O amor está em mais do que os olhos podem ver. Em mais do que pode ser dito. Além até do que se pode acreditar. E Jimin sabia que precisava mostrar mais do que a vista alcançava.
Jungkook só precisava querer ver.
De um lado, a segurança de uma vida...
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Junho, 2019
— Hyung, eu não consigo voltar para lá!
Há momentos e momentos. Eu, volta e meia, parava para pensar em como a vida é recheada dessa ideia de que sabemos o que queremos e para onde vamos, quando na verdade não passamos de pessoas, corpos e mentes perdidas, tentando se encontrar.
E havia uma em questão que parecia bem determinada...
Era quinta-feira à noite. Eu estava do lado de fora do meu apartamento, sentado no piso do corredor escuro, já que a iluminação do meu andar por algum motivo estava apagada. Com o celular colado na orelha, eu falava e Jin me escutava.
Infelizmente, ele ainda estava em Daegu, e só voltaria entre dois ou três dias.
— Você é um homem ou um frango? — rebateu.
— Hyung! — choraminguei, jogando a cabeça na parede, indignado.
— Deve ser só algo no sistema elétrico. Você não disse que teve um problema no corredor? Então, deve ser o mesmo! Para de ser mole, Jungkook-ah.
Suspirei.
As luzes do meu apartamento piscavam sem parar. Ritmadas. Não era algo do sistema elétrico.
Não era uma coincidência.
Entretanto, ele parecia ainda não acreditar no que eu estava dizendo. Queria saber onde havia parado aquele papo de que ele iria acreditar em mim por mais louco que eu fosse.
— Você não serve nem para me ajudar num momento como esse, para que pediu que eu ligasse então?
Me encolhi no chão frio, bicudo.
— Para me certificar de que está tudo bem aí sem minha ilustre presença. — Revirei os olhos. — E posso ver que sim, né? Você está surtando com coisas sem motivo como sempre.
Bufei, bravo: — Vou desligar.
— Não! — Ele gritou, rindo fraco. — Sabe que eu não estou falando sério, não sabe?
— Não sei... — Fiz um bico ainda maior, em uma tentativa falha e inconsciente de que ele pudesse ver de onde estava. — Eu sou apenas uma piada para você, hyung?
— Não, jungkook-ah, estava apenas brincando — disse risonho, por fim.
O silêncio logo se fez presente. Mas eu precisava falar. Precisava continuar falando para me distrair.
— Eu não estou com medo. — Cocei a nuca. — Eu estou desconfortável.
— Desconfortável? — Jin soou confuso do outro lado da linha. — Porque estaria desconfortável na sua própria casa?
Realmente... não fazia sentido. Nada nesses últimos dias faziam sentido.
— Não sinto como se ela fosse minha... tipo, só minha. — Olhei de relance para porta. Havia alguém ali. Eu tinha quase certeza. — E se ela for daquele fantasma que está tentando, sei lá, me expulsar?
