Capítulo 40 (Parte 2)

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Bella

Abri os olhos e incorporei-me de repente ao não sentir ninguém ao meu lado.

-Harry? - sussurrei eu inutilmente. Sem resposta. - Não está aqui. - sussurrei para mim mesma.

Levantei-me, sentindo-me mal. Não deveria estar assim, provavelmente estava na casa de banho ou na cozinha, quem sabe. Mas isto parecia tão familiar. Esta sensação de acordar sozinha quando menos queria era tão familiar que me doía. Enrolei o cobertor à minha volta para me tapar e fui até ao meu quarto. Vesti-me e baixei até à cozinha à espera de que o Harry estivesse lá. Não estava. Na casa de banho também não. Na sala de jantar também não. Nem sequer estava em nenhum dos quartos dos seus irmãos, já que estes ainda estavam a dormir.

Fui até à sala de jantar e vi que as chaves do Harry não estavam na mesa. Tinha ido embora. Onde? Porquê?

Sentei-me no sofá subindo as pernas, de maneira a apoiar a minha cabeça nos meus joelhos.

Não.

Não pode ser.

De certeza que estava arrependido de ter ido para a cama comigo. Só podia ser... Não conseguia afastar esses pensamentos da minha cabeça por mais que quisesse, enquanto sentia algo parecido a uma estaca no meu coração.

"Espero por ti na minha cama"

"Cairás, como todas o fazem."

Todas as palavras, todos os gestos se reproduziram na minha mente como um pesadelo. Ele só me queria foder, desde o primeiro momento. E agora que o tinha feito, já tinha cumprido o seu objetivo e eu ficaria na merda. Era repugnante, eu contei-lhe a minha história, tinha-me aberto com ele. Pensei que tinha mudado, mas não. Isto só veio a confirmar a minha teoria que as pessoas não mudam. Nunca.

Um sentimento de ódio invadiu-me por dentro e a única coisa que fui capaz de fazer foi chorar. As lágrimas salgadas foram caindo pela minha cara, pelos meus lábios, pela minha camisola, por tudo. E o pior é que tinha começado a gostar mesmo dele. Deixei-me levar mais uma vez, parece que nunca aprendo a lição.

Possivelmente estava a fazer um drama demasiado grande e exagerado, mas não conseguia evitar. A minha bagagem não me permitia reagir de outra maneira.

Ouvi a porta a abrir-se e aguentei o choro. Segundos mais tarde, vi o Harry de pé na entrada da sala.

-Bella... - disse ele aí parado. - Não chores.

Não lhe obedeci, afastei o olhar e enterrei a minha cabeça nos meus joelhos. Odeio-o. Ele deixou um saco no chão e aproximou-se de mim. Não olhei para ele.

-Lamento muito. - disse ele, mas eu não conseguia acreditar.

-Odeio-te. - as palavras escaparam dos meus lábios, mas não me arrependia de o ter dito porque era exatamente o que estava a pensar neste momento.

Harry suspirou e ficou calado durante uns minutos.

-O que é que eu fiz? - perguntou duma maneira que parecia que estava a falar consigo próprio.

-Sabes perfeitamente o que fizeste. - disse eu sem olhar para ele, ao que ele não respondeu. - Não acredito que ainda tens a lata de não o aceitar. 

-Mas...

-Sempre soube que só me querias ter na palma da mão. Não acredito que depois do que te contei foste capaz de te ir embora.

-Isso não é verdade. - respondeu ele.

-É sim. - disse eu soluçando. - Não consigo olhar para ti neste momento. Desaparece, por favor.

-Não vou fazer isso.

Se não ia ele, ia eu. Levantei-me para ir embora, mas ele agarrou-me pelo braço e aproximou-me dele.

-Eu... ahm... -pegou no saco que estava no chão. - Trouxe-te um frapuccino. - disse ele estendendo-me o copo do Starbucks. Ele só pode estar a gozar com a minha cara. Franzi a testa, peguei no frapuccino e tirei-lhe a tampa.

-Toma o teu frapuccino. - disse virando-lhe o frapuccino na cabeça. Ele arregalou os olhos e depois apertou os lábios.

-O que é que se passa contigo? - disse ele, surpreendido.

-Tu! Nunca deveria ter ido para a cama contigo. Nunca devia ter confiado em ti. Não sei porque é que volto sempre a cair no mesmo. Nem em mim mesma posso confiar, continuo a mesma ingénua de sempre. Vamos esquecer que a noite de ontem aconteceu, por favor. A partir de agora não me olhes nem me fales, que eu também não o farei. Talvez assim seja mais fácil esquecermo-nos a existência um do outro.- disse eu. Harry parou tenso e soltou-me o braço.

-Isso é a sério? - disse ele olhando para mim magoado. - Disseste que me adoravas ainda há menos de 24 horas.

-E foi um grande erro. - disse eu.

-Estás a mentir. - disse ele.

-Não estou a mentir. É a sério Harry, quero que finjas que eu não existo. - disse eu e dei meia volta subindo as escadas enquanto ele olhava para mim.

-Mas eu adoro-te. - disse ele. 

-Se me adoras deixa-me em paz.

Harry não disse nada e eu também não. Ouvi como batia na mesa e depois se atirava para o sofá, frustrado. Subi até ao meu quarto e entrei fechando a porta. Deslizei por ela até ficar sentada. Isto era algo que me ultrapassava. Uma vez tinha sido suficiente e da segunda vez que me abria com alguém voltava a acontecer o mesmo, não conseguia acreditar. Neste momento só conseguia sentir um ódio descontrolado dentro de mim, que só me fazia pensar em vingança.

-Eu sabia que isto não ia acabar bem. - disse para mim mesma antes de que o choro me voltasse a dominar e sentisse um enorme vazio de raiva e impotência no meu interior.

Os Trigémeos Styles (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora