Capítulo 1 - bem vindo!

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Eduardo... mais conhecido no morro como Dudu do pó, já dá para imaginar com o que o rapaz se envolvia né?

Aos 14 anos largou o ensino fundamental para ajudar seu irmão mais velho nas "mercadorias", e também para o desespero dos seus pais, foi morar com o irmão nas ruas acima da comunidade, Comunidade da esperança, era o nome que definia exatamente a esperança que o povo que morava lá implorava por paz.

O comércio dos dois irmão nunca teve rinha ou discussão com ninguém, sempre foi no silencioso e calmo. O objetivo dos dois eram simples: jamais serem pegos. Poucos conheciam a vasta mercadoria que chegava e somente os dois obtinham o nome, endereço e a garantia do mercador.
Tudo milimetricamente perfeito para que não houvesse complicações.

Aí vem a pergunta, porquê não usaram essa inteligência toda para estudar não?

Mas voltando o assunto, Dudu neste ano iria completar 18 anos. A idade de ser preso já batia na porta para o seu susto.
Seu sorriso marcante e jeito de maroto fazia parte do seu charme por ali, e as garotas não poderiam negar que ele era um rapaz muito bonito. Mas como sempre a frase vinha acompanhada de um adjetivo bem plausível: "Muito gato, mas é mau elemento."

Ele estaria milionário se ganhasse dinheiro pela quantidade de vezes que as pessoas descrevessem isso dele. Porém não ganhava e estava passando um aperto.

Não que os negócios iam mal, mas com a concentração da polícia frequentemente na comunidade, o aperto era evidente. Muita gente pensa que traficante é alguém poderoso, com muita grana para esbanjar e arrogante sem coração que maltrata qualquer um. Tá... podem existir gente assim? Óbvio. Mas não significa que todos são uns imbecis que matariam gente para "provar" seu poder.

- Já disse que não vou fazer isso. - Dudu joga a arma novamente na mesa estressado.

- Não seja idiota Eduardo! - diz Leo batendo na mesa e o encarando. - Sua maioridade tá chegando, você não é mais di menor. Agora tem que ficar atento irmão.

- Eu já disse que não vou fazer isso! - repete ele apontando o dedo para o 38 que se encontrava ali. - Foi você que me ensinou a não se envolver com esse nível de crime.

- Eduardo a gente trafica, quer mais mancada que isso? -

- Não! Por isso que não aceito matar ninguém Leonardo. - ele respondeu colocando as mãos na tempora, tentando analisar o porquê daquilo estar acontecendo tão aleatoriamente.

- Eu só não quero que você idiota fique desprotegido. - desabafou desabando em uma cadeira próxima.

- Leo, seja sincero comigo. - ele pegou uma cadeira e colocou de frente para o irmão se sentando. - Por favor, não me diga que você fez merda.

E um silêncio pairou, Leo se relutava para dizer alguma coisa, o clima ficou tenso de repente e os dois se entreolhavam sem reação.

- A Lays tá grávida. - engoliu seco, suas palavras saíram da sua boca com mais preocupação do que com alegria.

- Isso é ótimo mano! Por quê essa cara?

- Eu e ela quer se mudar daqui pra dar uma chance desse bebê ter um futuro. - ele se levanta e caminha em direção a uma janela próxima. - Eu não me perdoaria se meu filho crescesse aprendendo que o tráfico é o nosso ganha-pão.

- E você vai me deixar no comando sozinho? - sua pergunta foi mais uma afirmação de desespero. Seu olhar se encontrou com o de Leo mais uma vez, ele compreendia que o irmão estava desesperado e queria seu apoio.

Mas aquilo ali era a única coisa que unia ele com o Léo.

- Estou tentando achar outra maneira Dudu, mas o nosso bebê chega daqui a alguns meses e isso tá me fazendo entrar em desespero.

A nerd e O chef do morro Onde histórias criam vida. Descubra agora