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Assim que desço do carro, fecho meus olhos e dou um longo suspiro, sentindo a leve brisa que percorre por entre as árvores. Com certo esforço, puxo minha bengala que até então repousava sobre o banco do passageiro e, com a ajuda da mesma, começo a caminhar em direção a ponte.
48 anos se passaram desde o incidente.
48 anos vivendo na escuridão, sem meu pequeno raio de sol.
De repente, a cena ricocheteia em minha mente indo e vindo sem parar. Lembranças machucam, machucam demais.
Eu devia ter te contado.
Eu devia ter te salvado.Já perto de meu destino, sinto todos os pensamentos ruins esvaírem-se, sendo substituídos por um doce toque em meu peito, deixando-me leve.
Um toque de amor.
Paro no meio da ponte, sorrindo ao encarar as iniciais que se encontram cravadas no cercado de madeira.
Como de praxe, retiro um pequeno canivete vermelho de meu bolso, reforçando as marcas ali presentes, já enfraquecidas pelo tempo.
R+E
Carinhosamente, limpo as lascas de madeira que ali ficaram, dando um pequeno selar nas marcas — agora mais vívidas que nunca.Afasto-me ainda com os olhos fixos na cerca, finalmente permitindo que as lágrimas resguardadas em meus olhos rolem, dançando sincronicamente.
— Feliz aniversário, Eds — Digo por fim, com um singelo sorriso em meu rosto, agora encharcado pela pequena dança.
Sento-me com as costas apoiadas no cercado e me permito fechar os olhos, sentindo o vento acariciar meus cabelos — agora brancos como algodão.
Estou indo te encontrar, Anjo.
Sinto um certo incômodo em meu corpo, só então notando o longo tempo que permaneci sentado nesta posição, sorrindo para o nada. Puxo minha bengala e, apoiando meu peso sobre a mesma, consigo me levantar.
Com um sorriso nos lábios, sibilo docemente três palavras, as quais nunca fui capaz de pronunciar em voz alta, sentindo um peso enorme sair de meus ombros enquanto o fazia.
Antes de ir embora, fecho meus olhos e suspiro uma última vez, deixando-me ser abraçado pela brisa que com ternura se aconchega em meu corpo. Um sorriso largo se forma em meus lábios com a familiar sensação acolhedora, que por anos me trouxe felicidade, exalando amor por onde fosse.
— Oi, Chee.
De súbito, um arrepio repentino percorre por todo o meu corpo, deixando-me paralisado com o som daquela voz, a qual mesmo em meio a uma multidão eu seria capaz de reconhecer. Hesito por alguns segundos, logo depois rendendo-me ao abrir os olhos, permitindo que lágrimas tracem o caminho de meu rosto novamente.
Pisco com força repetidas vezes, ainda desacreditado com o que vejo — com quem eu vejo. — Limpo meus óculos, como que para voltar a realidade, logo em seguida o vendo rir de minha ação, achando-me tolo. Acabo por concluir que, realmente, sou um tolo por ter feito isso, afinal de contas, ele ainda está aqui. Ele está aqui.
Um vislumbre do meu pequeno raio de sol, bem aqui, diante dos meus olhos.
— Eds... — Digo por fim, em um murmuro.
Ele trajava uma jaqueta vermelha com uma camiseta azul bebê, realçando suas calças escuras. Exatamente como naquele dia — penso —, com exceção de seus cabelos, agora tão brancos quanto os meus.
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Dancing With Your Ghost • Oneshot Reddie
Fanfiction⌕ Onde Richie sempre ia a ponte do beijo no aniversário de Eddie, e, depois de 48 anos, ele consegue finalmente dançar com seu amor, rumo ao recomeço.