensível de sua nuca. — Estou falando sério, tem tanta alegria aqui dentro que parece não caber em mim.
— Não é pra tanto... — Hyunsik respondia docemente e se apoiava em um braço para ver o rosto corado do outro que, naquele momento, se esforçava para não fazer o mesmo, porque sabia que isso só pioraria sua situação. — Como você consegue ser tão bonito, hein?
— Tá brincando? — Ilhoon abria os olhos ligeiramente incrédulo com a pergunta enquanto nem tentava impedir outro sorriso bobo de se formar ao fazê-lo. — Já se olhou no espelho, hyung? Você chega a ser um insulto à humanidade!
— Gosto de te ver feliz assim — comentava o outro abobado, fingindo não ouvir o elogio engraçado, suas bochechas queimavam pela vergonha.
Os olhos pequenininhos em formato de meia-lua de Hyunsik disputavam o título de imagem mais bonita com a lua cheia e o mar de estrelas no céu e, embora as curvinhas adoráveis contassem com a vantagem de pertencer ao Im, por hora não havia sinal de ganhador.
Então ele tinha certeza: explodiria naquela noite mesmo. Só bastaria o namorado o olhar daquele jeito mais uma única vez e BOOM!, Pedacinhos coloridos de um Ilhoon super apaixonado voariam para todos os lados, exatamente como acontecera com uma garota da cidade vizinha semanas antes, mas ele não teria como se reconstruir sozinho.
— Você não vai explodir, amor. Isso é biologicamente impossível — acrescentava Hyunsik entre risos. — Ela é uma fada, lembra? Fadas explodem de amor, bruxos extremamente adoráveis não. — E entrelaçava os dedos de sua outra mão nos dele, sentindo a magia travessa lhe invadir como o bater das asas de centenas de minúsculas borboletas.
— Eu não me aguento quando você me chama de amor — reclamava ainda mais afetado e escondia o rosto vermelho cintilante na curvatura do pescoço do namorado. — Como você pode ser tão... assim?
Hyunsik se deixava gargalhar baixinho se divertindo com o surto de afeição de Ilhoon e dizia em seguida, com o tom mais carinhoso que sua situação lhe permitia: — É que eu amo você.
— Chega, eu desisto — decretava o mais novo e jogava o corpo com cuidado sobre a toalha estendida na areia da praia, permitindo-se, com estrelas nos olhos, encarar o causador de sua confusão. — Isso é muito injusto! — Então relaxava os músculos o máximo que podia para soltar com uma expressão que beirava o sofrimento: — Eu te amo demais.
E Hyunsik se aproximava com um sorriso terno até apoiar suavemente sua testa na bochecha quente de Ilhoon, suspirava contente e logo depois acabava com toda a distância entre seus lábios e os do namorado antes que este pudesse protestar, abafando um resmungo indignado seguido de uma risada afetuosa do que mesmo sem perceber já fazia o que estivesse a seu alcance para impedir que o contato acabasse.
Na noite mais estrelada que alguém seria capaz de se lembrar, deitados despreocupadamente sobre uma toalha de piquenique, os amantes apreciavam a presença um do outro em meio a risadas e piadas que ninguém mais entenderia. Vez ou outra voltavam a falar sobre explosões hipotéticas e formas igualmente hipotéticas de reconstruir um corpo humano a partir de purpurina, que seriam os "restos mortais hipotéticos" de um Ilhoon em êxtase de verdade.
Parecia que a enorme, brilhante e magnífica lua cheia se inclinava na direção dos dois, os iluminando com sua benção — ela também estava feliz. Vagalumes pequenininhos se juntavam aos montes nas árvores altas perto deles, se alimentavam da luz lunar e voavam contentes para o horizonte, desaparecendo gradativamente como se tornassem-se parte dele.
— Você está fazendo isso? — perguntava Hyunsik maravilhado com a visão.
Os olhos de Ilhoon corriam o lugar como uma criança pequena que via algo bonito pela primeira vez, em seguida, cresciam e brilhavam ao perceber de onde vinha toda aquela mágica.
— Não, Sik, nós estamos! — contava empolgadíssimo e voltava a dar risadas infantis tentando alcançar alguns insetos brilhantes com a mão sem se levantar.
Então Hyunsik começava a prestar atenção em seu próprio corpo. Fios reluzentes e quase invisíveis saiam das pontas dos seus dedos e seguiam caminho para as estrelas; sentia as borboletas brincalhonas percorrerem cada veia, célula, músculo e pedaço de tecido. Podia até ouvir as gargalhadas delas se se esforçasse bastante: seu coração parecia pular dentro da caixa torácica e alegrar ainda mais as pestinhas. Quando via o que estava acontecendo com sua pele, sentia vontade de acompanhar o namorado e sorrir feito um bobo sem motivo aparente. Era a mágica do amor, que fazia sua pele brilhar e seu coração se encher de uma alegria tão grande que, naquele momento, também pensava que não caberia em si.
Então ele ria, radiante, acompanhando assim as borboletinhas, os vagalumes e Ilhoon, e falava como se mal pudesse acreditar em suas próprias palavras:
— Hoon, acho que eu vou explodir de amor!
Assim, os dois seguiam rindo apaixonadamente. Aproveitavam as maravilhas daquelas horas de demonstração exagerada de paixão sem se preocupar se chamariam atenção de quem quer que fosse, porque nada mais importava se estivessem na companhia um do outro e, naquela noite mágica, eles não estavam apenas juntos, eles refulgiam juntos.

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Refulgente
FantasyHyunsik sempre ouviu falar que o coração de um homem comum é preenchido pela magia no mesmo instante em que é sentida a primeira fagulha sorridente da paixão, e que quando esse mesmo coração encontra o amor em um naturalmente mágico, torna-se luzent...