A Belga

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“Ungida seja de acordo com a Pedra da Redenção de Diana, Elizabeth, Lady-Tigreria da Gran-Ordem. Pertencente à nobre Casa de Becker.”

 Os olhos atentos de Elizabeth correram por aquelas palavras como dois tigres correm nos vastos campos de sua Ordem. Aquela havia sido a proclamação que mudara sua vida por completo.

 Em toda a Gran-Ordem esperava-se que seu pai e sua mãe, Henry e Ravenna, concebessem um herdeiro digno, ou seja, um varão. Mas desde que a Secundus Magnum sofreu um acidente, era impossível para ela conceber. A situação toda se tornava uma catástrofe.

 E uma catástrofe sobre as costas de Elizabeth.

 Era o 1º inverno de 21.880 estações, passadas 10 brisas. Isso mesmo, fazia cerca de oito estações desde a unção de Elizabeth e nada melhor que uma fuga para festejar tal data. Pelo menos era isso que ela pensava.

- Stephen!

- Sim, Sua Magnitude – Curvou a cabeça enquanto tentava observar a moça levantar, os longos cabelos ruivos movimentavam-se com o vento frio que vinha da estreita fresta da janela de seu quarto.

- Está tudo pronto para hoje?

- Creio que sim, já arrumamos tudo para a sua escapada, mas creio que Sua Gran-Magnitude não ficará nem um pouco satisfeita.

- E achas que faço isso por quê? – Ela riu maliciosamente, chegando mais perto de Stephen – Existem apenas duas coisas imperativas no meu ser – Disse tocando o casaco de pele azul-escuro de seu secretário – Meu ódio por esse que devo chamar de pai – Os olhos azuis olharam dentro dos de Stephen de forma penetrante – E meu amor pela tua pessoa.

- Sua Magnitude – Sussurrou Stephen – Temo que isto seja inapropriado.

 Dotada de uma leveza única, Elizabeth repousou seu dedo indicador nos lábios trêmulos de seu amado, deixando que o momento os guiasse para o desejo escuso em suas almas.

- Deste momento em diante – Suas bochechas enrubesceram ao aproximarem os lábios – Me chame de Elizabeth.

 A mão da moça deslizou pelo casaco, retirando-o. Enquanto Stephen mantinha o contato visual, tentando segurar o desejo de beija-la profundamente.

- Eu não acho isso cer...

- Eu não perguntei a sua opinião.

Elizabeth puxou o secretário para perto, juntando seus lábios, ao mesmo tempo em que ele deslizava suas mãos por seu quadril. Stephen sonhava com aquele momento. O que sentia por sua senhora não era nada senão amor. Seus lábios vermelhos e olhos profundamente azuis, tiravam o fôlego daquele que a servira desde criança.

Ela o empurrou, fazendo-o cair em sua cama e subindo em cima dele que rapidamente a botou embaixo de si. Com certa agressividade até. Stephen pensou em pedir desculpas mas sabia que não deveria.

Não dessa vez.

 Em um único impulso lançou seus lábios na pele jovem de sua soberana, deferindo ósculos cada vez mais quentes à medida que descia o seu pescoço. Sua mão deslizou dos quadris para a porção superior de suas pernas, levantando-a com uma firmeza que a fazia liberar suspiros com prelúdios de sonoridade.

 Ao levantar sua face avermelhada, observou-a com os olhos fechados. Será lá a moradia de toda a sua magnitude? O que seria daquela mulher sem seus hipnóticos olhos azuis para intimidar cada um a sua volta? Elizabeth, então, sentiu-se observada e deixou seu amante inundar-se no seu olhar sério.

- Fiz algo de errado, Elizabeth? – Perguntou assustado.

- Não. Só quero que entendas uma única coisa – Deixou suas garras saírem ao apertar seu pescoço – Eu nunca fico abaixo de ninguém.

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