Capítulo único.

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Bem, essa one shot foi escrita há alguns anos atrás, e só foi postada no social spirit, mas como estou retirando minhas fics de lá, resolvi passar tudo pra cá. É uma one que dá vida a dois tweets da Lauren, do ano de 2014. Escrevi nesse mesmo ano, baseado na música "I hate you, dont leave me - Demi Lovato". Enfim, espero que gostem. 😘 

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4 de Março de 2014, NY.


Lauren POV.

Meus olhos estavam pesados, mas eu não conseguia adormecer. Por mais que meu corpo estivesse cansado, minha mente estava inquieta. 3:10 da manhã, tudo o que eu podia ouvir naquele quarto era o som da respiração pesada de Dinah, fazendo-me sentir inveja do sono maravilhoso que ela desfrutava.

No meu celular uma foto estava aberta, nela a minha imagem e a de Camila há algumas horas atrás no show que fizemos em Albany, NY. Estávamos comemorando em grande estilo o aniversário de dezessete anos de Camila, onde fizemos para ela uma pequena surpresa no palco, com direito a bolo e balões. Foi uma noite bem animada, com toda a certeza inesquecível para nós. Mas algo naquela foto estava me incomodando mais do que a pressão existente dentro de mim, o sorriso que eu deixei de receber me confirmando, mais uma vez, o quanto toda aquela situação era incerta.  

Eu suspirei angustiada e larguei o celular ao meu lado sobre a cama, me deitando de costas e fechando meus olhos. Minha amizade com Camila havia mudado tanto que eu não sabia dizer onde foi que nos perdemos. Talvez eu soubesse a resposta, mas tudo na minha vida era na base do “talvez”. Quando é que eu me daria as certezas que precisava?
Minha cabeça estava uma completa confusão, meus pensamentos e meus sentimentos tão embaralhados que eu me sentia perdida no meu próprio eu. Eu sentia que estava perdendo Camila, mas eu não sabia o que fazer para tê-la de volta. Os meus erros, os meus medos, a minha insegurança, a minha ignorância, tudo isso fazia com que eu a afastasse de mim sem perceber. Eu passava os meus dias tentando agradá-la, mas sempre havia uma vírgula fora do lugar para magoá-la. Eu me afastava com medo, tudo o que menos queria era feri-la mais do que já havia feito, mas lá estava eu novamente colocando-a para baixo com o afastamento. Eu tornava a me aproximar, uma dúzia de sorrisos e uma noite compartilhando a mesma cama, como nos velhos tempos, mas na manhã seguinte... O mesmo sorriso cabisbaixo tomando conta de seu belo rosto. Aquilo me enlouquecia, a sensação de não ser boa o bastante para ela me matava tanto que eu perdi as contas de quantas madrugadas virei chorando. Ver Dinah preenchendo o lugar que era meu congelava o meu corpo, por mais que eu soubesse que a culpa de tudo era minha, eu não conseguia aceitar que não era mais para os meus braços que Camila corria quando algo de errado acontecia. E sabe por quê? Porque nos últimos tempos eu era a causadora de todos os nossos erros. Medo, você já sentiu alguma vez na vida?
Eu senti vontade de correr para a cama dela, deitar-me embaixo de suas cobertas e me aconchegar em seu corpo um pouco mais magro, sentir-me protegida como nas noites de um passado não muito distante.

O momento que estávamos vivendo se resumia na minha reaproximação, depois de intercalar o mês inteiro em magoá-la estando perto e magoá-la estando longe.
Mesmo sem conseguir decidir como eu lidaria com tudo aquilo pelos próximos dias, peguei meu celular e abri o aplicativo do wpp. Sabia que Camila nunca dormia cedo, passava a maior parte da madrugada lendo, seria uma chance de tê-la um pouco mais perto caso estivesse acordada. Se eu sentia medo de mantê-la tão perto? Sentia, mas o medo de deixá-la livre falava mais alto, por isso a minha possessividade estava sempre presente, independente da situação. Eu mantinha o meu ciúme sem controle quando o lema do dia era: Wednesday, the world was ours. E ele seguia firme quando o lema era: Saturday, we didn't talk. Para mim não havia diferença se em um dia o mundo era nosso e no outro nós não nos falávamos, eu sentiria ciúmes e fecharia a cara de qualquer jeito, na minha cabeça ela era minha e aquilo não mudaria, mesmo que eu estivesse alucinando. Egoísta? Talvez fosse, mas como eu disse, tudo na minha vida era na base do “talvez”.

I can't decideOnde histórias criam vida. Descubra agora