Capítulo XVIII ● Youngjae

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— PARK JINYOUNG? O MEU PARK JINYOUNG? — Yugyeom grita bem alto dentro da biblioteca, lugar onde nos encontrávamos procurando alguns livros que precisariamos pra fazer um trabalho. Ele estava claramente chocado e descrente depois de eu ter contado a história sobre Jaebeom ser amigo de Park Jinyoung, nada de surpreendente, eu sabia que essa seria exatamente a reação que ele teria quando descobrisse. Em outra ocasião eu brigaria com ele e diria para ele parar de fazer escândalo dentro de uma biblioteca, porque esses lugares foram projetados para serem silenciosos, mas já era bem tarde, a bibliotecária, assim como todos os alunos, ja tinham ido embora, então os gritos de Yugyeom não incomodariam ninguém, apenas eu.

Passo os dedos nos títulos dos livros, lendo os temas e tentando escolher os que me pareciam mais interessantes. Yugy e eu decidimos pegar alguns livros em braile e outros normais, para assim os dois poderem fazer sua parte no trabalho, dividindo o mérito ao meio, como tem que ser. Os livros estavam bem empoeirados, penso comigo mesmo que isso devia-se ao fato de apenas uma pessoa ser responsável por tomar conta do lugar, Sra. Yunah, a bibliotecária de meia idade que era doce, assim como os biscoitos que sempre trazia para o lanche da tarde. A biblioteca da escola era grande demais e Yunah era pequena demais, limpar tudo sozinha seria quase um trabalho impossível, ela não tinha culpa.

— Tecnicamente ele não é seu.

— Tecnicamente ele ainda não é meu. — Yugyeom frisa bem o ainda, para deixar claro que acreditava com todas as suas forças que Jinyoung um dia realmente seria seu. Eu até acho que ele acredita de verdade, mesmo que Park Jinyoung, o cara mais certinho, popular e irritado de toda a escola, seja quase inacessível para todo mundo, até mesmo para as pessoas mais insistentes, como meu amigo é. — Como Jaebeom conseguiu fazer ele ser legal com alguém por vontade própria?

— Vai ver ele odeia todo mundo menos alguns. — Dou de ombros e pego um dos livros da prateleira, não dando tanta atenção ao assunto enquanto passava os dedos pela capa e contra capa do exemplar. Yugyeom já tinha me feito tantas perguntas o dia inteiro, sobre tanta coisa, que eu até pensei duas vezes se devia mesmo contar sobre esse assunto para ele hoje ou se deixava para contar outro dia. Entretanto, como ele estava meio triste o dia todo porque brigou com o irmão, eu pensei que isso fosse deixar ele mais animado, o que aconteceu, é óbvio, algo ótimo pra ele e ruim pra mim.

— Por que Jaebeom seria um desses alguns que ele não odeia?

— Não sei amigo, vai ver ele só queria ser legal com o aluno novo na aula do professor que todo mundo sabe que é um carrasco.

— É Park Jinyoung, Youngjae, ele nunca faz nada legal sem pedir algo em troca. — Suspiro antes de devolver o livro que eu tinha em mãos de volta para a prateleira, então me viro de frente para Yugyeom, que provavelmente estava encostado em uma das estantes sem medo nenhum de derruba-la e causar uma catástrofe enorme, e sinto que ele me olha de volta, esperando minha resposta talvez?

As vezes é difícil ser amigo de Yugyeom, coisas simples se transformam em coisas gigantes, tipo no dia em que eu faltei na escola para ir ao hospital e não o avisei porque meu celular morreu. Por causa disso ele achou que eu o estava ignorando, então foi no parque de diversões próximo da nossa casa, comprou uma maquina de algodão doce e me deu de presente como um pedido de desculpas por ter feito literalmente nada. Na hora até foi engraçado, mas depois de um tempo, quando a máquina começou a pegar poeira porque eu tive que parar de comer açúcar por conta da saúde e minha mãe teve que dar um jeito de se desfazer dela, nós vimos como o presente foi uma coisa meio louca.

— Talvez ele estivesse de bom humor e quis ajudar o Jaebeom porque pensou que ele fosse uma pessoa legal. Talvez essa tenha sido apenas sua boa ação do mês. Talvez ele só estivesse cansado de ficar sozinho e foi atrás de um amigo, logo achando que Jaebeom, por ser novato e não o conhecer, seria a pessoa perfeita para o cargo. Eu não sei, Yugy, não sou Park Jinyoung, não tenho as respostas para as suas perguntas. — Solto tudo de uma vez, levemente irritado, porque não sei o motivo de Jinyoung ter sido legal com Jaebeom, não sei o que se passou na cabeça dele para fazer isso, mas agora, parando pra pensar nisso, em Jinyoung se aproximando de Jaebeom com segundas intenções, me sinto meio bravo de alguma forma, não gosto da idéia. Coisa essa que não é muito habitual, eu não sou nada possessivo, nem mesmo com as pessoas que eu mais amo. Então por que isso agora? E por que com Im Jaebeom?

— Nossa, mas você tá brava amiga? — Yugyeom dá um peteleco na minha testa, de brincadeira, só para descontrair e me acalmar. Eu deixo o semblante sério e irritado de lado no mesmo instante e sorrio para ele, porque ele sempre me irrita, mas sempre me desirrita também, se é que essa palavra existe em algum vocabulário além do meu. — Vamos só acreditar na opção de que ele queria um amigo e Jaebeom foi o escolhido, Ok? pelo bem da nossa sanidade mental.

— Você acha que ele vai começar a frequentar minha casa agora que virou amigo do Jaebeom?

— Não sei, mas se a resposta for positiva você precisa me ligar na hora pra me avisar, assim eu vou poder brotar na sua casa de forma bem casual para poder apreciar a beleza dele de perto.

— Certo, eu posso fazer isso. — Sorrio, feliz da vida por saber que o assunto se encerraria ali, então finalmente eu poderia voltar para casa, tomar um banho e descansar, para então começar a fazer o trabalho com Yugyeom, que vai dormir na minha casa hoje, como sempre. Me viro e pego o livro de antes, mudando de idéia sobre deixar ele ali, então coloco ele na pilha de livros que Yugyeom segurava e suspiro de alívio, esse é o último. — Você vai pegar mais algum livro?

— Nah, se faltar alguma coisa eu pesquiso na internet.

— Então vamos pra casa?

— Vamos pra casa.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora