plantas e tatuagens.

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#FUSQUETINHO

Gostava de apreciar as pequenas coisas.

Como um bom fotógrafo, Jeongguk passava boa parte de seu tempo apenas observando, encarando coisas pequenas, detalhes que quase eram perdidos por pessoas apressadas demais, ou ansiosas demais.

Por exemplo, o modo como o apartamento de Jimin era bem iluminado.

Era sábado, mas acabou acordando cedo porque queria terminar de organizar todas as suas coisas. Park não estava em casa e, desde que Jeongguk mudou-se de fato, não conseguiram fazer uma 'tour' pelo apartamento completo. Mas, o tatuado permitiu-se andar sozinho, conhecendo os cômodos do primeiro andar e descobrindo que suas plantas ficariam perfeitamente acomodadas ali.

Afinal, se Jimin permitisse, Jeon poderia colocá-las nas áreas onde o sol pegava o dia quase inteiro e, assim, não teria de preocupar-se em mudá-las de um lado para o outro no decorrer do dia.

Enquanto não tinha permissão, colocava as plantas menores na janela de seu quarto, na cabeceira de sua cama. Ajeitou a suculenta roxa, um cacto botão e outro cacto coral, acariciando as folhas da primeira antes de dizer, baixinho:

— Você gostou, Jee? — sorriu. — Acho que vamos gostar de morar aqui.

Deixou o borrifador de água ao lado dela e foi de encontro com as plantas nos vasos maiores, no chão. Colocaria uma delas perto da porta e a outra ao lado da cama, pelo menos até saber se não poderia colocá-las na varanda.

Jeongguk ficava animado quando cuidava de suas plantas.

Organizou os últimos vasos e não demorou-se no quarto, caminhando lentamente pela casa enquanto observava toda a decoração com mais atenção. Jimin possuía cômodos repletos de prateleiras ou móveis de madeira, o mesmo tom também. Era bonito, combinava com os tons de beje e de verde também.

Imaginava, enquanto passava, que suas plantas adicionariam muito mais ao espaço, também. Quer dizer, Jimin parecia alguém que apreciava cor, mesmo que tivesse o visto sair completamente de preto para trabalhar no dia anterior. Por que a casa não seguia o padrão dele?

Entrou na cozinha e abriu a geladeira, sentindo-se confortável apenas porque sabia que estava sozinho em casa.

Quando Jimin disse que realmente não cozinhava nada, Jeongguk achou que ele estava brincando, mas ao ver a geladeira repleta de coisas congeladas ou processadas, ficou surpreso. Como alguém vivia comendo apenas comidas industrializadas?

Encheu um copo com suco de uva integral, o que parecia ser a única coisa mais natural ali, e partiu para a varanda, encostando-se ali e observando seu quarto.

Estava tão feliz, Jeon não sabia ao certo como externar toda a alegria que sentia de ter encontrado aquele quarto para alugar. Sentia que poderia focar-se mais na faculdade, cuidar de suas plantas, sem medo de fazerem uma festa no meio da semana, regarem suas plantas mais do que podia ou, sei lá, cobrar uma fortuna numa diária de hotel.

Então, fitou a vista que tinha da varanda de Jimin e sorriu, vendo como tinha visão não só de uma praça que ficava a algumas quadras dali como também de ruas, outras sacadas de outros prédios e outros quintais. Não que fosse um stalker maníaco, longe disso, mas Jeongguk possuía o exercício de olhar ao redor e criar histórias hipotéticas do que poderia estar acontecendo, ou de quem aquela pessoa poderia ser.

Havia desenvolvido aquela mania quando ainda era pequeno, porque o tatuado nunca teve muitos amigos e, mesmo assim, possuía imaginação demais para sentir-se só.

Contudo, ouviu a porta do apartamento abrir-se antes que pudesse inventar a história de mais alguém. Bebeu do suco e virou-se de leve, ouvindo passos antes da voz animada de Jimin:

Lusco-Fusco | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora