Capítulo 1 - O início

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Não há nada que não se consiga com a força de vontade, bondade e, principalmente, com amor.

- 600 anos atras -

Uma batalha de território foi travada entre Deuses (e suas nílfises, criadas a partir de suas lagrimas) e seres de gelo (com os humanos, criados a partir de seu suor).

Durante 200 anos essas criaturas místicas ensinaram seu exército a aprender a guerrear, até simplesmente sumirem sem deixar rastros alem uma barreira magica criada a partir da árvore da vida, separando os dois mundos.

Depois de 400 anos, todos se esqueceram de seu proposito inicial, viviam vidas simples sem qualquer treinamento de guerra em uma vila que eles mesmos construíram. Ate o dia em que a águia e o dragão, protetores do muro magico, começaram a brigar, deixando-o assim, enfraquecido e vulnerável.

Dizem que as nílfises causaram essa  discórdia, pensando em atacar e ganhar a luta.

As pessoas estavam assustadas e despreparadas, por isso deixaram suas casas e foram para o mais longe possível.

- Atualmente -

Esse é o terceiro dia que eu não me alimento, estou cansada, com frio e principalmente com fome.

Olho pela janela e vejo a neve cair lá fora. Linda e mortal.
Muitas árvores estão sem folhas, e as outras estão quase brancas. Do lado direito existe um lago, agora congelado.

O frio não é uma boa situação quando se trata de caça. Muitos animais hibernam e outros morrem de fome, é quase impossível sobreviver a essa temperatura.

Pego meu arco e minha flecha, dou uma breve olhada em minha mãe e minha irmã que acenam para mim.

- Boa sorte - diz minha irmãzinha de apenas 10 anos, com um sorriso fraco no rosto.

- Obrigada - digo, e saio. 

A primeira coisa que sinto ao abrir a porta, é o vento que bate com força em meu rosto, seguida de um arrepio. Minha atual falta de agasalhos é impossível de ser esquecida nesses momentos. Sempre me pego pensando que há 4 anos atrás, nessa época do ano, estaríamos todos sentadas no tapete, em frente à lareira, tomando leite quente e ouvindo meu pai nos ler histórias. O frio não seria minha preocupação, nem a fome.

Ando através das árvores, me embrenhando na mata até avistar um cervo. Poderia chorar de emoção se eu tivesse essa capacidade. Posiciono a flecha no arco e atiro, rápido e preciso.

Seu sangue vermelho mancha a superfície branca. Coloco minha mão sobre sua pele e a olho nos olhos, esperando para seu espírito não partir sozinho.

- Gràcies, perquè la vostra ànima tingui un bon viatge - (obrigada, que sua alma faça uma boa viagem).

Coloco o corpo em cima de um pano que trouxe comigo, e o arrasto por cerca de meia hora até chegar na casa. Entro e o deixo na sala. O combinado (nunca posto em palavras) é: eu caço, elas cozinham.

Meu pai antigamente era quem caçava, sempre me levava junto, embora eu não gostasse muito. Foi ele quem me ensinou tudo o que sei, dizia  que se eu precisasse ajudar minha família um dia, teria que saber como. Quando a barreira ficou fraca, o convocaram, desde então se passaram 4 anos em que não tivemos qualquer notícia.

Esquento a água no fogão e tomo um banho. Tento tirar o cheiro de morte da minha pele, mas não importa o quanto esfregue, ele nunca sai.

Acabo de tomar banho e de jantar, leio uma história para minha irmã e sem trocar uma palavra com minha mãe pego uma bolsa, coloco um livro, uma lanterna e saio.

Ando durante aproximadamente 40 minutos, até chegar a uma árvore grande sem folhas, que fica exatamente no centro da floresta, ao lado de um pequeno riacho congelado. Escalo até seu topo e me acomodo. Abro o livro e começo a ler ate perceber que o sol está se pondo, dando-me uma bela visão de nossa cidadezinha agora abandonada e do céu. Os raios laranjas banham as casas cobertas pela neve, dando um belo reflexo, os pássaros sempre cantam mais nessa hora do dia que juntamente com o barulho do vento, criam uma bela música.

Quando o show de luzes acaba, sei que é hora de voltar pra casa.
Desço com cuidado da árvore e acendo a lanterna, nesse instante acho ter visto uma mulher grávida, mas então o vento assopra meu cabelo para frente do rosto. Assim que o afasto, ela não está mais la.

Dou poucos passos e percebo um vulto escuro vindo na minha direção. É uma espécie de morcego cinza gigante, seu corpo parece ser apenas osso, azas lisas, garras afiadas, presas do tamanho de uma cabeça humana. Muito conhecida principalmente por seu veneno mortal.


Comecei a correr. As árvores altas me davam um tempo extra sobre ela, mas minhas pernas não respondiam a força que eu colocara tentando aumentar a velocidade, por causa do frio, as fazendo ficarem quase dormentes. Senti o mesmo cheiro que sinto quando caço, o da morte.

As árvores começaram a aparecer mais baixas, com seus galhos arranhando minha pele e facilitando seu voo, a deixando mais próxima, até que me deparei com um terreno aberto, com muita neve. Sendo impossível voltar agora, corri.

Corri como se minha vida dependesse disso (e dependia), mas meus pés estavam constantemente afundando no chão branco, dificultando a velocidade. A neve foi ficando em menor quantidade e consegui me movimentar com mais facilidade, até que senti como se tivesse batido em uma parede invisível, mesmo que tenha conseguido seguir em frente, foi como se minha pele tivesse ficado para trás, e meus músculos queimassem, meus olhos ficaram embaçados. Consegui perceber um clarão antes de desmaiar.

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⏰ Última atualização: Jul 08, 2020 ⏰

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