O Filho das Sombras

Capítulo 5: Uma Velha Amiga

Zyran se encontra numa escuridão, uma imensidão de trevas tão densa que era quase palpável, e a sensação era de que estava fora do conhecido plano material, porém, de alguma forma, ela mesma tinha uma luz própria, mas ainda assim não havia mais nada além dela. Não demorou muito para que ela reconhecesse aquela atmosfera. Esse foi o local de encontro com alguém que a muito não via. Então passou a caminhar tentando encontrar algo ou alguém, até avistar a silhueta de uma mulher como uma sombra ao longe. Zyran então se apressa para se aproximar e aos poucos a figura vai dando forma a uma mulher encapuzada de vestes de couro leve e que curiosamente esta usando uma máscara incomum sem expressões...

- Olá Zyran... – Disse a Mulher com uma voz ecoante.

- Mask... – Respondeu brevemente surpresa. – A que devo sua visita depois de tanto tempo?

- Ora. Vim concluir nosso acordo. Alias é uma ótima hora para isso. - Zyran já esperava que ela dissesse algo do gênero, mas fazia tanto tempo que havia se esquecido.

- Como assim? Esta dizendo que vai me separar dele? Por que agora? Ele não está pronto. – Perguntou aflita.

- Escute. Você fez muito por nós. Mais do que qualquer um poderia fazer. Não foi atoa que te escolhi. – disse Mask com um ar malicioso, mas Zyran consentiu – Você treinou muito bem o garoto e tenho visto seus feitos e creio de fato que chegou a hora de toma-lo para mim, mas ainda falta algo nele. Algo que você evitou todo esse tempo não é mesmo. Não esperava isso de você principalmente porque tínhamos um acordo. – Declarou com a mesma tranquilidade.

- Você mesma viu. Juntos, fizemos muitas coisas. Demos sangue a você. Morte. – exclamou Zyran um tanto quanto irada.

- Ah Zyran! Sejamos sinceras, por favor! – Colocou-se em alta voz com um tom de desprezo – Você o induziu a bondade. Está claro! Esta fugindo de concluir a sua parte e é evidente que se apegou ao garoto. Não Negue.

- O que você esperava? Eu não queria mais aquela vida podre e você me propôs redenção pra ensinar a mesma merda pra uma criança! Algo que passei a abominar? – Sua ira a tomou. Zyran guardava isso há muito tempo e colocou isso pra fora ali mesmo. – Você me enganou!

- Não me importa o seu apego! Nós temos um trato. Eu estou pronta para dar a sua redenção, estou te dando outra chance e assim que me agradece?

- Chega! Eu não quero mais nada que venha de você. Não me arrependo do que fiz por ele e se eu tiver que morrer agora e for para o abismo, ou seja lá o que for, não me importo. – Bradou bracejando e cheia de revolta. Em seguida correu para longe da figura que declarou enquanto se distanciava "que assim seja".

Espantada, Zyran desperta no meio da noite do outro lado do cômodo e imediatamente se levanta e procura por mesk em volta da cabana. Arim acorda assustado...

- Ei! O que Houve?! – Perguntou ele da porta de entrada.

- Não é nada. Pensei que fosse alguém. Está tudo bem. – Respondeu ofegante. Arim desconfia sem dizer nada. – Pode voltar a dormir. Amanhã será um dia cheio.

Ambos voltam a se deitar e assim que o aprendiz cai no sono, Zyran se levanta, separa uma vela, tinta, pena para escrita, um pergaminho e então escreve uma carta. Tempo depois à guarda em suas coisas, vai até a lareira em brasas, põe em seu rosto uma expressão de ódio e tira de dentro das suas vestes escuras, em um bolso esquecido, um colar com um pingente no formato da mascara de Mesk. A Deusa das sombras e da noite, a qual muitos de caráter questionável seguem tais como ladrões, assassinos, enganadores, coisas do tipo. Sua ira aumenta ainda mais fazendo com que ela o jogasse no que restou do fogo da lareira. Então ela volta a deitar, mas passa o resto da noite em claro.