Visita inesperada

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Mare

Saio do cômodo em que Maven me surpreendeu pisando forte mas sem antes perceber o senhor Arven e Evangeline conversando. O que eles teriam para conversar? Fico imaginando que tipo assunto eles teriam juntos. Ignoro os dois e sigo para meu quarto, com o caminho já memorizado na minha cabeça. O palácio de Whitefire é deslumbrante sob o sol do fim da tarde. O crepúsculo parece fazer parte da decoração com suas cores de amarelo e laranja.

No meio do caminho encontro quem eu mais tenho medo neste castelo. Elara está impecável em seu vestido azul marinho de cetim cravejado de diamantes, representando as cores da Casa.

- Majestade - faço uma breve referência.

- Lady Titanos, passeando pelo castelo? - ela pergunta.

- É sempre bom tomar um ar puro.

- Realmente, já estava voltando para seu quarto?

- Sim, e onde você está indo? - apesar de tudo o que ela pode fazer, não tenho medo em falar com a rainha como se estivesse conversando com qualquer outra pessoa.

- Estou indo encontrar meu filho - responde de má vontade - Viu ele nesse seu passeio?

- Não, não ando pelo castelo procurando por Maven. - digo.

Ela me olha e sai em silêncio, não se despede ou diz mais nada. Olho para trás, só para ter certeza de que ela não estava me observando.

Tenha cuidado com seus passeios Barrow, há muito nesses corredores que podem te comprometer.

A voz penetrante de Elara na minha mente soa como uma ameaça.

Ameaça não, um aviso de uma amiga.

Sua gargalhada se parece como sinos, suave e marcante ao mesmo tempo.

Ando mais rápido para me ver livre do controle de Elara. Lembro-me bem das torturas dela e de como é doloroso passar por todo seu poder. Em uma guerra, ela seria meu alvo principal, mas duvido que ela iria para guerra. Prateados usam vermelhos num conflito e não seus familiares, o risco de perdas e mortes é muito grande.

Quando viro a esquina para chegar até meu quarto, vejo Cal parado na porta.

- Oi - eu digo.

- Você não apareceu no treino, aconteceu alguma coisa? - ele diz, parecendo preocupado.

- Tive alguns contratempos, desculpe.

- Posso te ajudar em algo? - como ele é insistente.

- Não, já está resolvido... - hesito, não sabendo como iniciar o assunto. - Cal, eu estou adorando o treinamento, está sendo de grande utilidade mas infelizmente não vou poder continuar.

- Mare, meu irmão tem algo a ver com sua decisão? - Cal não é burro, ele já entendeu o que está acontecendo.

- Digamos que eu não quero Elara supervisionando nossos treinos. - respondo.

Cal abre a porta do meu quarto e me arrasta para dentro.

- Cal, o que você...

- Mare, Maven está mexendo com a sua mente, nunca se esqueça de quem ele é filho. Elara não fica monitorando o que cada pessoa neste castelo está fazendo, ainda mais de uma pessoa como você. - ele argumenta.

- Uma pessoa como eu? - essa frase me chamou atenção.

- Uma vermelha... Apesar de que eu reparo e muito em você... - Cal parece envergonhado por estar confessando isso.

- Cal, olha, eu não quero me envolver com o herdeiro de Norte. Aliás, Evangeline arrancaria minha cabeça com as próprias unhas se acontecesse. - digo, tentando não magoar ele.

- Mare, entenda, eu não sinto nada por Evangeline, absolutamente nada. Nós fomos criados para isso, desde crianças nossos pais nos criaram para governar juntos. - ele explica - Não há sentimentos, não da minha parte.

Fico em silêncio, ponderando tudo o que ele disse. Ainda acho errado essa situação, vai contra tudo o que eu penso desde quando me entendo por gente. A realeza é cruel, são pessoas para ficar longe, manter o mínimo de contato possível, ainda mais sendo uma vermelha.

- Cal, eu não sei... - ele se aproxima, ficando a centímetros de mim.

- Apenas relaxe Mare - ele diz, sussurrando perto dos meus lábios. Sinto seu hálito refrescante e desejo aquilo.

Minha respiração acelera e sinto a dele acelerando também. Seus lábios se encontram com os meus em uma explosão de sensações, seu calor nos envolvendo. Os lábios de Cal são macios e seu beijo é viciante. Me afasto um pouco para recuperar o fôlego mas continuo próxima dele, não quero me afastar mais. Ele se afasta também e seus olhos ardentes encontram os meus, quase implorando por mais. Ele volta a me beijar e eu me entrego a ele.

Me afasto novamente e tento colocar minha mente para funcionar de novo.

- Cal, você tem que ir. - digo, ofegante

- Tudo bem. - ele concorda, arfando - Tudo bem. - ele me da mais um selinho e se retira do quarto.

O observo indo embora enquanto me pergunto quais consequências esse beijo terá.

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Esse capítulo foi escrito para uma amiga que, nunca leu as histórias originais mas que se apaixonou pelo casal Calre (apesar de eu ter uma opinião diferente akakkakak).

Amanda, espero que goste.

MaVen -- Amor ou Poder? Onde histórias criam vida. Descubra agora