✖ Capítulo 28 ✖

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Dia seguinte.

Depois daquilo que aconteceu ontem, o Xiumin agradeceu-me e até ficou um pouco constrangido pelo abraço que eu lhe dei.

Fiquei triste por perceber que afinal ele não vê nada em mim além de uma confidente e amiga e nada mais. Era estranho desejar isto, há uns meses a única coisa que estava na minha cabeça era o Connor e o Xiumin era apenas um ser que vivia cá em casa que, aos poucos, foi mudando o sentido da minha vida e talvez a minha forma de viver.

Tenho sentido que ando mais contente e sorridente, algo que não acontecia há anos. Aquilo que aconteceu com a minha mãe quase me tirou a alegria de viver.

Acho que um milagre está a acontecer.

— Hoje vou levar-te à escola.

Saí do meu quarto e o meu pai abordou-me quando entrei na cozinha, já pronta para ir para a escola.

— Porquê? Nunca me levaste. Porquê hoje?

— Por isso mesmo. Porquê nunca te levei e estou de folga, já agora.

— Tudo bem, não me queixo.

Ri e sentei-me na mesa da cozinha enquanto esperava o meu pai acabar de fazer o que aparentava ser panquecas. E realmente eram e estavam deliciosas, como só ele sabe fazer.

Bom, o dia começou bem e vai ter de acabar ainda melhor.

Hoje eu decidi que vou ser sincera com o Connor e acabar com ele. Quero dizer, o dia pode tanto acabar muito bem ou mesmo muito mal. Eu não faço ideia como ele vai reagir mas é claro que vai ficar triste, se ele ainda gosta de mim. Até eu que deixei de gostar daquela maneira dele fico triste em ter de acabar com ele e magoar os seus sentimentos.

Depois de comermos, ajudei o meu pai a arrumar a cozinha, fui buscar as minhas coisas ao quarto e fomos para o carro, em direção à escola.

Antes, tentei procurar pelo Xiumin mas não o consegui encontrar em lado nenhum, então desisti.

Quando cheguei à escola, fui arrumar algumas coisas ao meu cacifo e quando lá estava a coloca-las, conseguia ouvir a Yura e as mais umas duas amigas a rirem e a comentarem sobre uma garota que passava por elas. Aquilo dava-me uma raiva, mais ainda do que quando era comigo.

A Yura acalmou depois que o Connor falou com ela, mas eu sinto os olhares que ela me lança cada vez que nos cruzamos. E aquilo diz mais do que mil palavras.

Não precisa de o vocalizar para eu entender o que ela pensa e sente por mim.

Fechei o cacifo e suspirei. Era hoje que esta história com o Connor, que consequentemente acabaria por fazer com que a Yura me deixasse em paz de uma vez por todas.

Fui para as traseiras da escola onde eu e o Connor costumamos estar para ficar sozinhos. Não esperei lá muito tempo até que o Connor aparece na minha frente, sorrindo.

— Bom dia, querida — beijou a minha testa e abracou-me rapidamente, que eu retribui.

— Connor... eu preciso de falar contigo...

— Essa frase é um pouco assustadora — riu mas ficou novamente sério ao perceber que eu encarava o chão, calada — O que é que se passa, Alex?

— Eu... eu quero acabar, Connor... — quanto mais direta melhor, pensei eu.

Ele afastou -se um pouco de mim e percebi que o mesmo engoliu um seco. Definitivamente, magoei-o.

— Alex... porquê? Eu pensei que estivéssemos bem. Foi alguma coisa que eu fiz? Diz-me por favor. Ou então foi a Yura... o que é que ela te fez desta vez?

— Não, não foi a Yura e não, tu não fizeste nada. Fui eu, Connor...

— Eu não estou a entender nada — ele riu, mas pareceu-me mais de nervosismo.

— Connor... eu... eu comecei a gostar de outra pessoa.

— O quê?

Ele olhou-me nos olhos por alguns segundos, ainda com um olhar confuso e depois abanou a cabeça, parecendo que não acreditava naquilo que eu lhe tinha dito.

— É verdade... desculpa mas eu tinha de ser sincera contigo, não te queria magoar mais.

— Tu gostas mesmo de outra pessoa? — a sua voz falhou. Boa, ele está quase a chorar. Por momentos, desejei não ter dito nada daquilo.

— Sim, mas eu nunca te traí. Estes meses que estive contigo foram genuínos, eu estava mesmo apaixonada por ti.

— Mas já não estás... — neguei com a cabeça — Porquê? Porque é que deixaste de gostar de mim assim? Foi alguma coisa que eu fiz de certeza, ou então foi a Yura...

— Não, Connor, eu já te disse que nem tu nem a Yura tiveram nada a ver com isto. Eu... percebi que comecei a gostar de outra pessoa...

— E essa pessoa... eu conheço?

— Não... nunca o viste sequer.

Connor afastou-se de mim e deu-me costas, ficando uns dois minutos em silêncio.

Parecia que o coração me ia saltar do peito, pensei que ele iria ficar furioso e gritar comigo, mas o que aconteceu chocou-me mais ainda.

— Tudo bem. Se já não gostas de mim, não faz sentido continuar-mos juntos.

— Connor... — ele voltou a aproximar-se de mim e agarrou nas minhas mãos.

— Claro que eu estou triste, afinal gosto de ti. Mas eu agradeco-te, do fundo do coração, que tenhas sido franca comigo e que não me tivesses mentido. A sério.

Não aguentei as palavras dele e puxei-o para um abraço apertado.

Partia-me o coração vê-lo assim. 
Por mais que ele estivesse a tentar ser forte, eu percebi que ele fazia de tudo para não chorar e mostrar-se magoado na minha frente.

— Desculpa, Connor. Tu não merecias nada disto. Se eu pudesse escolher, eu nunca me tinha apaixonado por outra pessoa. Tu és maravilhoso e sortuda aquela que te encontrar.

— Não tens de te desculpar, Alex. Eu sei que não fizeste de propósito e para mim sinceridade vale muito.

Logo a seguir, a campainha tocou e nós tivemos de ir para a sala de aula.

O resto da manhã foi tranquila, apesar de perceber o quanto o Connor estava em baixo então decidi deixá-lo o resto da manhã sozinho.

Eu sabia que depois disto talvez não voltassemos a ser os mesmos, mas pelo menos estava de consciência tranquila e sabia que tinha feito a coisa certa.

My Sweet Ghost | XiuminOnde histórias criam vida. Descubra agora