Lucifer's POV
"Quer algo para beber? E não, não servirei um copo de whisky no meio da noite para você." Chloe oferece. No exato momento, fico aliviado em saber que ela ainda queira falar comigo.
"Ah detetive. Que droga. Uma caneca de chá seria ótimo, então." Chloe responde revirando os olhos e caminha até a cozinha. "Pode deixar isso comigo. Sinta-se a vontade no sofá, irei me juntar em um momento." Falo para ela e rapidamente preparo uma caneca de chá para cada um de nós, pensando no que eu deveria fazer agora. Devo ser direto sobre isso? Contar tudo?
Mesmo garantindo que não falo nada além da verdade, no fundo eu sei que guardo algumas coisas para mim mesmo, seja para proteger a detetive ou pelo meu próprio bem.
Eu pego as duas canecas em minhas mãos e caminho ao sofá. A detetive está inquieta, se comportando nervosamente e quando me ouve chegando, levanta seu olhar e nossos olhos se encontram. Eu nunca admitiria, mas me perco toda vez que encaro a imensidão azul que brilha na sua íris.
"Então, o que você está fazendo na minha porta à uma hora da manhã?" Chloe pergunta. Bem, então vamos fazer isso do jeito direto.
"Eu, uh, gostaria de me juntar com você para sua caminhada noturna?" Tento usar uma piada para sair dessa, como sempre, mas essa não é hora.
"Lucifer, eu não estou no clima para isso agora. Não dormi nem um pouco. Eu realmente gostaria de voltar para a minha cama." Ela adiciona em um tom cansado e me coloco a pensar.
Por que a detetive não conseguiu adormecer? Talvez eu não tenha sido o único que ficou fazendo cenários na cabeça sobre a conversa na praia. E havia apenas um jeito de descobrir isso."Você não conseguiu dormir?" Chloe suspira quando questiono-a e decido ser cem por cento honesto com a detetive. Ela direciona seu olhar para suas mãos, pensando em uma resposta. Decido não pressioná-la com isso.
"Eu vim aqui para conversar com você sobre o que aconteceu mais cedo. Sinceramente, não conseguia tirar da minha cabeça. E me desculpe por perturbar você a essa hora." Admito e ela finalmente olha para cima. Quando a vejo, continuo: "Eu tive um pesadelo e mesmo sabendo que foi apenas um sonho, tive que ver se você estava bem." Digo nervosamente, mexendo com a caneca nas minhas mãos.
"Lucifer, você podia ter me mandado uma mensagem, meu celular está sempre ligado." Ela fala, com um tom suave.Olho para a detetive novamente e me sinto como um idiota. É claro que eu deveria ter perguntado por ela pelo celular, ao invés de aparecer na frente da sua porta no meio da noite, como um mágico sem-teto. No que eu estava pensando?
"Ei, isso não importa, eu estou bem." Ela afirma. "Mas e você, está tudo certo?" Chloe pergunta carinhosamente e de repente coloca sua mão no topo da minha. Sorrio suavemente e fico confuso mais uma vez, pensando por que ela se importaria comigo."Estou bem agora." Respondo e Chloe retorna o meu sorriso.
"Então, o que está acontecendo com essa sua cabeça?" Ela pergunta em um tom gentil, segurando a minha mão cuidadosamente.
Olho para nossos dedos interligados e sinto sua pele em contato com a minha. Não queria me separar dela. Nunca mais. Gostaria que fosse tão fácil assim.
"Eu quero saber como valer a pena." Nunca achei que ficaria tão nervoso em falar algo. Sou o diabo, afinal. Quem diria?
E depois, silêncio.
"Todas essas... emoções, não consigo lidar com elas." Continuo. Oh Pai, me ajude. "Tudo começou quando conheci você. Primeiro, pensei que era apenas resistente aos meus charmes. Estava curioso." Isso é muito mais difícil do que pensava, droga. "Mas depois de um tempo, comecei a sentir algo. Como se tivesse alguém sentado no meu peito. Linda disse que eu estava com ciúmes, do Detetive Babaca! Tolice." A detetive começa a gargalhar e uma imensa onda de alívio atravessa o meu corpo.
Ela estica o braço para pegar a caneca de chá da mesa, soltando a minha mão. É interessante o quão seu toque me confortou.
"E você estava?" Chloe pergunta e arregalo meus olhos. Não sei se tenho uma resposta para isso. Eu estava com ciúmes?!
"Suponho que sim. Não gostava do fato que ele sabia mais sobre você do que eu. Que vocês tinham uma história juntos." Admito e a detetive olha para mim.
"Isso é tudo o que era. História. Está no passado. Queria que você tivesse me contado isso antes." Chloe finalmente fala e eu respiro fundo.
"Bem, detetive, como falei antes, não sou muito bom com emoções." Respondo.
"Você poderia tentar." Ela fala cuidadosamente e eu passo a mão pelo meu cabelo.
Não sei nem por onde começar. Há tantas perguntas das quais não tenho respostas."Como é estar em um relacionamento?" Parece que a detetive está tão surpresa quanto eu com essa questão. Mas queria saber. É do jeito como os filmes retratam? Não é horrível ser dependente de uma pessoa? Se entregar completamente?
"É bom." Ela sussurra e olha para a sua caneca. "Você sabe que, mesmo que seu dia foi péssimo, tem alguém lhe esperando em casa para tornar esse dia em um melhor. É como ter um melhor amigo." Chloe explica, e vejo o sorriso mais lindo se abrir em seu rosto.
"Mas quando você sabe que está apaixonado?" Pergunto, perdido em meus pensamentos. Ela olha para mim por um momento, procurando uma resposta, e então reponde:
"Você sabe que está apaixonado quando não consegue dormir. Não porque está assustado, mas sim pois a realidade é finalmente melhor do que seus sonhos." Chloe me encara, tentando me fazer compreender o que acabou de dizer.
"Então," Começo, ainda tentando entender. "É como, algum tipo de mágica?" Pergunto, tentando ver alguma lógica.
"Sim." Ela responde. "Você não consegue explicar. Na maioria das vezes nem está procurando por amor, mas simplesmente encontra." Silêncio se instala por um tempo, que me faz pensar mais ainda.
"Então não é como planejava? Talvez até indesejado, mas definitivamente vale a pena pela forma como ela sorri para você?" Questiono, finalmente as peças do quebra-cabeças se conectando. "Quando alguém vê o bem ao invés do mal que reside dentro de você? Quando separados, há a sensação que uma parte de você está faltando? Quando não consegue experienciar algo completamente pois ela não está junto?" Começo a falar com mais certeza a cada palavra. "Quando você tem grandes planos para o futuro, mesmo ela não sabendo disso. Quando vocês se completam, como a música precisa de dança, como o sol precisa da lua." E finalmente concluo: "Como um coração precisa de uma batida." Nem sequer é mais uma pergunta.Quando termino de falar, há um silêncio, não sei se isso é bom ou ruim. Estava apenas tentando compreender, esperando por uma correção, mas nenhuma chega. Ela olha para mim com um brilho nos olhos, como se estivesse orgulhosa do que eu disse.
"Sim." Chloe afirma. "Você realmente sabe. Quando... quando você sentiu isso?" A detetive pergunta, com um sorriso em seu rosto. Sei que ela está aqui para mim.
"Bem, quando te conheci, é claro." Digo, orgulhoso de que finalmente consegui entender tudo. "A primeira vez que meus olhos encontraram você, não foi tão especial. Eu estava curioso. Mas, com o passar do tempo, percebi que havia algo mais. Nesses meses que passamos juntos, comecei a sentir o que não sentia antes. Na primeira vez que você me tocou, meu coração acelerou, coisa que nunca acontece quando alguém encosta em mim. Com você, eu realmente quero ouvir, aprender coisas novas. Eu acho que todas as pessoas na minha vida são obras do destino e meu Pai, mas você, estou feliz que Ele lhe mandou. Eu confio em você mais do que eu já confiei em qualquer um antes. Contigo me sinto seguro, quero quê você fique segura. Eu levaria um tiro e passaria pelo inferno se fosse necessário para lhe manter segura. Já viu o quão quebrado posso ser, e ainda escolheu ficar comigo. Você é a razão pela qual eu não quero fugir, não quero lutar mais. Não é apenas um jogo com você." Acabo de falar e no mesmo segundo me arrependo. Oh, Pai. Foi muito.
"Detetive?" Ah não, isso é demais, será que eu quebrei ela?
"Uhm, detetive? Você está bem?" Chloe lentamente se concentra em mim novamente e começa a rir.Ah cara, isso não é bom.
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Como Valer a Pena
FanfictionUniverso alternativo que toma lugar no episódio onze da segunda temporada. Lucifer e Chloe na praia, com um rumo diferente.