PRÓLOGO. CENTRAL PARK

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A noite estava peculiarmente quente para um fim de verão.

Karen mantinha o ritmo enquanto percorria a calçada do Central Park.

Ela corria todos os dias no parque, mas sempre ao amanhecer, contudo, as últimas semanas foram de trabalhos intensos na revista.

O chefe havia anunciado uma promoção big para quem conseguisse aumentar as vendas.

Somente 03 jornalistas estavam no páreo: Joanne, Simon e Karen.

A jovem de 25 anos trabalhava na revista Lipstick, no coração de New York, como jornalista de moda júnior. O salário ainda era muito baixo e os custos para se manter na Big Apple eram altos, ainda mais para ela, que não só gostava de moda, mas também de ser parte dela.

Então porque ela se mantinha na profissão se o salário era baixo? Duas coisas: inveja e Anna Gio.

Todos sonhavam em trabalhar na revista mais badalada de New York. Então, quando Karen conseguiu o emprego, aos 22 anos, seus pais se encheram de orgulho e seus "amigos" de inveja.

E o principal motivo da inveja era Anna Gio, editora chefe da revista.

Rica, chique e influenciada.

A promoção seria para editor da revista, logo todos ali não estavam somente de olho no salário, mas no status.

Karen não era diferente.

Tudo isso passava pela cabeça da jovem corredora.

Precisava se esforçar mais, conseguir boas matérias, furos de reportagem, se destacar. Além disso, precisava ser estonteante.

Ninguém podia trabalhar em uma revista de moda e se vestir de qualquer jeito.

Como ficar deslumbrante se tinha que gastar todas as forças para conseguir se destacar? Correr era uma opção. Se manter em forma.

Correr era a única coisa barata o suficiente para lhe fazer esquecer dos problemas (ou coloca-los em ordem).

Também era algo que lhe remetia a seu pai. O Sr. Howard dizia que correr era o melhor exercício, para o corpo e alma.

A estrada não julga e está sempre a sua espera.

Contudo, as pessoas julgam e em momentos como estes, Karen não poderia dar azo ao azar. Colocar qualquer roupa para correr? JAMAIS! Isso tinha acabado.

Imaginem as manchetes: EDITORA DA LIPSTICK VESTE MACY'S

O simples pensamento já fazia Karen tremer. Só assim ela percebeu que acabou entrando no Central Park sem perceber.

Parou repentinamente.

- Como vim parar aqui! – falou para si.

Os pensamentos a levaram para dentro do parque. Seu pai sempre disse para não ir ao Central Park a noite, principalmente sozinha.

Ela olhou em volta, mas não reconhecia nada. Por mais que conhecesse o lugar, a noite tudo fica esquisito.

A adrenalina começou a percorrer o seu rosto.

Pegou o celular para ver a localização.

- Merda! – sem sinal.

Ela começou a voltar por onde veio. Fazia sentido em sua cabeça.

O caminho era estreito e escorregadio.

Como vim parar aqui! – pensou.

Passos rápidos. Silêncio. Somente a sua respiração, rápida e ofegante.

Começou a sentir um frio na espinha.

Suas mãos estavam nervosas. Apressou o passo.

Finalmente chegou em um lugar mais largo.

Ufa – ela respirava mais aliviada.

Não parou. Continuou o passo apressado. Olhou para o celular: sem sinal.

- Meu Deus! – praguejou.

Sentia que alguém a observada.

Acelerou o passo novamente.

Começou a olhar para trás. Um vulto ao longe.

Coração acelerou. Adrenalina.

O vulto se aproximava.

Ela acelerou.

Um passo e olhava para trás. Mais um passo e olhava para trás

Em dado momento, ela acabou tropeçando, caindo no mato e rolando até uma outra rua.

Percebeu que estava na East Dr., próximo ao Mayor John Purroy Mitchel Memorial.

- A saída! – ela exclamou.

Levantou rapidamente e saiu correndo, cruzando a rua para ficar do lado direito, longe do vulto.

Contudo, ao atravessar a pista, algo lhe chamou a atenção na beira da estrada. Parecia.... um parte de pernas?! – pensou.

Uma pessoa comum, em apuros, correria.

Um jornalista, louco por um furo, para e verifica.

Karen parou, no meio da estrada. Olhou para todos os lados.

Ofegante.

Se aproximou devagar. Olhando para todos os lados. Pegou o celular e começou a tirar fotos, esquecendo de verificar o sinal.

Só consegui ver os pés (tênis de corrida) e os tornozelos. O restante do corpo estava escondido por um arbusto.

Puxou as pernas.

A imagem era aterrorizadora.

O corpo de uma mulher, seminua, machucada e morta.

Karen começou a tirar as fotos. Mãos tremulas. Nunca tinha visto um corpo tão perto.

- Posso não conseguir uma promoção, mas uma manchete em outro jornal sim....

Seu pensamento foi interrompido por um par de mãos que a seguraram por trás.

Tinha se esquecido do vulto. Ele era real.

Ela tentou lutar. Gritar, mas o agressor era mais forte.

Karen chuta as partes baixas do agressor, que a larga e cai de joelhos. Ela também cai. Tenta levantar, mas o agressor a atinge com uma pedra em sua cabeça.

Ela cai de bruços. Ainda estava acordada, mas sangrando.

Se arrasta, mas uma mão muito forte agarra o seu tornozelo, puxando-a.

Karen tenta gritar, mas não tem força.

Um soco e tudo se apaga.

Hell's KitchenWhere stories live. Discover now